MOISÉS KAMABAYA
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Em finais de 1960 foi
testemunha da revolta dos camponeses da Baixa de Kasanje contra as
arbitrariedades da Cotonang, a poderosa detentora do monopólio do comércio de
algodão naquela região. Ele próprio e alguns dos seus familiares foram
participantes activos do movimento, estabelecendo as bases do que viria a ser a
FNLA. Baseado nessa experiência escreveu “OS HERÓIS DA BAIXA DE KASANJI”, uma
publicação de 2007 da Editorial Nzila, obra que dá a conhecer uma versão mais
próxima dos revoltosos. Essa revolta viria a ter o seu clímax durante os
bombardeamentos executados pela Força Aérea Portuguesa em Janeiro e Fevereiro
de 1961 dos quais, até hoje, se desconhece o número exacto de vítimas.
“Enquanto se davam os
acontecimentos trágicos na Baixa de Kasanji, na cidade de Malanje também a PIDE
prendia em massa. (…) Foi nessas circunstâncias, que a 30 de Abril de 1961 fui
preso, eu, meu pai, João Gaspar Kamabaya e os meus irmãos, Francisco João e
Félix, levados à noite, no decorrer de uma grande rusga geral que teve lugar no
Bairro da Sé, não para sermos julgados, mas sim para pura e simplesmente sermos
abatidos pelo capitão Teles Grilo.
Eu, meu pai e meus
irmãos fomos os únicos que escapámos nessa noite, graças à intervenção “in
extremis” do Bispo D. Manuel Nunes Gabriel e do notário português Dr. José da
Silva Marreiros. Este último estava perto da cadeia com os outros brancos a
assistirem à matança dos ditos “terroristas” que queriam a independência.
Os restantes
companheiros que nesse dia foram connosco pereceram todos. Depois seguiram-se
as prisões do pai do Rosário Neto, o Sr. João Rosário, o Prof. Manuel da Cruz,
o Dr. Luís João Sebastião Micolo, o Dr. João Felizardo Muvimba, os Reverendos
Metodistas Job Baltazar Diogo, Major Manuel Neto, Filipe de Freitas, Geraldo
Manuel Xavier, e expulsos muitos padres e missionários estrangeiros, sobretudo
os americanos. Entretanto, é nessa altura que aparece um documento produzido e
espalhado em Malanje, pelo Movimento de Libertação Nacional (MLN), do Dr.
Micolo, que convulsionou ainda mais toda a sociedade malanjina – o célebre
Manifesto de Kasanji.”
Em 1991, Moisés
Kamabaya fundou a Associação Cívica Para o Desenvolvimento Económico e Socio-Cultural
do Kwanza-Norte, Malanje e Kasanji (AKWAMAKA) de que é presidente.
Tomás Lima Coelho
2 comentários:
Boa tarde caríssimos, eu tenho interesses em comprar este livro do Dr. Kamaya "Os Heróis da Baixa de Kassanji. Por favor caso vejam este comentário, por favor contactem-me por estes terminais: 923522952/913573962
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