O
DIÁRIO DA MATILDE – O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA
1º.
VOLUME
O
PRIMEIRO PERÍODO
Luís F. de A. Gomes
Luís F. de A. Gomes
Para a
Matilde e a Margarida,
as minhas filhas adoradas.
BOM DIA SRª. PROFESSORA!
Aleluia! Aleluia!
A Matilde entrou para a escola.
Esta manhã, pelas onze horas, lá foi a família rumo à chamada para o dia de apresentação.
Dia especial, é claro, até a irmã mais velha que, por sua vez, começará depois de amanhã, qual veterana, lá acompanhou a Matoldas à sessão inaugural, na qual ficamos a conhecer a Mestra e as normas do estabelecimento cujo edifício, afinal, a mais novinha já conhecia, quer por via das bisbilhotices da Margarida, quer no domínio das actividades do jardim-escola que frequentou até ao início deste Verão.
Como é bom de ver, houve as fotografias da praxe quando o pai retornou a casa para o almoço.
O evento é que esteve um tanto ou quanto desorganizado pelo que não deu para recolher grandes impressões, tanto pela parte da novel aluna, como do ponto de vista dos progenitores.
A recepção conjunta a três turmas do primeiro ano não me pareceu a melhor forma para explicar o que quer que fosse. Demasiada densidade de população é o que dá: barulho que se sobrepõe às mensagens.
E que impressão me causam os pais indisciplinados dando tão negativos exemplos aos filhos.
Mas como se não fosse isso suficiente, a Professora que fez as honras do convento, não só não soube conduzir os acontecimentos, atrapalhando-se e baralhando-se em algumas situações, chegando mesmo a mostrar não saber o que dizer ou fazer, como ainda se revelou incapaz de calar as inconveniências, com isso permitindo uma espécie de caos que, pela predominância, pode muito bem dizer-se que teve fóruns de cidade.
Foi ao ponto de interromper a Professora da Matilde quando esta fazia as suas recomendações quanto ao comportamento.
Talvez por isso o meu pardalito nada tenha adiantado sobre o sucedido e a pessoa que lhe irá ensinar as primeiras letras e a acompanhará neste primeiro ciclo do ensino básico.
Deus acompanhe este meu anjo para que tudo corra bem e ela venha a desempenhar a contento tudo aquilo que lhe seja confiado.
Seja como for, parece que estamos em boas mãos.
Trata-se de uma Professora efectiva nesta escola há vinte e três anos e de acordo com o testemunho de ex-alunos que passaram, no passado Junho, para o ciclo preparatório, é uma docente cumpridora e disciplinada, capaz de transmitir os conhecimentos de modo a que as crianças aprendam.
Com o tempo, tiraremos as conclusões.
Por ora sabemos ainda que se chama Manuela Palma.
E assim cá estou eu, novamente, para mais um diário que tinha data marcada e que será o último deste ciclo de volumes centrados nas vidas das minhas queridas filhas.
Que, diga-se para primeiro dia, toda a família vai bem, com a graça de Deus. Saúde e harmonia quanto baste que o resto é o dia a dia de um lar tranquilo e acolhedor.
São tão doces, os fins das jornadas.
E porque o calor permanece, ainda este último Sábado estivemos a banhos, em Sesimbra que, para o pai, foi dos momentos de descontracção de um fim-de-semana repousante que bem veio a calhar depois de algumas semanas de trabalho intenso.
Pela primeira vez li uma obra de Agostinho da Silva.
“Reflexão”, um ensaio que, a propósito da literatura portuguesa, acaba por ser uma divagação a respeito da nossa cultura e a respectiva singularidade original, a partir da qual, sempre segundo o Autor, podem muito bem encontrar-se os parâmetros de uma filosofia de vida, tendo por base o humanismo cristão, com as consequentes implicações na organização social a partir do comunitarismo rural. (1)
Quanto a isto direi que é uma proposta, como tantas outras. Ao nível filosófico nada tem de novo e no que à prática do quotidiano respeito diz, estamos perante um idealismo que facilmente se aceita e em que se podem encontrar pistas interessantes para um futuro que se pretenda ordenar. Ainda assim não andaremos longe daquilo que podemos apreender em certas perspectivas ecologistas, se bem que muito antes destas, justiça seja feita ao nosso compatriota. (2)
Já sobre a vertente que destaca a natureza missionária da cultura lusíada, aí coloco as minhas mais sérias reservas. Esse é um caminho que facilmente resvala para discursos e visões xenófobas e racistas da História; tirando todas as consequências daquela ideia, chegaremos sempre a patamares em que nos vemos forçados a sustentar o determinismo biológico de que há povos naturalmente melhores que outros.
