terça-feira, 31 de julho de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Em Portugal, o regime democrático só não está preso por arames, por enquanto, dada a nossa qualidade de membros da União Europeia. 


Hoje rebentou mais uma bomba e ainda por cima num terreno minado, o futebol. 

Foram detidas para averiguação várias figuras ligadas à Câmara Municipal de Gondomar e ao Gondomarense, entre as quais o Major Valentim Loureiro, mas também vários árbitros e ex-árbitros e dirigentes da respectiva comissão da Federação Portuguesa de Futebol, entre os quais o seu Presidente, o senhor Pinto de Sousa. Fala-se de tráfico de influências, falsificação de documentos e resultados, corrupção e lavagem de dinheiros. Enfim, o costume, não é? 

O problema é que se este novelo da bola fosse puxado até ao fim veríamos que as mãos sujas apanhariam em cheio tanto o PSD como o PS e o CDS. 
E daríamos de caras com gente muito poderosa e, em alguns casos, perigosa, capaz de chegar ao ponto de pôr o país a ferro e fogo. 

Seja como for, por enquanto estamos a falar de peixe miúdo e é precisamente por isso que isto me cheira a esturro. 

Quando até já houve um árbitro condenado em tribunal num processo que roçou gente do Leça, à época, uma espécie de clube satélite do Futebol Clube do Porto, a corrupção mais grave é a que se verifica ao nível do futebol não profissional? 

E depois tudo parece girar em torno do Gondomarense que concorre, vejam só, com os “Dragões Sandinenses” de Gaia. 


Bem, esperemos pelos próximos capítulos mas que dá para desconfiar, dá. 
Vamos a ver se me engano. 



Hoje os alunos aprenderam os números onze e doze, em torno dos quais realizaram os exercícios e as fichas, tendo ainda executado contas de somar e subtrair. 



A Margarida colocou o aparelho para correcção dos dentes que terá de usar durante uns três a quatro anos. 
No regresso deixei-a na biblioteca onde decorreu a aula com a presença de uma escritora.



A noite está à espera da chuva. 


Alhos Vedros 
  20/04/2004

segunda-feira, 30 de julho de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (314)


Roupa estendida, Eliseu d'Angelo Visconti, 1940
Óleo sobre tela, 67 x 82 cm

Eliseo d'Angelo Visconti nasceu em Giffoni Valle Piana, Itália, a 30 de Julho de 1866 e morreu no Rio de Janeiro a 15 de Outubro de 1944.
Foi um pintor, desenhista e designer que, ainda hoje, é considerado um dos mais importantes artistas brasileiros do período e dos mais expressivos representantes da pintura impressionista no Brasil.
Neste quadro que representa a casa de campo do pintor, em Teresópolis, as roupas no cordel ocupam quase toda a extensão da tela, tornando-se, assim, o principal motivo da pintura. A sua alvura contrasta com o vermelho da terra, com as flores e o vestido da mulher que as estende. As duas crianças conferem à cena um toque de ternura característico de algumas obras de Visconti.

Selecção de António Tapadinhas

terça-feira, 24 de julho de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

3º. VOLUME

O TERCEIRO PERÍODO

O TERCEIRO PERÍODO

E as aulas lá recomeçaram esta manhã, mais a contento da Margarida que ficou satisfeita por rever as amiguinhas e retomar as tagarelices e brincadeiras de recreio do que para a Matilde que por vontade própria teria ficado um pouco mais na cama, muito embora também ela tenha confessado que gostou do regresso ao trabalho e ao recreio. 

E hoje os meninos fizeram brincadeiras com números e as últimas palavras dadas e para que o reatamento não fosse de cansar, a Mestra doseou o esforço com desenhos e pinturas. 



O Hamas promete vingança pela morte do seu líder mas, por razões de segurança, o nome do substituto não é conhecido. 
Khaled Machad, chefe político do movimento, apela à união das nações árabes e muçulmanas para que em conjunto combatam o inimigo comum, os Estados Unidos da América e Israel. 



