sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Livros d'África




MOISÉS KAMABAYA 

Nasceu em Malanje, no bairro do Ritondo, em 1937. Aí iniciou os estudos, primeiro na Missão Católica e depois no Seminário. Mas naquele tempo, para as classes não privilegiadas, terminada a 4ª classe era preciso pensar no futuro: “Meu pai foi levar-me a um colono, amigo seu, dono de uma oficina de mecânica, o Sr. Adriano, que tinha a sua oficina no Ritondo.” Ali ficou algum tempo, até se mudar para Luanda onde estudou Economia no Liceu Salvador Correia até ao 4º ano em 1971, altura em que foi preso pela PIDE e condenado a treze anos de cadeia pela sua participação na luta anticolonial. Foi um alto quadro da FNLA antes de ingressar no MPLA de que foi deputado.

Em finais de 1960 foi testemunha da revolta dos camponeses da Baixa de Kasanje contra as arbitrariedades da Cotonang, a poderosa detentora do monopólio do comércio de algodão naquela região. Ele próprio e alguns dos seus familiares foram participantes activos do movimento, estabelecendo as bases do que viria a ser a FNLA. Baseado nessa experiência escreveu “OS HERÓIS DA BAIXA DE KASANJI”, uma publicação de 2007 da Editorial Nzila, obra que dá a conhecer uma versão mais próxima dos revoltosos. Essa revolta viria a ter o seu clímax durante os bombardeamentos executados pela Força Aérea Portuguesa em Janeiro e Fevereiro de 1961 dos quais, até hoje, se desconhece o número exacto de vítimas.
“Enquanto se davam os acontecimentos trágicos na Baixa de Kasanji, na cidade de Malanje também a PIDE prendia em massa. (…) Foi nessas circunstâncias, que a 30 de Abril de 1961 fui preso, eu, meu pai, João Gaspar Kamabaya e os meus irmãos, Francisco João e Félix, levados à noite, no decorrer de uma grande rusga geral que teve lugar no Bairro da Sé, não para sermos julgados, mas sim para pura e simplesmente sermos abatidos pelo capitão Teles Grilo.
Eu, meu pai e meus irmãos fomos os únicos que escapámos nessa noite, graças à intervenção “in extremis” do Bispo D. Manuel Nunes Gabriel e do notário português Dr. José da Silva Marreiros. Este último estava perto da cadeia com os outros brancos a assistirem à matança dos ditos “terroristas” que queriam a independência.
Os restantes companheiros que nesse dia foram connosco pereceram todos. Depois seguiram-se as prisões do pai do Rosário Neto, o Sr. João Rosário, o Prof. Manuel da Cruz, o Dr. Luís João Sebastião Micolo, o Dr. João Felizardo Muvimba, os Reverendos Metodistas Job Baltazar Diogo, Major Manuel Neto, Filipe de Freitas, Geraldo Manuel Xavier, e expulsos muitos padres e missionários estrangeiros, sobretudo os americanos. Entretanto, é nessa altura que aparece um documento produzido e espalhado em Malanje, pelo Movimento de Libertação Nacional (MLN), do Dr. Micolo, que convulsionou ainda mais toda a sociedade malanjina – o célebre Manifesto de Kasanji.”

Em 1991, Moisés Kamabaya fundou a Associação Cívica Para o Desenvolvimento Económico e Socio-Cultural do Kwanza-Norte, Malanje e Kasanji (AKWAMAKA) de que é presidente.


Tomás Lima Coelho

2 comentários:

Unknown disse...

Boa tarde caríssimos, eu tenho interesses em comprar este livro do Dr. Kamaya "Os Heróis da Baixa de Kassanji. Por favor caso vejam este comentário, por favor contactem-me por estes terminais: 923522952/913573962

Leonel de Matos Cardoso disse...

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