Do pensador, chamemos-lhe assim, talvez fosse melhor seguir o exemplo prático e debruçarmo-nos sobre aquilo que ele fez ou propôs que se fizesse. Creio que das ideias de Universidades Populares, à confiança nas expressões civilistas, há bons exemplos em que poderemos beber ensinamentos para o presente.
Teoricamente, é provável que, no século vinte, tenha sido o melhor expoente da defesa dos ideais do Quinto Império que o Padre António Vieira anunciara trezentos anos antes, em muitas das suas prédicas. (3) Não me parece é que isto reflicta muito mais do que a pobreza do pensamento filosófico feito por portugueses na modernidade.
Razão tive eu quando grafei uma palestra do Professor, “(…) fazendo-o de forma que as ideias surgissem coerentes e claras, preferencialmente, em concomitância, respeitando o estilo oratório.” (4)
É que o estilo do homem tem um ritmo vincadamente deste último nível, provavelmente, direi eu agora, por influência e em homenagem ao Mestre Vieira.
Avaliando por esta obra que acabei de ler, mais me convenço que, para realizar a grafação da palestra que a CACAV publicou em noventa e seis (5), tomei então a decisão certa.
Portugal é que vai mal
coitado
de tanta operação venal,
amordaçado.
Tenho visto confirmados os meus maiores receios.
O país está dominado por teias de interesses a que nada nem quem quer que seja consegue fazer frente.
Infelizmente, vivemos numa partidocracia oligárquica que é a forma em que se consubstancia o mosaico socio-cultural subjugado por tiranias larvares e sociologicamente dispersas, em que aos mais poderosos assistem as possibilidades de imporem os seus interesses e vontades e aos mais fracos o direito de servirem de base a uma pirâmide de onde excepcionalmente se conseguem erguer, afastados entre si por uma massa disforme dos que pululam para se aguentarem à tona de água e daqueles que, por diversas razões, acabam estatelados no fundo.
Mas estas são lamúrias de que acabarei por falar adiante.
Do abuso sexual de crianças às manigâncias no mundo da bola e das autarquias locais, passando, naturalmente, pelas nebulentas inter-secções entre o poder político e universos suspeitos, muitas são as meadas desta tragédia portuguesa.
No mundo vivemos sob os efeitos da guerra que se iniciou com o massacre da população norte-americana e o bombardeamento do Pentágono, em onze de Setembro de dois mil e um.
Os aliados que se empenharam na resposta ao terrorismo da Al-Qaeda e afins, depois de derrubarem os talibãs no Afeganistão e o regime de Saddam Hussein, no Iraque, agora estão a braços com a necessidade imperiosa de pacificação do Médio Oriente, ao mesmo tempo que terão que cooperar para a reconstrução das terras da antiga Babilónia.
Trabalhos de Hércules que por inimigos têm todos aqueles para quem o mundo livre não passa de um emaranhado de injustiças.
E eu que me senti tão satisfeito com a atitude que a Matilde revelou enquanto decorria a algazarra da apresentação.
Sossegada, atenta e compenetrada, deu-me tanta vontade de abraçar a pardaloca com os bracinhos cruzados sobre a mesa.
Mas eis que os dias vindouros precisam de motes pelo que hoje me despeço.
Até amanhã!
