sexta-feira, 21 de abril de 2017

Que Línguas na União Europeia?


"Com a saída do Reino Unido da União Europeia, porquê manter o inglês como língua de trabalho, língua franca?" (Diálogos Lusófonos, 2/4/2017), pergunta com pertinência João Simas.

A significativa representatividade de outras línguas faladas na União Europeia, e a nível mundial, exigirão certamente que se assumam alternativas face à hegemonia da língua inglesa na UE, até pela importância económica de que isso se reveste.

Entretanto, simultaneamente, talvez se possa ir avançando para uma aproximação linguística luso-castelhana mais fraterna, línguas irmãs, de raiz comum, entre as mais faladas no mundo. Afirmação que ganha maior legitimidade ao constatar-se que Portugal e o Brasil têm em comum esse facto, muito curioso, de estarem rodeados (quase) por todos os lados pela língua espanhola, ou por outras que lhes são muito próximas, como são o caso do galego, do catalão, do "portunhol" do norte do Uruguai, etc.. E sem que esqueçamos, igualmente, a importância das línguas nativas sul-americanas (tupi, guarani, quéchua), mas também as subsarianas dos PALOP, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (crioulos, Umbundo, Kimbumdu), enfim,  todas as Línguas.

A importância das cimeiras ibero-americanas que juntam grande parte destes países, ou a constituição há pouco mais de duas décadas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), aí estão para o atestar.

Não faltam grandes pensadores que nos inspirem, sejam filósofos, políticos, romancistas, poetas...
- Fernando Pessoa, na esteira de Luís de Camões e do Padre António Vieira, a dizer que a sua pátria é a Língua Portuguesa;
- Jaime Cortesão e Teixeira de Pascoaes mais o resto do Movimento da Renascença Portuguesa
- Gilberto Freyre, sociólogo brasileiro, e as suas ideias de lusotropicalismo
- O lusobrasileiro Agostinho da Silva que continua e acrescenta a todos os referidos; império de amor, império de serviço
- José Aparecido de Oliveira, ex-embaixador brasileiro, um dos percursores da CPLP
- Ariano Suassuna, romancista, poeta, dramaturgo brasileiro a falar sobre Cervantes
- Pepe Mujica, ex-Presidente do Uruguai, descendente de bascos
- Mia Couto romancista moçambicano
- Bispo Ximenes Belo e Ramos Horta, timorenses, nobel da paz
- José Saramago, nobel da literatura, jangada de pedra

e tantos outros.

Luís Santos
                                   

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