Toda
a organização da estrutura budista assenta, por assim dizer, em três grandes
corpos que se designam pelas três jóias. Primeira, a existência de um ser, de
um estado de consciência de subtil caracterizado pelo despertar, anunciado pelo
Buda. Segunda, o “dharma”, ou seja, o ensinamento dado pelo Buda que permite a
realização própria de uma experiência espiritual que visa chegar à verdade.
Terceira, a “shanga”, constituída pelos que seguem o Buda.
Os Budistas
sustentam que o ciclo de renascimentos ("samsara") é uma realidade. Nenhuma
existência escapa ao samsara a menos que atinja a libertação. Diz o Dalai
Lama que, “Esta condição é dolorosa, pois obriga-nos a reviver sem cessar, em
níveis que podem ser piores que os que já conhecemos. Mas se o renascimento é
uma obrigação, a reencarnação é uma escolha. Ela é o poder, dado a certos
indivíduos merecedores, de controlar o futuro nascimento. Assim que atinge um
certo grau de qualidade, que designamos consciência subtil, o nosso espírito
não pode morrer, no sentido vulgar do termo. É-lhe dado o poder de reencarnar
noutro corpo.” (LAMA, Dalai e CARRIÉRE, Jean-Claude, A Força do Budismo. Lisboa: Difusão Cultural, 1995: 158)
No Budismo
para além do corpo físico faz-se referência a dois outros corpos, todos
interdependentes entre si: “dharmakaya”, um corpo absoluto, estado subtil do
espírito, que está rodeado por um corpo subtil, “sambhogakaya”, corpo de
alegria ou de beatitude, sendo que é deste que provém o corpo de manifestação
ou corpo físico, “nirmanakaya”.
Existem seis
possibilidades de condições a que o homem pode chegar após a sua morte,
chamados os caminhos da transmigração, ou os seis mundos, que se podem dividir
em duas partes, um mundo relativamente inferior, habitado por seres infernais,
espíritos ávidos e animais, e um mundo relativamente superior, lugar de deuses,
semi-deuses e homens.
O espírito
humano pode elevar-se até a um “espírito subtil” ou “consciência subtil”. Esta
consciência existe independente do corpo e do cérebro. É o espírito subtil que
reencarna. Seguindo o Dalai Lama, a reencarnação (que é uma escolha) está
ligada a um certo nível da vida do espírito. Se este espírito for desenvolvido
pode escolher o seu próprio destino. A reencarnação é, assim, um passo para a
libertação, para uma ampla consciência. Sem esta possibilidade de escolha o
renascimento é, inevitavelmente, uma queda no "samsara". Por outro lado, a
reencarnação pode ocorrer num outro planeta, numa outra galáxia. Os estados
nobres do espírito podem estender-se até ao infinito. É um dos nossos
ensinamentos fundamentais. (cf., idem:170)
“Acreditamos
na existência de uma consciência subtil e que ela é fonte de tudo o que
chamamos criação. Em cada indivíduo, esta consciência subtil permanece desde o
começo dos tempos até à ascensão à budeidade. É isso que chamamos ser (being).
Este ser pode assumir diferentes formas, seres animais, seres humanos e
eventualmente budas. Eis a base da teoria dos renascimentos. O espírito subtil,
na longa sequência dos séculos, de forma em forma, procura obrigatoriamente a
budidade. Quando num indivíduo ele atinge um alto grau de qualidade, escolhe a
sua forma seguinte. É isso a rencarnação.”(idem:172)
Luís Santos
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