Alhos Vedros
15/09/2003
NOTAS
(1) Silva, Agostinho da, REFLEXÃO, pp 105 e ss
(2) Schumacher, E. F., SMALL IS BEAUTIFULL
(3) Vieira, Padre António, SERMÕES ESCOLHIDOS
(4) Gomes, Luís F. de A., NOTA DE ABERTURA, p. 11
(5) Silva, Agostinho da, NAMORANDO O AMANHÃ
CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Gomes, Luís F. de A., NOTA DE ABERTURA, in “Namorando O Amanhã, de Agostinho da Silva, CACAV (1ª. Edição), Alhos Vedros, 1996
Schumacher, E. F., SMALL IS BEAUTIFULL, Advertência do Editor, Tradução de Cardigos dos Reis, Publicações Dom Quixote, 1980
Silva, Agostinho da, REFLEXÃO, Prefácio de F. da Cunha Leão, Guimarães Editores (3ª. Edição), Lisboa, 1996; NAMORANDO O AMANHÃ, Nota de Abertura de Luís F. de A. Gomes, CACAV (1ª. Edição), Alhos Vedros, 1996
Vieira, Padre António, SERMÕES ESCOLHIDOS, Selecção, Introdução e Notas de Maria da Graça Morais de Sá, Ulisseia (2ª. Edição), Lisboa, 1984
11 comentários:
Luís: Começou agora e já estou sem fôlego!
O Diário promete!
Abraço,
António
É de facto um lençol, Tó e dos grandes e muitos outros haverão, assim como desabafos mais curtos e outras coisas que a seu tempo verás.
Gostei muito de escrever este trabalho e só espero que o Leitor aí encontre tanto gozo na leitura quanto o que senti ao escrever. Será isso suficiente para que a publicação valha a pena. Se por ventura aí encontrar algo de substante e com interesse, será o pleno dos propósitos que ao escriba poderia ter assistido, isto obviamente, não contando com o valor afectivo que o documento possa ter em termos familiares que, aqui, não está em causa.
Espero então que a promessa seja cumprida, é o que me resta dizer, pelo menos no momento.
Aquele abraço, companheiro
Luís
Bom dia, Luís!
Hoje, a minha primeira leitura do dia foi este teu 'texto'. E que texto!
Não vou ter a veleidade de o "valorar", visto ELE VALER POR SI SÓ, como um valiosíssimo arquétipo de INTEMPORALIDADE.
Magistral a HARMONIA entre o 'acontecimento' pessoal/familiar e a 'realidade' colectiva!
Fico a aguardar mais "lençóis" como este.
Aquele abraço, bro.
Francisco José
Bom dia Luís F. de A. Gomes
Só agora dei uma olhadela pelo teu texto. A determinada dizes que, e cito:
"Pela primeira vez li uma obra de Agostinho da Silva. “Reflexão” (...)
Esse é um caminho que facilmente resvala para discursos e visões xenófobas e racistas da História; tirando todas as consequências daquela ideia, chegaremos sempre a patamares em que nos vemos forçados a sustentar o determinismo biológico de que há povos naturalmente melhores que outros."
Eu diria que só desconhecendo o pensamento de Agostinho da Silva e interpretando mal as suas ideias se pode chegar a uma afirmação destas.
Parece-me que é a tua interpretação e não as palavras de Agostinho que te fazem resvalar para uma classificação xenófoba e racista que é de todo injusta.
Da mesma forma a ideia de determinismo biológico não se lhe ajusta.
De facto, quando Agostinho desenvolve a ideia de Quinto Império de Vieira, tal como também fez em relação a Fernando Pessoa, chega, em síntese, a uma ideia de Amor e de Serviço (ao próximo)... quer dizer, uma sociedade organizada para o bem estar de todos e não para o desenrasca de só alguns.
Ora, como facilmente poderás constatar, nada mais longe da ideia de xenofobia, racismo ou determinismo biológico, a que chega a tua interpretação.
Atenção que Agostinho não considera os Portugueses como um "povo eleito", tal como se revela no etnocentrismo judaico.
Abraço.
Luís,
É justamente com base no etnocentrismo judaico que, pelo exemplo de movimentos como o partido Shas – curiosa, anacrónica e infelizmente, para mim, de herança sefardita – pode derivar em racismo puro e simples que eu costumo dizer que para essa do povo eleito o pessoal já deu. E isto sem deixar de ter em conta que fora de qualquer integrismo, há muito que, na literatura rabínica e talmúdica, a noção de povo eleito tem vindo a ser temperadamente reinterpretada como sendo o dever de exemplo de cada judeu, exemplo por dever de consciência de uma vida quotidiana dentro e de acordo com os princípios mosaicos, procurando a Fé a Graça nesta curta passagem pela superfície da Terra. É assim que fora das ortodoxias qualquer judeu expressa tal ideia e nem é preciso chegarmos às modernas expressões do judaísmo reformado em que as mulheres oram no mesmo plano dos homens.
