Será assim o nascer?
- vir de um particular mar interior e escuro, lugar sem paredes, ocorrer a um chamamento e seguir a luz até desembocar num exterior, a que chamamos mundo, mais amplo e povoado, mais partilhado e barulhento, cumprindo um imperativo biológico, iniciando um novo ciclo daquilo a que chamamos vida –
É bem possível.
Efectivamente caminhamos desde que nos conhecemos (e mesmo antes de nos conhecermos), neste corpo que não escolhemos, antes nos acolheu.
Estamos algures entre o nascer e o momento de des-nascer para, quem sabe, tornar a re-nascer talvez sobre outras formas e noutros estados. Esse intervalo é o que chamamos vida, a nossa vida.
Tanto caminhar – que às vezes cansa e desanima – é sem remédio nem remissão. Não pode deixar de ser assim, é compulsivo e independente da nossa vontade.
Na companhia da plêiade que nos habita (somos todos tantos, não somos?!) e que tantas vezes não conseguimos domesticar, percorremos os caminhos socorrendo-nos do que calha para nos orientar e, outras vezes, mesmo sem orientação alguma, tacteando como cegos, avançamos tentando decifrar os sinais. (…)
Fotos: Edgar Cantante; Texto: João C.
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