A Ética Budista e os
4 selos dos preceitos
No Budismo a libertação
definitiva do samsara, do ciclo infinito dos renascimentos, só acontece quando
a mente está livre das 8 preocupações mundanas, constituída por 4 pares: ganhar
e perder, prazer e dor, elogio e censura, fama e insucesso. Para tal é preciso
cultivar e desenvolver um conjunto de comportamentos em que assenta a ética
budista e que se divide em três posturas:
- Palavra Justa, não mentir, não maldizer, não injuriar, não
matar, não roubar, ética sexual, não negociar com armas, não comerciar seres,
carne, substâncias tóxicas, venenos.
- Esforço Justo, tempo dedicado à meditação – evitar emoções
negativas, remover emoções negativas, gerar emoções positivas, fomentar emoções
positivas que já existam.
- Pensamento Justo, coragem, sabedoria, renúncia à
ignorância, generosidade, capacidade de partilha, não-violência, amor e
compaixão desinteressadas.
Para além da contemplação destes
comportamentos éticos para se ser budista é indispensável a adesão aos 4 selos
dos preceitos, onde se diz que:
- Tudo acontece sob determinadas causas e condições. Tudo é
impermanente e tudo é interdependente.
- Nada existe em si e por si. A expectativa de que exista
alguma coisa gera insatisfação, porque se espera que as coisas posam ser uma
coisa que de facto não são.
- Tudo é vacuidade. Nada tem existência intrínseca. Não há
nada que exista como uma identidade separada, de tudo o que constitui
alteridade.
- A vacuidade que permite o nirvana é a paz.
O conceito de paz, mais do que só
uma referência ao fim dos conflitos bélicos, surge-nos aqui numa dimensão
também interior. Como nos diz o Dalai Lama, “Devemos muito à paz de espírito. Nenhuma relação verdadeira
pode ser estabelecida se não atingirmos a paz de espírito. Há que a encontrar e,
com ela, o caminho do conhecimento verdadeiro. Há que reconhecê-la, alcançá-la,
preservá-la. (…) Em geral, a precipitação, a competição, o stress, sucesso
difícil, dinheiro enganador, nada valem para o nosso corpo, para o nosso
organismo." (LAMA, Dalai e CARRIÉRE,
Jean-Claude, A Força do Budismo. Lisboa: Difusão Cultural, 1995, pp. 98/99).
Os que vêm a verdade vêm aquilo
que existe. Temos que nos libertar da ideia de ser e da ideia de não ser. Não
há solução para o problema, porque o problema não existe. Constatar isso é a
solução. A experiência do despertar é que não há quem desperte, não há sujeito.
O nirvana é a paz.
Luís Santos
2 comentários:
Muito interessante....
Sem dúvida.
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