Cada vez mais me convenço que o Ocidente não soube ganhar o mundo que se seguiu à queda do comunismo.
Não é verdade que aqueles regimes tenham caído por efeito de uma acção directa e imediata dos países ocidentais justamente visando tais propósitos, se bem que a presidência de Ronald Reagan tenha colocado a então União Soviética perante desafios no plano militar e geo-estratégico que vieram pôr a nu as fragilidades tecno-económicas daquela super-potência.
Concretamente, o movimento que levou à queda do muro de Berlim e à substituição dos partidos comunistas no poder em todo o bloco leste, iniciou-se por obra das políticas de abertura do senhor Gorbatchov que, ao tomar consciência do atraso estrutural dos níveis de desenvolvimento dos soviéticos, identificou os vícios do sistema e pensou que as respostas para os mesmos seriam alcançadas por via da abertura que ficou conhecida pelos vocábulos de perestroika e glasnost. A realidade foi que aquele universo simplesmente implodiu, caiu por si pois, se por um lado a maior liberdade política serviu para a afirmação de reivindicações várias e de vária índole, quer a nível da união, quer das repúblicas, por outro lado, a liberalização económica rapidamente estiolou o anterior tecido produtivo que não tinha como se adaptar a dinâmicas internas e externas mais concorrenciais. E as populações dos países satélites aproveitaram para apearem os comunistas e se subtraírem à lógica de uma das polaridades da guerra fria.
Isto foi o que se passou e do lado ocidental estiveram bem aqueles que interpretaram as políticas de confronto, como o foram os casos do já referido Presidente dos Estados Unidos e da Primeira-Ministra britânica à época. Mas faltaram os democratas, isto é, faltaram os homens capazes de perceberem que tão importante como a derrota da tirania seria a vitória do estado de direito naqueles territórios e todo o apoio necessário à reconstituição daquelas economias e ao desenvolvimento entre aqueles povos, de modo a que a democracia aí pudesse ganhar sementes e florescer. Só que o drama da nossa contemporaneidade está no défice de democratas e, apesar da retórica que se ouviu, no contexto das democracias ocidentais, não surgiu uma única figura com estatura suficiente para encabeçar tais políticas.
E o resultado foi o que se viu.
Sucesso na transição para o capitalismo nos estados com maiores ligações históricas ao centro da Europa e vitórias mafiosas nos restantes, com um lastro de guerras e misérias que mais não serviram que de combustível para os fogos de todos os inimigos do mundo livre.
Este é um dos contextos em que devemos compreender a guerra mundial em que, actualmente, o terrorismo da Al-Qaeda procura prostrar as sociedades do nosso contentamento.
Bolas! Uma pessoa tem dois diazinhos de folga e fica logo atolada na volta.
Dickens, os contos e as parábolas, a contemplação da fé no ser humano.
Como é bom ler os “Contos de Natal” quando, do lá de lá das vidraças do conforto, o campo se deixa atapetar pela alvura que, tão serena, cai do céu.
Hoje os alunos reataram com exercícios sobre palavras e números que, em definitivo, entraram no domínio do início das contas de somar e diminuir.
Este problema dos barcos espanhóis com licenças para pescarem na ZEE dos Açores é o corolário de uma incapacidade dos nossos governos para defenderem os interesses portugueses no sector. Naturalmente, estou a falar em termos da nossa presença na União Europeia.
Agora nada há a fazer. Deixámos que se menorizasse a importância daquela actividade no contexto da economia nacional e aceitámos que nos reduzissem sucessivamente a frota e as quotas de pesca. Não espanta pois que os outros se apresentem capazes de explorarem os nossos recursos.
É claro que isto nunca incomoda a nossa classe política que lá vai vivendo de vacuidades.
Há frio na noite
é o que nos dizem as estrelas que brilham no céu.
é o que nos dizem as estrelas que brilham no céu.
Alhos Vedros
26/02/2004
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Dickens, Charles, CONTOS DE NATAL, Prefácio do Autor, Tradução de Lucília Fílipe, Público, Lisboa, 2002
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