sexta-feira, 10 de junho de 2016

Estudos Orientais


Do Budismo: As Três Jóias, Três Corpos e Seis Mundos

            Toda a organização da estrutura budista assenta, por assim dizer, em três grandes corpos que se designam pelas três jóias. Primeira, a existência de um ser, de um estado de consciência de subtil caracterizado pelo despertar, anunciado pelo Buda. Segunda, o “dharma”, ou seja, o ensinamento dado pelo Buda que permite a realização própria de uma experiência espiritual que visa chegar à verdade. Terceira, a “shanga”, constituída pelos que seguem o Buda.

Os Budistas sustentam que o ciclo de renascimentos ("samsara") é uma realidade. Nenhuma existência escapa ao samsara  a menos que atinja a libertação. Diz o Dalai Lama que, “Esta condição é dolorosa, pois obriga-nos a reviver sem cessar, em níveis que podem ser piores que os que já conhecemos. Mas se o renascimento é uma obrigação, a reencarnação é uma escolha. Ela é o poder, dado a certos indivíduos merecedores, de controlar o futuro nascimento. Assim que atinge um certo grau de qualidade, que designamos consciência subtil, o nosso espírito não pode morrer, no sentido vulgar do termo. É-lhe dado o poder de reencarnar noutro corpo.” (LAMA, Dalai e CARRIÉRE, Jean-Claude, A Força do Budismo. Lisboa: Difusão Cultural, 1995: 158)

No Budismo para além do corpo físico faz-se referência a dois outros corpos, todos interdependentes entre si: “dharmakaya”, um corpo absoluto, estado subtil do espírito, que está rodeado por um corpo subtil, “sambhogakaya”, corpo de alegria ou de beatitude, sendo que é deste que provém o corpo de manifestação ou corpo físico, “nirmanakaya”.

Existem seis possibilidades de condições a que o homem pode chegar após a sua morte, chamados os caminhos da transmigração, ou os seis mundos, que se podem dividir em duas partes, um mundo relativamente inferior, habitado por seres infernais, espíritos ávidos e animais, e um mundo relativamente superior, lugar de deuses, semi-deuses e homens.

O espírito humano pode elevar-se até a um “espírito subtil” ou “consciência subtil”. Esta consciência existe independente do corpo e do cérebro. É o espírito subtil que reencarna. Seguindo o Dalai Lama, a reencarnação (que é uma escolha) está ligada a um certo nível da vida do espírito. Se este espírito for desenvolvido pode escolher o seu próprio destino. A reencarnação é, assim, um passo para a libertação, para uma ampla consciência. Sem esta possibilidade de escolha o renascimento é, inevitavelmente, uma queda no "samsara". Por outro lado, a reencarnação pode ocorrer num outro planeta, numa outra galáxia. Os estados nobres do espírito podem estender-se até ao infinito. É um dos nossos ensinamentos fundamentais. (cf., idem:170)

“Acreditamos na existência de uma consciência subtil e que ela é fonte de tudo o que chamamos criação. Em cada indivíduo, esta consciência subtil permanece desde o começo dos tempos até à ascensão à budeidade. É isso que chamamos ser (being). Este ser pode assumir diferentes formas, seres animais, seres humanos e eventualmente budas. Eis a base da teoria dos renascimentos. O espírito subtil, na longa sequência dos séculos, de forma em forma, procura obrigatoriamente a budidade. Quando num indivíduo ele atinge um alto grau de qualidade, escolhe a sua forma seguinte. É isso a rencarnação.”(idem:172)


Luís Santos


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