UM DIA PARDACENTO
O dia de hoje fica marcado pela partida das forças da GNR para o Iraque, em missão de manutenção da paz.
Contudo, esta manhã aconteceu mais um atentado brutal que ceifou a vida a mais de vinte pessoas, dezassete das quais soldados italianos de um dos destacamentos internacionais empenhados na segurança e defesa do território.
Nada de anormal num teatro de guerra. Acontece que o ataque se deu sobre o edifício em que os militares portugueses se aquartelariam em Nassiriya.
A despedida fez-se assim sob o manto das maiores preocupações.
É claro que a oposição se manifestou contrariamente à decisão governamental de enviar aquelas tropas.
Mas não tem razão e aqui nem considero uma certa hipocrisia que fala em conivências com aquilo que se apelida de forças de ocupação.
A vitória de uma sociedade aberta e pacífica no Iraque é fundamental para que se redesenhe a geo-política regional e, com isso, tentar isolar quer as forças do terrorismo, quer os estados que as suportam, condição sem a qual dificilmente será encarável o desiderato de pôr termo ao conflito entre os israelitas e os árabes em geral e os palestinianos em particular e com isso se conseguir a independência de um estado palestiniano viável.
A paz mundial depende do sucesso na resolução deste problema, pois é aí que os terroristas da Al-Qaeda encontram a justificação para a guerra que declararam a todo o Ocidente e de que o conflito em solo iraquiano mais não é que um dos episódios.
Neste sentido, é importante que as democracias façam bloco e se empenhem profundamente na construção de um Iraque capaz de alinhar pelo lado daqueles que querem um mundo mais seguro e apostado no desenvolvimento.
É o futuro da própria espécie humana que está em causa.
Por tudo isto, neste momento em que a noite mais escura se nos instala na alma, nós temos que desejar a melhor sorte para os nossos homens e tudo fazer para no que à frente interna diz respeito, eles possam regressar para junto dos seus entes queridos.
Neste particular, estamos assim com a opção governamental.
Adiar ou ainda suprimir esta missão de paz por causa do atentado desta manhã, seria um perfeito disparate.
Emitir-se-ia um sinal de medo e capitulação perante as forças do terrorismo e isso só lhes daria força para continuarem a sua saga assassina.
Mas eu tenho que fazer uma correcção que tem passado em claro.
No Sábado à noite assisti a uma sessão de bailado pela Companhia Portuguesa de Bailado e não pela Companhia Nacional, como tinha escrito.
E devo dizer que gostei do espectáculo, especialmente da terceira e última peça, cheia de cor e movimentos com desenhos tão bonitos quanto improváveis.
Já a primeira me pareceu um tanto pretensiosa e a segunda, se não a vi anteriormente, vira algo muito semelhante pelo Ballet Gulbenkian, um par bailando por entre uma solução cenográfica de cadeiras.
Belo serão que toda a família apreciou e no qual tivemos a companhia da vizinha do rés-do-chão, a Alexandra, muito amiga das minhas filhas e que há vinte e um anos atrás foi minha aluna.
A aula desta manhã foi inteiramente dedicada à Matemática, com relações e trabalhos com o número dois.
“-Olha mãe. Fizemos exercícios no caderno de actividades de Matemática.” –Disse a Matilde, ao jantar, com os seus olhinhos cheios de alegria.
Os inspectores da Agência Internacional de Energia Atómica não encontraram vestígios de um aproveitamento militar dos programas nucleares do Irão.
Naturalmente, o regime dos ayatollas assegura que os propósitos são estrictamente civis e pacíficos.
Será…
De qualquer forma, não tenho dúvida que a provar-se a existência de instalações potencialmente aproveitáveis para fins bélicos, o governo iraniano deve ser fortemente pressionado para as desmantelar.
E em caso de recusa e de ultrapassagem de um certo patamar em que os fins económicos e pacíficos deixem de ser os únicos possíveis, o assunto deverá ser resolvido de imediato, se a isso não houver alternativa, pelo uso da força militar. Custa muito dizer isto, mas é a prudência que o impõe.
Um Irão com capacidade de produzir armas atómicas e nucleares seria um desastre para o planeta.
Então e o líder do maior partido da oposição, em entrevista televisiva, não admite com a maior candura que avaliou mal as repercussões da forma como Paulo Pedroso e os socialistas se comportaram quando aquele saiu da cadeia, onde permanecia em prisão preventiva na qualidade de arguido no processo de abuso e exploração sexual de crianças, na Casa Pia?
Então e o líder do maior partido da oposição, em entrevista televisiva, não admite com a maior candura que avaliou mal as repercussões da forma como Paulo Pedroso e os socialistas se comportaram quando aquele saiu da cadeia, onde permanecia em prisão preventiva na qualidade de arguido no processo de abuso e exploração sexual de crianças, na Casa Pia?
Se o homem não é capaz de prever as consequências numa situação tão simples como aquela, o que diria a chefiar um governo em situações de crise profunda da sociedade.
A sorte dele é que o povo não repara e na hora do voto lá voltará a colocar o boletim na urna.
Estamos condenados ao infortúnio.
E o dia esteve hoje condizente com o estado do país, pardacento.
Por sua vez, a noite está amenizada por um tecto de nuvens.
Alhos Vedros
12/11/2003
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