Duetos luso-brasileiros
Fotografia de Kity Amaral
Poema de Luís Santos
Lembro-me das bandeiras que marcavam as fronteiras
e sim, do mercado de escravos no Arraial do Tijuco
da água de coco, dos guaranás e do guarani
do santificado António Vieira
de uma inquisição que não era santa
do meu próprio irmão arrastado em leilão,
e da carta de alforria daquela dela pele baça, nua,
diamantina presença, nas suas doces linhas juvenis,
do seu colo na luz do luar;
e dos trabalhos na roça
dos quadris dobrados e dos trabalhos forçados
das poças de água suja em que se lavavam as loiças
dos tropicais suores que lhes escorriam pelo rosto
no coração de minas das pedras preciosas,
e daquela rocha dura, dura
de um brilho que cortava o vidrado solar do dia
em que seguiam os arrepios da febre e dos pés na barriga
a curar o reumático do seu senhor;
e eu, e tu, aqui outra vez, de vez e em português,
sem amos, sem fim!
24/10/2017
2 comentários:
❤️❤️❤️❤️������
...ou, a forma como, nas palavras da Natália Manley, pontos de interrogação têm como resposta, a forma do coração. E nós acreditamos que sim!!!
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