domingo, 3 de janeiro de 2016

Boneca de Trapos

Dling, Dlong, Dling, Dlong
Caixinha de astros no meu corpo.
Ainda tenho a esperança,
De não romper mais o espaço meu,
E coser de uma enfiada, a gaiteira teixura,
Da minha pele a arder nas esferas esponjas
Do que não sou nem hei-de ser.

Pega-me a criança ao seu colo,
Meu sustento é o de um anjo
Que embalando na noite, pela noite
Serenamente respirando.
E o bracinho, gordinho, mansinho,
O seu calor é vida que nasce.

Acorda com o cuco o menino,
E do tecido que se rompe,
Mais uma vez saltam esponjas,
Caio da cama no chão,
O menino tropeça nos astros,
Mãe de sonhos cose o pano,
Abre-se por fim pano, primeiro acto,
Raia luz e o dia já vai tão alto.

Diogo Correia


3 comentários:

MJC disse...

Não é a Ideia que se diz que conta. O que conta é a própria Ideia em si. As palavras perdem espaço e importância. É a energia que circula que se sente e se lê.
É então que, como se lê no poema do Diogo, que ficamos como "meninos tropeçando nos astros."
Abraço Diogo.

Manuel João Croca

Diogo Correia disse...

Crocaaa!!!

Obrigado. As palavras são apenas um cartão de visita, do que sentimos e pensamos.

Abraço amigo
Diogo

Gil disse...

O Diogo teve a arte e o condão de transformar uma série de lembranças de ditos, jogos e canções de meninos num lindo poema que, como já referiu o Manuel João, nos leva "tropeçando nos astros"

Abraço, Diogo

Fernanda Gil