O pensamento místico, ou simplesmente, a mística, desenvolve-se no interior da tradição cristã, mas a sua origem remonta à cultura grega e deriva dos Mistérios Gregos. Os mais famosos são os Mistérios de Eleusis e quem lhes acedia passava por uma experiência iniciática (Mystés=Iniciados).
Os que passavam por essas experiências não comentavam posteriormente com os profanos. Até porque as experiências não eram traduzíveis por palavras. A regra de ouro era o Silêncio (a boca, os olhos e os ouvidos fechados). Quando se suspende os sentidos e o intelecto fica-se com uma maior capacidade de presenciar Deus.
Os textos sagrados são passíveis de diferentes interpretações e que vão servindo a cada um conforme o seu estado evolutivo.
Segundo Juan Martin Velasco pode definir-se o fenómeno místico da seguinte maneira:
- Uma experiência totalizadora e integrante, diferente da consciência comum cuja forma de conhecimento fragmenta a realidade.
- Uma experiência recebida, inesperada. O sujeito, de forma passiva, é surpreendido pela experiência.
- Imediatez. Experiência intuitiva, sem mediadores.
- Experiência fruitiva. A grande beatitude, o grande gozo. A linguagem mística é equivalente à linguagem amorosa. Uma consciência de vida eterna, aqui e agora. Não vale a pena esperar nada, tudo é para já.
- Simplicidade. Singeleza. Uma experiência que não exige nada do sujeito senão a sua disponibilidade, simplicidade. Se não estamos a vivenciar sempre a experiência mística é porque estamos a substitui-la pelas nossas.
- É inefável. Após a experiência não se pode verbalizar. É uma luz muito mais intensa do que aquela que pode ser dada pelas palavras. É uma experiência não verbalizável e convida a um discurso mais poético, mais criativo.
- Uma experiência, por um lado, extremamente evidente, por outro, extremamente obscura. Junta os paradoxos lógicos. O inexplicável - “não sei o que é, mas é isso que eu quero”. O egocentrismo desaparece. Tudo está ligado. O serviço faz mais sentido.
Carlos Rodrigues
Sem comentários:
Enviar um comentário