Os familiares das vítimas da queda da ponte de Entre-os-Rios têm sido pressionados para não apresentarem recurso da sentença que mandou arquivar o processo-crime que envolvia as autoridades e os areeiros. 



E querem ver como é que o poder político fica nas mãos de certos esconsos poderes? 
Fernando Gomes, do Partido Socialista, Lobo Xavier, dos centristas e o presidente da câmara de Castelo de Paiva, do PSD, farão parte da futura direcção do Futebol Clube do Porto. 

Depois é o que se sabe. 



Ah e esqueci-me de registar! 
Na tarde em que vimos o “Belleville Rendez-Vous”, no Monumental, comprei o “Track”, dos King Crimson. 

Uau! Coisa linda! Editado em noventa e cinco do século passado, foi uma prenda pelo nascimento da Margarida que ainda não conhecia. Sequer tinha ideia que eles tinham gravado depois do trio de álbuns do início da década anterior. 


Alhos Vedros 
  19/04/2004

segunda-feira, 23 de julho de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (313)


Boys Bathing at Skagen, Autor Peder Severin Krøyer

Ano 1899, Óleo s/ Tela

Peder Severin Krøyer, nasceu a 23 de Julho de 1851 e morreu a 21 de Novembro de 1909. 

Pode dizer-se que foi um pintor norueguês-dinamarquês, porque nasceu na Noruega mas cresceu em Copenhague, onde estudou na Royal Academy. É um dos mais conhecidos Pintores de Skagen, uma comunidade de artistas que viveram e trabalharam em Skagen, na Dinamarca, nos finais do século XIX. Krøyer era o líder não oficial do grupo.

É considerado um dos principais pintores impressionistas da Dinamarca.

Selecção de António Tapadinhas



quinta-feira, 19 de julho de 2018

Homenagem a Nelson Mandela


“Na Testa De Ferro Bato Insistentemente Sem Sujeição A Julgamentos Celestiais Terrestres Finais”

Bato insistentemente com a ponta da testa-de-ferro em batentes
Arrombo portas de cofres impenetravelmente duros de roer
Passo a custo zero por um finíssimo buraco de agulha

Penetro no sétimo céu sem sujeição a julgamentos abstractos de terceiros
Emparedo-me entre quatro paredes para amansar apesar de claustrofóbico
Arranco do pouco que me resta do couro cabeludo na careca o resto dos pêlos

Implanto em segredo absoluto os fundamentos de pilares morais essenciais
Reforço as minhas forças químicas e físicas com os fluxos de terras e metais raros
Por mera diversão troco circunstanciados momentos por outros de crucial inovação

Equipo o pensamento filosofal com matéria e correntes de ouro puro
No interior de templos afago certas feras sem venerações ou contemplações
Engato a quinta numa caixa de velocidades automática e arranco supersónicamente

Com variantes e variações pondero proceder às requeridas mudanças
Tempero a têmpera com tempêros de raríssimos sabôres e caracter alimentar
Ceifo e corto a eito e a preceito uma alface verde às riscas para confecção da salada russa

Atravesso a ponte subaquática através de um subsequente túnel aéreo
Fujo com os olhos postos no futuro de subratazanas desumanizadas à brava
Desenraízo todas as minhas raízes vegetais e animais e translado-me abruptamente

Entretenho-me entretanto a traduzir sinais e símbolos por alguns dizeres
Trasfego minha imagem líquida de uma cuba vazia para um tanque incapacitado
Converso a sós e discretamente com os botões electrónicos do meu comando televisivo

Endireito no cavalete a tela de pintura abstracta e pinto nela algo a vêr com a sétima arte…

Escrito em Luanda, Angola, a 19 de Julho de 2018, por Manuel (D’Angola) de Sousa, em Homenagem ao Grandioso Exemplo e Ser Humano, Sua Excelência o Grande Mestre do Bem e da Luz, o Senhor Nelson Mandela, o enormíssimo e inesquecível “Madiba”, sobretudo, por tantos ensinamentos que nos deixou a todos e a toda a Humanidade em geral, por sua compaixão, sabedoria, amor e sentido de paz e harmonia entre Irmãos, independentemente de suas origens, cores de pele, sensibilidades politicas, sociais ou religiosas, etc, etc, etc…
Hoje, se vivo, o Honorável “Madiba” completaria 100 Anos de existência, pelo que deveremos todos dedicar uns minutos de nossas reflexões e pensamentos a este Homem Divino…
“Viva Mandela para sempre em nossos corações e memórias e em nossos actos…”

terça-feira, 17 de julho de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

AMANHÃ VOLTA O TRABALHO

E as férias chegaram ao fim; amanhã começará o terceiro período. 


Mas foram uns dias em cheio e eu tenho a certeza que os meus amorzinhos bem os aproveitaram. 

Fez-lhes bem a despreocupação de acordarem sem a pressa de saírem de casa. 


A Margarida leu “Uma Mão Cheia de Tudo e Outra de Coisa Nenhuma”. (1) 


Eu acho que o balanço a fazer quanto à Matilde é francamente positivo. 

Integrou-se no ritmo e na vida escolar com facilidade e se bem que sempre desperta para a brincadeira, toma a atenção necessária à aprendizagem e não apresenta dificuldades. 

É claro que tanto eu como a mãe lhe dissemos logo no dia da reunião de avaliação que ela deveria concentrar-se mais e mostrar maior empenho em fazer as coisas bem feitas e hoje, pelo banho e no momento de arrumar a pasta, voltámos a lembrar-lhe que não é bonito que a Professora possa dizer que ela é um tanto trapalhona.
Quanto a isto terei que redobrar as atenções neste último período. 

Ainda assim não me parece que seja algo preocupante e a verdade é que podemos dizer que ela gosta da escola e da Professora e fica satisfeita por aprender. 
Para além disso tem a noção do dever; tem consciência que há regras que devem ser respeitadas e age em conformidade e geralmente não é preciso chamá-la à atenção para que tal aconteça e com isso não é preciso dizer-lhe para fazer os trabalhos de casa, muito embora hajam dias em que a pressa de brincar tolha a razão. 

Seja como for, ponderados todos os aspectos, o saldo é francamente positivo. 

Deus acompanhe as minhas queridas filhas. 



O recentemente empossado chefe do Hamas, Abdel Azis al-Ramtisi foi morto, esta madrugada, em mais uma operação do exército israelita. 

Bem, ninguém de bom senso negará a Israel o direito de se defender e este homem é co-responsável por centenas de mortes, se não milhares, de civis inocentes. 


É claro que de toda a parte chovem as condenações. 

Até Londres, pelo porta-voz Jack Straw, o ministro dos estrangeiros, veio dizer que o homicídio tinha sido injustificado e desnecessário. 
Será? 
Mas qual é a alternativa? 


E o Iraque continua a doer-nos no peito. 

Para aqueles que acham ser possível negociar com a Al-Qaeda é ler a entrevista com Omar Bakri Mohammed, juiz da sharia residente em Londres e dado como quem partilha a mesma escola de pensamento daquela constelação terrorista.
“-(…) Estamos agora no ano três da era da Al-Qaeda.” –Diz ele, referindo-se ao onze de Setembro. (2) 
Para quem tenha dúvidas que aquela carnificina foi um acto inicial… 

Mas ali sobressai o pensamento maniqueísta que alimenta o fanatismo que dá o fundo ideológico àquele terrorismo e afins. 

E também fica claro que estamos perante um fenómeno semelhante ao de Hassan Sabbah e à sua seita dos assassinos. (3) 
É a cegueira do fanatismo que os guia. 

Não há antídoto certo para uma doença destas. 



Bem e por agora me fico. 

Amanhã, a Matilde iniciará o primeiro último período da sua vida escolar e a Margarida o derradeiro último período que passará nesta escola. 



Ah e esquecia-me de registar! Na sexta-feira tivemos a visita do Carlos, da Tuxinha e do Leonardo que, vindos do Algarve, seguiram para o Porto na manhã seguinte. 

Estão todos bem e ficámos satisfeitos por nos revermos. 


Alhos Vedros 
  18/04/2004 


NOTAS 

(1) Lisboa, Irene, UMA MÃO CHEIA DE NADA E OUTRA DE COISA NENHUMA 
(2) Mohammed, Omar Bakri, O TERROR É A LEI DO SÉCULO XXI, pp 26 e ss. 
(3) Maalouf, Amin, SAMARCANDA, pp 141 e ss. 


CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 

Lisboa, Irene, UMA MÃO CHEIA DE NADA E OUTRA E COISA NENHUMA, Prefácio de Violante Florêncio, Breve Nota de Paula Morão, Editorial Presença (7ª. Edição), Lisboa, 2002 
Maalouf, Amin, SAMARCANDA, Difel, 1991 
Mohammed, Omar Bakri, O TERROR É A LEI DO SÉCULO XXI, “Pública”, nº. 42 de 18/04/2004, In “Público”, nº. 5139, 18/04/2004

segunda-feira, 16 de julho de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (312)

Catedral de Chartres, Camille Corot, 1830
Óleo sobre Tela, 64 x 51,5 cm

Jean-Baptiste Camille Corot nasceu em Paris a 16 de Julho de 1796 e morreu em Ville-d´Avray a 22 de Fevereiro de 1875.
Nasceu perto das Tulleries, junto ao Sena, tendo ao fundo o Louvre, como que antecipando a sua vocação para a  pintura.
A obra que apresentamos tem diversos pontos que são uma pedrada no charco de conceitos sobre o que se considerava uma verdadeira obra de arte.
Desde logo, pintar a fachada da mais importante Catedral de França concedendo-lhe a mesma importância que um monte de pedras em primeiro plano. O plano oblíquo e também as figuras dão à obra um certo ar enigmático que reforça a sua elaborada simplicidade.

Esta peça é um dos bons exemplos que Corot legou para o reconhecimento do impressionismo, como uma corrente de pintura decisiva para a arte doo nosso tempo.

Selecção de António Tapadinhas

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Loureiro



Envio mais uma croniqueta botânica e informo que vou entrar de férias. As aulas de fitoterapia já terminaram, quer na Escola Comunitária de Alcochete, quer na Universidade Intergeracional de Benfica (UNISBEN).
Este texto que submeto à vossa apreciação para que critiquem e proponham eventuais alterações tendentes à sua melhoria, irá protagonizar a primeira lição a seguir às férias.
Obrigado pela vossa atenção e condescendência.

Miguel Boieiro

É lendária a fama do louro que continua a adubar histórias adoráveis. Desde muito jovem leio avidamente as séries de banda desenhada de “Astérix, o Gaulês”. Dá-me mais gozo lê-las na língua original (francês) mas elas estão traduzidas em muitos idiomas e há mesmo, pelo menos uma das aventuras, redigida em esperanto. No “Les lauriers de César”, o nosso herói ficou encarregado de ir a Roma surripiar a coroa de louros do imperador para perfumar um “ragoût”, ou seja, um atrativo guisado, confecionado na aldeia dos irredutíveis gauleses. Chega! Não é agora o momento de contar as peripécias da saborosa história.

O Laurus nobilis, arbusto (ou árvore) perene da família das Lauraceae é típico da região mediterrânica, mas chegou a povoar densas florestas em todo o continente europeu antes do arrefecimento global que se verificou há umas dezenas de milhares de anos. Os loureiros de crescimento espontâneo que ocorrem na cordilheira da Arrábida constituem uma relíquia desses tempos primitivos.

O fascínio pelo loureiro remonta a recuadas eras. Envolvida em mistérios, superstições e premonições esta laurácea tem acentuado relevo nos livros “Plantas Mágicas e Botânica Oculta” de Sédir e de Paracelso. Na Grécia, a árvore era consagrada a Apolo e integrava uma curiosa forma de magia adivinhatória chamada dafnomancia, a qual tinha a ver com a mastigação de folhas tenras praticada pelas pitonisas e sibilas e também pela interpretação do crepitar e da fumaça ocasionados no cerimonial da queima das ramagens. O volumoso “Diccionario de Plantas Curativas de la Península Ibérica” de Enric Balasch e Yolanda Ruíz dedica todo um capítulo à botânica oculta e à mitologia clássica do “laurel común”.

Sendo uma planta ornamental de folhas brilhantes enraizou-se o costume de coroar os heróis vencedores das batalhas ou das pugnas desportivas com folhas de louro. Esta tradição que se iniciou na antiga Grécia, transitou depois para o império romano e daí para todo o mundo significando sucesso. Várias línguas neolatinas incluíram no seu vocabulário corrente palavras como laureado ou bacharel (do latim baccalaureatus).

A planta é dióica, o que significa que as flores masculinas e as femininas estão em pés separados. Propaga-se com facilidade, quer por semente, quer por estacaria, dá-se bem em quaisquer solos, suporta razoavelmente as podas e só não gosta de geadas As suas folhas são glabras, coriáceas, brilhantes, aromáticas, alternas e lanceoladas. As flores são amareladas com cerca de 1 cm de diâmetro. Depois de polinizadas geram uma baga que, quando madura, é negra e reluzente, semelhante às azeitonas pelo tamanho e pela cor. O tronco é direito, tem casca acinzentada, formando com as ramagens uma copa densa.

As folhas do louro contêm provitamina A, vitaminas C, D e do complexo B, ferro, cálcio, potássio, magnésio, fósforo, tanino, óleo essencial mas também alguns alcaloides que, em excesso, podem ser tóxicos. São conhecidas as suas propriedades como antissépticas, anti-inflamatórias, estimulantes, antibacterianas, sedativas e sudoríficas. Os frutos possuem até 30% de ácidos gordos.
Plínio, o Velho, já indicava o louro para paralisia, espasmos, ciática, dores de cabeça, catarros, infeções do aparelho auditivo e reumatismo.

Investigações modernas referem os seus benéficos efeitos em diabetes tipo 2 e colesterol, já que reduz os níveis da glicose e diminui os triglicéridos do sangue e ainda em artrites, problemas respiratórios, doenças cardiovasculares, envelhecimento precoce e cancro porque restringe o crescimento das células cancerígenas.

A “Science Alert”, via internet, recomenda o seguinte “chá”: Deitar uma chávena de água fervente sobre 3 g de folhas de louro. Deixar em repouso de 10 a 15 minutos. Beber em jejum diariamente mas interromper por uma semana ao fim de 20 dias.

O óleo extraído das bagas negras que em pasta se chama “manteiga de loureiro” abranda, através de fricções, as dores musculares de pessoas e animais. Entra também em formulações dermatológicas para debelar micoses, psoríase e pediculose.

Na cozinha dos países mediterrânicos as folhas de louro são omnipresentes na aromatização de guisados e refogados. Essa prática condimentar alastrou já à gastronomia de todo o mundo e há mesmo quem seque e pulverize as folhas para as integrar nos cozinhados. Consta-se que os beduínos do norte de África utilizam as mesmas folhas para reforçar o paladar do café.

O loureiro é muito adequado para a topiária, ou seja a arte de fazer esculturas vegetais. É também ideal para a formação de sebes na divisão de propriedades com a vantagem do seu odor repelir os insetos predadores.

A madeira do loureiro é duríssima e pode ser utilizada nos trabalhos de entalhar em marcenaria.
O famoso sabão de Alepo (cidade síria totalmente destroçada pela infame guerra) era tradicionalmente fabricado com óleo das “azeitonas” do loureiro.

Há ainda que aludir aos grelhados madeirenses em pau de louro que, dizem os entendidos, dá um gosto especial à carne. Todavia, esses paus de louro provêm duma variedade afim, o Laurus azorica, endémica da região macaronésica (Açores, Madeira e Canárias).

Devo igualmente referenciar outras espécies abundantes em Portugal, como o loureiro-rosa (Nerium oleander) e o loureiro-cerejo (Prunus laurocerasus), altamente venenosas. É preciso não as confundir porque as folhas são parecidas com as do Laurus nobilis, mas o odor que emanam é bem diferente. Cuidado pois!

Finalmente, acentuo que as folhas de louro devem ser usadas com moderação, a sua ingestão em quantidade é tóxica e podem causar dermatites de contacto em pessoas mais sensíveis.

terça-feira, 10 de julho de 2018

segunda-feira, 9 de julho de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (311)

Fuga de Moscovo, Adolf Schreyer, Sem Data
Óleo sobre Tela

Schreyer nasceu a 9 de Julho de 1828 e morreu a 29 de Julho de 1889.
Estudou Arte primeiramente no Instituto Städel em sua cidade natal, e depois em Stuttgart e Munique. Pintou muitos dos seus temas favoritos em suas viagens ao Oriente. Inicialmente acompanhou o príncipe Thurn und Taxis pela Hungria, Valáquia, Rússia e Turquia; em seguida, em 1854, seguiu o exército austríaco através da fronteira valaquiana. Em 1856 foi para o Egito e Síria, e em 1861 para a Argélia. Em 1862 estabeleceu-se em Paris, mas regressou à Alemanha em 1870, e foi morar em Kronberg im Taunus perto de Frankfurt, onde morreu.

in. Wikipedia

Selecção de António Tapadinhas

sexta-feira, 6 de julho de 2018

A Casa Amarela


Realização de Rafael Antunes

Documentário filmado que reune vários testemunhos sobre os 32 anos de história do Círculo de Animação Cultural de Alhos Vedros.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

A PROPÓSITO DA CONSTRUÇÃO DO NOVO AEROPORTO DE LISBOA



Decorreu na passada 6ª feira, dia 29 de junho, no Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, uma sessão de esclarecimento e debate sobre a possível localização do Novo Aeroporto de Lisboa. O meritório e oportuno Encontro foi organizado pela Assembleia Municipal da Moita e moderado pelo seu Presidente João Lobo. O painel esteve constituído por pessoas que ocupam lugares de relevo sobre o tema em debate, onde se pretendeu, afinal, perceber qual é a melhor solução, se um aeroporto absolutamente alternativo ou apenas um pólo aeroportuário complementar, para o atual Aeroporto de Lisboa, respetivamente, em Canha, no Campo de Tiro de Alcochete, ou na base Aérea Nº6 do Montijo. O tema é premente, já que o Aeroporto de Lisboa (Portela) está a atingir um elevado grau de lotação, com tudo de negativo que isso representa para o país. 

O grupo dos intervenientes convidados que constituiram o ilustre painel foi o seguinte: Moderador João Lobo (Presidente da Assembleia Municipal), Rui Garcia (Presidente da Câmara Municipal da Moita, Presidente do Conselho Diretivo da Associação de Municípios da Região de Setúbal) Eng. Carlos Matias Ramos (ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros, ex-Presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil), Carla Graça (Vice-presidente da Associação Ambientalista Zero), Duarte Silva (Gabinete do Secretário de Estado das Infra-estruturas), Francisco Pita (Administrador da ANA – Aeroportos de Portugal/Vinci Airports).

Foi um Encontro muito significativo para que se perceba, de facto, o que está em causa, com a decisão a tomar sobre qual a melhor solução para resolver os atuais problemas que o Aeroporto de Lisboa enfrenta. A audição pública que será aberta pelo governo, antes da decisão final, está prevista para muito breve, e acontecerá depois da apresentação do relatório dos impactos ambientais, favoráveis ou desfavoráveis, sendo que as obras estão previstas iniciar-se já no próximo ano.

