quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ideias Políticas


Foto de Lucas Rosa


O Tempo Livre


Empreguemos toda a nossa energia em estabelecer um mútuo entendimento; ponhamos de lado todo o instinto de particularismo e de luta, alarguemos a todos a nossa simpatia. 
(Agostinho da Silva, Considerações,"Por um fim de batalha", Textos e Ensaios Filosóficos I, Âncora Editores, p.117)

A propósito das propostas de regulamentação do serviço profissional que têm vindo a ser implementadas nos últimos tempos por novas tendências políticas, tem-se vindo a propor generalizadamente que o número semanal de horas de trabalho deva ser, pelo menos, de 40 horas. Alguns setores profissionais, sobretudo entre o funcionalismo público, vêm-se batendo pela preservação das 35 horas, como uma conquista libertária a que se chegou, antes da pressuposta crise económica que atravessamos.

Ao que parece, a par das políticas de austeridade que se instalaram no nosso país, tornou-se moda de mau gosto, grosso modo, o aumento do número de horas de trabalho e a diminuição dos salários, o corte de alguns feriados e a redução do número de dias de férias, entre outras medidas económicas igualmente neo-depressivas. É que nem ao Carnaval nos queriam deixar brincar.

Considerando nós que mais tempo de trabalho constitui uma medida repressiva que corresponde a uma perca de liberdade, já que menos tempo passamos a ter disponível para livre usofruto da Vida, não podemos deixar de achar que esta "modinha" liberal nos está a pôr a pata em cima e a carregar com força.

Ora, pelo contrário, num país em que o desemprego muito aumentou devido a estas novas políticas, em vez de carregar alguns com mais horas de trabalho, antes se devia de o reduzir e distribuir o excedente do serviço por quem não o tem. Como há muita gente que precisa de trabalhar, assim se "matavam dois coelhos com uma só cajadada", quer dizer, ocupavam-se os mais necessitados e libertavam-se os mais sobrecarregados. Pois não é a liberdade o grande chavão da democracia?

É a partir deste tipo de leveza, apostando numa melhor organização política da Vida, que acabará por se trocar depressões coletivas pelo beneficio de todos. Palavra de ordem interessante aquela dos tais mosqueteiros em que eram pela capicua literária de "Um por todos e todos por Um", em vez da voragem insaciável da indústria dos números.


Luís Santos

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