terça-feira, 10 de outubro de 2017

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

E do encontro entre jovens empresários e gestores, pretensamente a elite da nova economia e aquela de quem se esperaria ideias e propostas para que o tecido económico português possa estar entre os mais desenvolvidos, em vez de escutarmos as vias para que as empresas apostem na investigação científica e tecnológica ou, por exemplo, as melhores estratégias para que o país conquiste especialidades em nichos do mercado global, em vez disso ouvimos a velha ladainha da liberalização das relações laborais que na prática se traduz pela liberdade para despedir sem justa causa ou até sem causa alguma. 
Estamos pois conversados sobre a pertinência da reunião. 
Há, no entanto, uns tantos rostos que chegaram ao telejornal. 



Mas eu temo que um manto proto-fascista esteja a descer sobre Portugal. 
Afinal, como se vê pelo romance de Marinho Neves, o medo já foi instalado pela violência – mafiosa, é certo, mas as máfias não são incompatíveis com as ditaduras, muito pelo contrário, é até possível a formação de sinergias entre ambas – no jornalismo desportivo e em certas franjas do jornalismo, em geral. 
E o estado social que entre nós parece não ter passado de um sopro fugaz, está praticamente de pantanas. O fosso social entre pobres e ricos tende por isso a agravar-se e a insegurança a aumentar na devida proporção. 
Pois ao abrigo do combate ao crime tudo indica que vamos ter um reforço dos meios de controle dos cidadãos. É o que se pretende com a proposta de legislação para que as comunicações electrónicas possam ser violadas e os seus Autores identificados. 
E agora verificamos que os hospitais SA impõem condições aos médicos que são contraditórias com o seu código deontológico, ao mesmo tempo que a Ordem dos Advogados pugna para que a ela assista a prerrogativa para decidir – por meio de exames, como é óbvio – quem entra ou não na profissão. 

As minhas filhas percorrerão o caminho da emigração. 



E para tanto, os alunos aprenderam hoje uma nova palavra, casa. 

Pois não é que a Matilde já escreve palavras que nunca deu fazendo uso das sílabas que já conhece e domina? 
Eu amo tanto os pardalitos… 



A temperatura voltou a descer. Ainda que os dias estejam visivelmente mais longos, a noite de hoje está abaixo dos dez graus. 
Voltámos a ligar o aquecimento. 


 Alhos Vedros 
  16/02/2004

Sem comentários: