MOISÉS KAMABAYA
Nasceu em Malanje, no
bairro do Ritondo, em 1937. Aí iniciou os estudos, primeiro na Missão Católica
e depois no Seminário. Mas naquele tempo, para as classes não privilegiadas, terminada
a 4ª classe era preciso pensar no futuro: “Meu pai foi
levar-me a um colono, amigo seu, dono de uma oficina de mecânica, o Sr.
Adriano, que tinha a sua oficina no Ritondo.” Ali ficou algum tempo, até se mudar para Luanda onde estudou Economia
no Liceu Salvador Correia até ao 4º ano em 1971, altura em que foi preso pela
PIDE e condenado a treze anos de cadeia pela sua participação na luta
anticolonial. Foi um alto quadro da FNLA antes de ingressar no MPLA de que foi
deputado.
Em finais de 1960 foi
testemunha da revolta dos camponeses da Baixa de Kasanje contra as
arbitrariedades da Cotonang, a poderosa detentora do monopólio do comércio de
algodão naquela região. Ele próprio e alguns dos seus familiares foram
participantes activos do movimento, estabelecendo as bases do que viria a ser a
FNLA. Baseado nessa experiência escreveu “OS HERÓIS DA BAIXA DE KASANJI”, uma
publicação de 2007 da Editorial Nzila, obra que dá a conhecer uma versão mais
próxima dos revoltosos. Essa revolta viria a ter o seu clímax durante os
bombardeamentos executados pela Força Aérea Portuguesa em Janeiro e Fevereiro
de 1961 dos quais, até hoje, se desconhece o número exacto de vítimas.
“Enquanto se davam os
acontecimentos trágicos na Baixa de Kasanji, na cidade de Malanje também a PIDE
prendia em massa. (…) Foi nessas circunstâncias, que a 30 de Abril de 1961 fui
preso, eu, meu pai, João Gaspar Kamabaya e os meus irmãos, Francisco João e
Félix, levados à noite, no decorrer de uma grande rusga geral que teve lugar no
Bairro da Sé, não para sermos julgados, mas sim para pura e simplesmente sermos
abatidos pelo capitão Teles Grilo.
Eu, meu pai e meus
irmãos fomos os únicos que escapámos nessa noite, graças à intervenção “in
extremis” do Bispo D. Manuel Nunes Gabriel e do notário português Dr. José da
Silva Marreiros. Este último estava perto da cadeia com os outros brancos a
assistirem à matança dos ditos “terroristas” que queriam a independência.
Os restantes
companheiros que nesse dia foram connosco pereceram todos. Depois seguiram-se
as prisões do pai do Rosário Neto, o Sr. João Rosário, o Prof. Manuel da Cruz,
o Dr. Luís João Sebastião Micolo, o Dr. João Felizardo Muvimba, os Reverendos
Metodistas Job Baltazar Diogo, Major Manuel Neto, Filipe de Freitas, Geraldo
Manuel Xavier, e expulsos muitos padres e missionários estrangeiros, sobretudo
os americanos. Entretanto, é nessa altura que aparece um documento produzido e
espalhado em Malanje, pelo Movimento de Libertação Nacional (MLN), do Dr.
Micolo, que convulsionou ainda mais toda a sociedade malanjina – o célebre
Manifesto de Kasanji.”
Em 1991, Moisés
Kamabaya fundou a Associação Cívica Para o Desenvolvimento Económico e Socio-Cultural
do Kwanza-Norte, Malanje e Kasanji (AKWAMAKA) de que é presidente.
Tomás Lima Coelho
2 comentários:
Boa tarde caríssimos, eu tenho interesses em comprar este livro do Dr. Kamaya "Os Heróis da Baixa de Kassanji. Por favor caso vejam este comentário, por favor contactem-me por estes terminais: 923522952/913573962
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