Eis, então, numa síntese  que não esgota o problema, alguns dos prós e contras a que chegámos depois do debate, sobre se as novas infraestruturas aeroportuárias do país devem passar, ou não, pela Base Aéra Nº6, do Montijo:

PRÓS:
i) A Vinci, empresa da ANA – Aeroportos de Portugal, aposta nesta solução;
ii) Maior proximidade da Portela (do que Canha);
iii) Aposta numa solução dual – Portela + Base Aérea do Montijo, em vez de na construção de um novo aeroporto de raiz;
iv) as companhias aéreas preferem esta solução;
v) uma eventual maior sustentabilidade financeira, já que a UE não permite aplicações de dinheiros dos orçamentos estatais na construção de aeroportos...

CONTRAS:
i) a limitação espacial da Base Aérea que obriga a algumas intervenções polémicas (aumento do comprimento da pista para cima do rio, influências negativas na sua navegabilidade, expropriação de terrenos e eventual abate de casas no Samouco, etc.);
ii) A segurança, na pista e nas populações, integra alguns fatores de risco;
iii) Os equilíbrios ambientais locais sofrerão algumas alterações preocupantes, com afetação da avifauna e flora;
iv) aumento do stress ambiental e, sobretudo, da poluição sonora;
v) a curta longevidade desta solução, já que se prevê que, mais ou menos, uma dúzia de anos depois da sua entrada em funcionamento haja uma lotação das suas possibilidades;
vi) e, o mais importante, a forma como poderá afetar negativamente o bem estar das populações da margem sul do Tejo, nomeademanete, dos concelhos do Barreiro, Moita, Montijo e Alcochete.

Luís Santos

(Nota: As imagens foram extraídas do Google)


terça-feira, 3 de julho de 2018

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

O REPOUSO

Ui que belo fim-de-semana de repouso que para o pai resultou na recuperação do sobre-esforço que tive de fazer nestes últimos dias, agravado pela dificuldade que desta vez senti para regressar ao bio-ritmo do nosso meridiano. 


Tardes de passeio e convívio familiar, com manhãs de jornais e noites com o primeiro volume da obra de Helena Matos sobre Salazar. 
De resto, para os meus amorzinhos em ponto pequeno, a brincadeira que é bem merecida numas férias que estão a correr às mil maravilhas entre os jogos, na sala e o sótão da Beatriz. 

Vimos o “Belleville Rendez-Vouz”, uma longa-metragem de banda desenhada que nos fala da solidariedade dos periféricos face às prepotências do crime organizado que é um desafio para o mundo livre a nível global. 

E no Sábado estivemos na praia, na Lagoa de Albufeira, na companhia do colorido das velas de windsurf e uma espécie de ski puxado por um papagaio de que não sei dizer o nome. 
A Sílvia acompanhou-nos, a convite das minhas filhas e jantou na nossa casa. 


Hoje, o trabalho foi mais leve. 



Pois no Iraque, um líder xiita radical Mohamad Al-Baqr que as autoridades, afinal, deixaram rodear-se de uma milícia armada, amotinou a cidade santa de Najaf e a partir daí levantaram-se revoltas e distúrbios em outros locais. 
A situação chegou a estar muito complicada mas agora existe um mandado de captura emitido pela justiça iraquiana e o fora-da-lei refugiou-se numa mesquita, certo no seu finca-pé que os militares americanos pensarão duas vezes se valerá a pena arrombarem as portas para o prenderem. 
No entanto, o ayatolla Sistani já condenou a acção e o incitamento à violência e negou qualquer autoridade ao jovem dirigente que, apesar de, por herança, controlar uma rede de escolas corânicas, não tem qualquer título ou grau na hierarquia religiosa. 
Também os iranianos se ofereceram como intermediários neste episódio e, tudo o indica, aconselharam-no e aos seus seguidores a transformarem a milícia que controlam em partido político. 

Vamos ver o que sucede nos próximos dias. 


E o Ocidente continua a não falar a uma voz, com a veemência de um bloco que sabe estar ameaçado de morte por um inimigo comum, o terrorismo da Al-Qaeda e afins. Com isso abre os flancos aos terroristas que aproveitam para matar aqui e ali e com isso pressionarem a opinião pública mundial. 

É de esperar o pior. 

