sexta-feira, 15 de maio de 2015




Maria Madalena

De espírito leve, puro,
em nada parecia diferente,
das que como ela aceitavam
uma condição feminina,
à época dura, laboriosa
em seus afazeres

Seus pais humildes,
de mãos rugosas, calejadas,
por um labor diário,
sorriam quando a viam
já desperta para um vida
que anteviam
semelhante às suas
Um Mestre que passava
parou, olhou e viu o interior
daquela jovem
que respondeu com um sorriso,
era o prenuncio
duma amizade que se tornaria
ao mesmo tempo bela e inquietante,
díspar em contos futuros
Caminharam juntos,
juntos viviam,
já não eram duas vontades,
apenas uma, na procura
não só de uma união corpórea,
mas principalmente espiritual
Posteriormente os homens
de pena na mão
tudo mudaram
A eleita, passou
a não o ser
O seu amor,
a ser negado
Os seus passos
em união,
separados
Hoje, tão perto
e tão longe
surge uma compaixão,
uma compreensão,
da intolerância,
do medo
duma União
que aguarda serenamente
o surgir do Novo Homem

antónio alfacinha


Sem comentários: