quinta-feira, 12 de maio de 2016

Estudos Orientais


A Ética Budista e os 4 selos dos preceitos




No Budismo a libertação definitiva do samsara, do ciclo infinito dos renascimentos, só acontece quando a mente está livre das 8 preocupações mundanas, constituída por 4 pares: ganhar e perder, prazer e dor, elogio e censura, fama e insucesso. Para tal é preciso cultivar e desenvolver um conjunto de comportamentos em que assenta a ética budista e que se divide em três posturas:     
- Palavra Justa, não mentir, não maldizer, não injuriar, não matar, não roubar, ética sexual, não negociar com armas, não comerciar seres, carne, substâncias tóxicas, venenos.
- Esforço Justo, tempo dedicado à meditação – evitar emoções negativas, remover emoções negativas, gerar emoções positivas, fomentar emoções positivas que já existam.
- Pensamento Justo, coragem, sabedoria, renúncia à ignorância, generosidade, capacidade de partilha, não-violência, amor e compaixão desinteressadas.

Para além da contemplação destes comportamentos éticos para se ser budista é indispensável a adesão aos 4 selos dos preceitos, onde se diz que:
- Tudo acontece sob determinadas causas e condições. Tudo é impermanente e tudo é interdependente.
- Nada existe em si e por si. A expectativa de que exista alguma coisa gera insatisfação, porque se espera que as coisas posam ser uma coisa que de facto não são.
- Tudo é vacuidade. Nada tem existência intrínseca. Não há nada que exista como uma identidade separada, de tudo o que constitui alteridade.
- A vacuidade que permite o nirvana é a paz.

O conceito de paz, mais do que só uma referência ao fim dos conflitos bélicos, surge-nos aqui numa dimensão também interior. Como nos diz o Dalai Lama, “Devemos muito à paz de espírito. Nenhuma relação verdadeira pode ser estabelecida se não atingirmos a paz de espírito. Há que a encontrar e, com ela, o caminho do conhecimento verdadeiro. Há que reconhecê-la, alcançá-la, preservá-la. (…) Em geral, a precipitação, a competição, o stress, sucesso difícil, dinheiro enganador, nada valem para o nosso corpo, para o nosso organismo." (LAMA, Dalai e CARRIÉRE, Jean-Claude, A Força do Budismo. Lisboa: Difusão Cultural, 1995, pp. 98/99).

Os que vêm a verdade vêm aquilo que existe. Temos que nos libertar da ideia de ser e da ideia de não ser. Não há solução para o problema, porque o problema não existe. Constatar isso é a solução. A experiência do despertar é que não há quem desperte, não há sujeito. O nirvana é a paz.


Luís Santos


2 comentários:

Gil disse...

Muito interessante....

luis santos disse...


Sem dúvida.