Pessoalmente lamento que os aliados não tenham muito simplesmente podido defender a guerra sobre o Iraque do regime de Saddam e do Partido Baas, como mais um dos elos na luta contra o terrorismo, especialmente pelo que um Iraque livre e pacífico poderia contribuir para o fim do conflito israelo-árabe. 

Defendi-o antes da guerra (1) e foi isso que levou a, pelo menos, não me opor a ela. 

Mas a tibieza destes governantes de tempos em que os interesses esconsos falam mais alto só servirá para radicalizar ainda mais os fanáticos e a sede de sangue que os move. 

Deus nos salve desta loucura. 



Morreu Francisco Lyon de Castro, antigo militante comunista e sempre resistente ao fascismo. 

Fundador da “Europa-América” fez, com isso, mais pela liberdade do que aquilo que terá obtido nos anos de chumbo que passou pelos calabouços da polícia política. 

E foi solidário com os que o Estado Novo ostracizou; foi no seu negócio livreiro que muitos camaradas encontraram um ganha-pão que o estigma que transportavam dificilmente lhes permitira conseguir em outros lugares. 



“-O que é característica?” –Perguntou a Matilde, logicamente para compreender uma frase em que usei aquela palavra. 
“-É aquilo que faz com que uma coisa se distinga das outras, aquilo que uma coisa tem que as outras não têm ou então têm de uma maneira diferente. Ora diz-me lá a característica de uma escova de dentes.” –Respondi-lhe, enquanto a auxiliava na secagem após o banho. 
“-É aquela coisa com pelinhos para lavarmos os dentes.” 

A felicidade de um homem. 



AH! E finalmente o primeiro volume a respeito do Salazar. 


Alhos Vedros 
 12/04/2004 


NOTA 

(1) Gomes, Luís F. de A., A ESPADA E O BURACO NEGRO 


CITAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 

Gomes, Luís F. de A., A ESPADA E O BURACO NEGRO, Prefácio do Autor, Dactilografado, Alhos Vedros, 2003 
Matos, Helena, SALAZAR, Vol. 1, Círculo de Leitores, Lisboa, 2003

segunda-feira, 2 de julho de 2018

REAL... IRREAL... SURREAL... (310)

No Cais do Tejo, Autor Alfredo Keil,  1881,
Óleo sobre Madeira, Dimensões 92 x 154 cm



Alfredo Cristiano Keil (Lisboa, 3 de julho de 1850 — Hamburgo, 4 de outubro de 1907) foi um compositor, pintor, poeta, arqueólogo e coleccionador de arte português. 


Estudou desenho e música em Nuremberga, numa academia dirigida pelo pintor Wilhelm von Kaulbach e August von Kreling. Em 1870, devido à guerra Franco-Prussiana, regressa a Portugal. Em 1890, o ultimato inglês a Portugal ofereceu a Alfredo Keil a inspiração para a composição do canto patriótico "A Portuguesa", com versos de Henrique Lopes de Mendonça. A cantiga tornou-se popular em todo o país e seria mais tarde feita hino nacional de Portugal - A Portuguesa.

O artista mostra-nos um cais no rio Tejo, em Lisboa, na zona de Santos ou do Cais do Sodré, ao fim da tarde, com um grupo de figuras em primeiro plano, ocupadas com o carregamento do peixe, e mais à frente dois indivíduos junto de um candeeiro, mirando o rio. Várias embarcações animam as águas do Tejo, destacando-se à direita, e recortando-se nos tons laranjas e violetas do céu crepuscular, o cruzamento dos mastros de alguns veleiros.

Selecção de António Tapadinhas

in. Wikipedia

domingo, 1 de julho de 2018

EG 101


ESTUDO GERAL
jun/jul        2018           Nº101

"Nascer não é uma fatalidade, mas uma escolha pré-consciente, daquela consciência que se perde quando se voa do céu para a Terra, como dizia Platão." (Agostinho da Silva, Vida Conversável, p.14)

Sumário
António Telmo
Comunicação Não Violenta
Forrobodó
Junho, 2018
Sunny Days
Real... Irreal... Surreal
Livro


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