ANIMAÇÃO DO LIVRO E
DA LEITURA
“Histórias por
Contar”
Seminário de Design,
Desenvolvimento e Avaliação de Projetos
DAR VOZ AO SILÊNCIO
Começar pelos obrigatórios agradecimentos:
- à Professora Carla Cibele, pelo convite para apresentação deste livro
- aos Professores Luciano Pereira e Carlos Xavier, por terem aceitado também
dar um pouco mais de Voz ao Silêncio
- a todos, pela vossa presença
Dizer, antes de mais, que nos
reconhecemos inteiramente neste
seminário sobre “Animação do Livro e da Leitura”, título que dá nome a um
Projeto que se tem vindo a desenvolver ao longo dos últimos dois anos letivos,
no 2º ano do Curso de Animação, já que a unidade curricular de Seminário de
Investigação e de Projeto (SIP), cuja equipa de docentes integro, tem participado
nele de forma ativa, conjuntamente com a equipa que leciona a “uc” de Design,
Desenvolvimento e Avaliação de Projetos que, coordenada pela Professora Carla
Cibele, organiza este seminário.
Neste sentido, não deixarei de
relembrar as Professoras Catarina Delgado e Marisa Quaresma que comigo
constituem a equipa de SIP, mas também do Professor Fernando Almeida que é o
seu Professor Responsável.
Muito feliz o título do seminário
“Histórias por Contar”, porque para além do mais, saiu de uma graciosa proposta
dos alunos, como nos foi revelado numa das nossas aulas. Então, é justamente ao
que nos propomos, contar brevemente a história devida deste livro “Dar Voz ao
Silêncio”, sobretudo, sobre o que nele não se diz.
Um livro de poemas, relativamente
pequeno, que até teve de ser esticado nos arrumos gráficos, que não na
substância, porque o editor quando lhe chegou a primeira versão disse que não
publicava livros com menos de 40 páginas. E aqui, ao que cremos, uma primeira
revelação assumida pelo próprio livro, ao obrigar-nos, ele próprio, a sair a
público sob o signo do “quarenta”, cujo
significado, entre outros, nos remete imediatamente para o período da
“quaresma”, ou “quadragésima”, o período de quarenta dias que antecede a
Páscoa, se excluirmos a semana santa, que foi o tempo a que o autor se obrigou
para o escrever, durante este mesmo ano de 2018. Efetivamente, o livro relata uma
viagem vivenciada poeticamente pelo autor, num período que se estendeu entre o
Carnaval e o Domingo de Páscoa, do corrente ano.
Um livro de poemas que igualmente
se revela como “um libreto”, cujo subtítulo “Música de Palavras” o anuncia. De
facto, toda a estrutura do livro se desenvolve como se de uma sinfonia se
tratasse. Só lhe falta mesmo o compositor e o maestro, porque nós de música, de
facto, percebemos muito pouco. É verdade que, neste nosso jeito meio acanhado
para a poesia, alguns anos atrás, escrevemos e musicámos um número razoável de
canções, quando aprendemos a dedilhar alguns acordes na guitarra, mas não foi
mais do que coisa fugaz. Os amigos músicos é que foram sempre muitos, e a
prová-lo cá está mais um, o colega e amigo Carlos Xavier com a sua reconhecida
mestria, que aproveitamos para, em público, parabenizar pelo seu último
belíssimo trabalho nos “Passione”, trio musical do qual faz parte.
Um livro de poemas que embora
pequeno na sua dimensão é de um livro de chegada que se trata. Quer dizer, um
livro que transforma a Filosofia em poesia, relembrando da importante dimensão
que, nos últimos anos, a Filosofia assumiu no nosso percurso académico, mas
aqui, cremos, sem a demorada carga filosófica das palavras.
Um livro que é dedicado ao nosso planeta,
à mãe Terra, e à lembrança da necessidade que temos de a poupar a desgastes
inúteis. Afinal, uma viagem em forma de poesia, com permanente música de fundo,
que assenta, sobretudo, numa tensão entre espiritualidades várias, que misturam
o ocidente com o oriente, sejam pagãs ou cristãs, védicas ou budistas, e, aqui,
sem que se deixe de lembrar os balanços do mar que vencemos, o que nos permitiu
alargar horizontes, e consciência, com as nossas múltiplas idas
expansionistas ao Brasil, à Índia, ao
Japão. Como resultado, esta enorme herança que temos entre mãos que é a da
representatividade da Língua Portuguesa, que assim, como sabemos, se tornou
numa das mais faladas no mundo, entre centenas de outras.
E por referenciarmos a nossa
Língua, acabámos por nos lembrar da terna expressão de Fernando Pessoa, de que
“a minha pátria é a Língua Portuguesa”, sendo que é igualmente, a partir de
provocação sua, feita na última estrofe do seu livro “Mensagem”, e cito:
“Ninguém sabe que coisa quer. / Ninguém conhece que alma tem, / Nem o que o é
mal nem o que é bem. / (Que ânsia distante perto chora?) / Tudo é incerto e
derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro. / Ó Portugal, hoje és
nevoeiro...”, e é a partir daqui, diziamos, que nós chegamos ao fim do nosso
livrinho, que é simultaneamente a sua ideia de partida, onde, de alguma forma,
reafirmamos com Pessoa: “Tudo é aqui e agora, é esta a hora”.
Muito obrigado.
28.11.2018