Mas por isso falei em reservas, reservas em relação à ideia de qualquer singularidade missionária por parte de qualquer população, não tendo afirmado em qualquer momento ser essa, em última instância ou não, a interpretação de Agostinho, tendo até começado por dizer que apenas li um dos seus livros.
Não vou falar do que não domino e a esse respeito tomo por boas as tuas palavras e interpretação, mas a verdade é que não só não classifiquei o pensamento – não falamos do homem, falamos da sua obra – de Agostinho como xenófobo ou racista, como sequer afirmei a sua visão teria que obrigatoriamente derivar em tais atitudes preconceituosas. Apenas me limitei a ilustrar o que genericamente me levou a expressar as minhas reservas e por me referi ao desenvolvimento de todas as consequências daquela ideia – é diferente de afirmar que o Professor o tivesse feito, ou que forçosamente não poderia tirar outras, sem a estas chegar, coisa que, pelo que dizes, o fez – e desde logo a corroboração empírica que tive em mente, foi, precisamente, a ideia do povo eleito.
Pelos vistos, da mesma maneira que a interpretação judaica a esse respeito se transformou para a fórmula que aludi, também Agostinho terá limitado a sua visão da condição missionária no sentido que lhe apontas “(…) de uma ideia Amor e de Serviço (ao próximo)...”
Seja como for, não deixo de pensar que essa é a expressão de uma interpretação da condição portuguesa e que a mesma, seja como for, por um lado não deixa de ser uma entre várias, não tendo por isso de estar implícita em qualquer mecanismo natureza ou mecanismo da nossa cultura, quer dizer, é uma afirmação interpretativa, não a descrição de um facto propriamente dito e, por outro lado, não vejo como conseguiremos responder ao porquê, porque é que seria então assim, sem chegarmos a planos de pensamento em pouco mais nos restam que, em última instância, acabar por admitir que em tal situação teríamos que necessariamente ser melhor que os outros – se lhes vamos servir de exemplo… Vamos sempre bater a essa do povo eleito. Só por curiosidade, não deixo de encontrar até uma nota de graça – verdadeiramente no bom sentido até pela prova da possibilidade da coexistência da diversidade religiosa que não é de somenos nos tristes dias que correm – a admiração recíproca entre António Vieira e um dos vultos culturais da cultura sefardita que se refugiou na Holanda, depois do édito da expulsão, Menasseh ben Israel, de quem Rembrant fez um retrato Sabe-se que se encontraram e seguramente terão trocado ideias – seria um exercício literário de todo o interesse a imaginação de um desses encontros – nos meses que o primeiro passou na Holanda, onde o outro vivia desde que os seus pais abandonaram a Madeira para fugirem aos problemas com a Santa Inquisição.
Aquele abraço, companheiro
Francisco,
Só posso fazer votos para que as próximas páginas não venham a desiludir-te e a obrigar-te a rever as tão bonitas palavras que escreves a respeito deste que é o texto do primeiro dia do diário que agora começou a ser publicado.
Colocas a fasquia numa enorme responsabilidade para mim. Oxalá então possa eu estar à altura.
Aquele abraço, bro
Luís, estás outra vez a inferir de forma um pouco limitada, quando dizes,
"(...)teríamos que necessariamente ser melhor que os outros – se lhes vamos servir de exemplo…".
Não vejo nas palavras de Agostinho obrigatoriedade alguma de ser melhor, ou até servir de exemplo na forma como colocas a questão. A meu ver, há a ideia de um compromisso fraterno e "católico" (quer dizer, universal, de acordo com a etimologia do termo), onde cada um vê cada outro como se de si próprio se tratasse, e vice-versa.
