segunda-feira, 24 de setembro de 2012


“De Pés E Alma Atados Às Paredes Da Realidade”

Os pés e as mãos de meu coração estão atados
Desejo liberdade de emoção para minha imaginação
Deixem-me fugir daqui do presente para depois
Levem-me a sério mesmo que me vejam a rir

Abro o peito ao mau tempo e à bonança porvir
Permito que me entrem nos ouvidos estranhos zumbidos
Lambo dôces memórias que não me saem fácil da cabeça
Ando à roda de um relógio cuco que toca só à meia-noite

Penso não estar tão varrido de doido como sentiria estar
Vou bem de saúde mental e com esperanças renovadas
Tenho a fé mesmo a ferver à flôr da pele aquecida ao Sol
Enterro a calma num buraco de fechadura sem chave

Amarro a consciência ao lado mais obscuro da Lua nova
Vejo que estou sozinho no meio de tanta gente solitária
Procuro sombra no seio de algumas sombras perdidas
Olho sem crença para a floresta de olhares cegos

Persigo um ponto de vista apagado pela ambição
Choro de encontro a uma parede que vibra insegura
Lavo com as lágrimas o corpo vestido às pressas
Molho de remorso a parte virada para o interior

...E assim fico à espera que me salvem do juízo final!...

Escrito em Luanda, Angola, por manuel de sousa, a 22 de Setembro de 2012, em Memória às Vítimas do 11 de Setembro, em Nova Iorque...e pela Liberdade de Expressão e Pensamento no seio da Humanidade Consciente...

1 comentário:

MJC disse...

Caro Manuel de Sousa,

faz já tempo que me é dado o privilégio de o poder ler, facto que realizo sempre com prazer.
Antes de qualquer apreciação de caracter literário - para o qual não é líquido que esteja ou me sinta habilitado - devo dizer-lhe que é sempre uma revelação e um enorme prazer.
Invariavelmente sinto - para quê omitir? - estar na presença de uma alma grande que, mesmo quando desiludida, ferida? ressoma tranquilidade e um optimismo que deriva da vontade de prosseguir o seu caminho do bem.
São-nos necessárias almas como a sua.
Obrigado por isso e pelo privilégio que me é concedido de o poder ler.
Bem haja.

Um abraço.

Manuel João Croca