A questão não é a de se ser melhor ou pior, é a de se ser, simultaneamente, igual e diferente, onde cada um só terá que chegar a ser o que é, o tal "conhece-te a ti mesmo", como dizia o filósofo... Ser melhor ou pior, isso já me parece outra conversa. Mas logo se verá.
Aquele Abraço, pois claro.
Sim, meu velho, tens razão, de facto não posso colocar questão da forma como o fiz - nem chega ao saudoso Filósofo - até porque em nada do que escreveste está implícita ou explícita essa ideia do servir de exemplo; erro meu, portanto.
Mas não vamos muito fora disso em termos de resultados finais se nos perguntarmos porque haveremos de querer servir os outros, já para nem nos perguntarmos se querem ser servidos por nós e lá vem o povo eleito - se os queremos servir, a menos que por isso procuremos a nossa própria Salvação, de outra forma estaremos sempre estará lá no fundo a atitude prosélita de termos algo para lhes acrescentar.
E temos sim, temos algo para acrescentar ao Mundo, isso já não me custará aceitar, até porque o temos feito ao longo da nossa longa História, da mesma forma que muitas outras populações o terão como já o tiveram.
Aquele abraço, companheiro
Luís
Parece-me boa esta nossa troca de ideias. Obrigado.
No programa "Conversas Vadias" da RTP que aconteceu lá para os idos finais dos 80, como te deves recordar, um dos entrevistadores perguntou justamente isso ao Agostinho:
"Então o Professor acha que os Portugueses são um povo eleito?"
"Bem, se não são eleitos que se elejam".
Aquele Abraço.
É sempre saudável a troca de ideias até porque é sempre boa a diversidade e se houver a capacidade para comunicar, há sempre algo que se acrescenta ao que já se sabe ou ao que muitas vezes se sabia, de maneira diferente. A haver, o agradecimento teria então de ser recíproco.
Tenho todas essas treze conversas no formado VHS, vídeo, embora algumas delas sejam encontráveis através do youtube, não sei se todas.
E se há algo que retenho do que aprendi através disso com o Filósofo, é justamente esse apego pela vivacidade da vida que é sempre plural e daí esse gosto pela liberdade de pensamento, pela liberdade da vida em geral, donde o gosto e o respeito pela pluralidade na coexistência da diferença. Quase seria capaz de afirmar que ele era o primeiro a ver as suas próprias leituras como uma entre outras e não me parece que tivesse reclamado para elas a primazia em relação a outras possíveis.
Revejo-me nesse gosto e nesse plano que é o da atitude sinto-me seu discípulo e com ele aprendi que nessa coexistência, na convivência dessa pluralidade, é sempre possível de encontrar os tais acréscimos que falei de início.
Apesar de remetido para a insonância das caixinhas de comentários, eis pois um bom momento que, visto a fundo, até tem muita matéria para ser pensada e dita. Goste-se ou não, pense-se o que se pensar a esse respeito, não corro o risco de errar se considerar o legado literário, de pensamento e sobretudo de obra realizada de Agostinho da Silva como um monumento no pensamento filosófico português no século vinte. A bem da verdade, ele não só formulou uma visão da mundo, como a partir da qual fez uma leitura da História de Portugal e apresentou uma proposta de caminho para a sociedade portuguesa. Agindo em coerência com tal contexto de pensamento, acrescentou muitas coisas importantes ao mundo, particularmente no Brasil, onde viveu muitos anos e como se o que pensou fosse pouco, teve até a oportunidade de pôr em prático essa sua maneira de ver o mundo e parece-me que isso é coisa de que nem todos os Filósofos e pensadores se podem gabar.
É como disse, na minha modesta opinião, como é bom de ver, ele era um idealista, mas nesse idealismo há muita coisa plausível - ele fez isso em muitos casos - que poderemos extrair quer para o presente que vivemos, quer como uma das ferramentas para pensarmos esse mundo futuro a haver, a construir e isso é algo que seria uma tristeza desperdiçar.
Em suma, uma conversa que só aumenta a fasquia que o Francisco já me estabeleceu.
Aquele abraço, companheiro
Luís
OK.
Sem dúvida.
Tudo.
E siga a dança.
Sim, e mais abraços.
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