terça-feira, 17 de maio de 2016

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

HÁ BRILHOS NO CÉU DA TARDE

Livros Escolares da Matilde, II
“Somos Amigos”, sob a coordenação do Secretariado Nacional da Educação Cristã, em décima sexta edição, do ano de dois mil e dois. Trata-se do manual de educação moral e religiosa católica para o primeiro de escolaridade e custou um euro e noventa cêntimos. 



Iluminadas pelo Sol que se fez sentir para cá de um horizonte acinzentado sobre as colinas da outra margem, as gaivotas de um bando parecem pedacinhos de papel brilhando, quais pirilampos prateados, voando sob uma montanha branca que alinda o céu. 

É tão profunda a troposfera, nestas tardes luminosas de Novembro. 



Assim como é profunda a alma humana que a Voyager transporta, agora que vai abandonar o sistema solar, em busca de aventuras nos espaços inter-estelares da galáxia. 



A piscina ao Sábado de manhã, é um momento de alegria para as minhas filhas. 
E dá gosto ver como elas evoluem no domínio da locomoção em meio aquático. 


E o pai aproveitou para quase acabar de ler um conjunto de histórias do Barreiro operário do pós-guerra, em que ficam bem claros os contornos das injustiças e das misérias que deram alimento à esperança das lutas por um mundo melhor, onde os ideais associados ao comunismo encontraram terreno fértil para vingarem e incendiarem os espíritos. (1) 
Trata-se do terceiro volume de uma narrativa da resistência anti-fascista naquela cidade industrial, diferentemente dos anteriores, com cariz mais monográfico, desta vez compilando histórias do povo, sob a forma de pequenas ficções realistas. 
Se bem que a pena não seja a de um literato, não é por isso que deixa de ser um trabalho interessante e necessário. 
Mas devo dizer que o Autor peca pela parcialidade com que constrói os quadros que nos apresenta. E nem dela precisaria para obter o efeito que pretende. A realidade que descreve era tão pungente que bastaria dizê-la; os comentários eram dispensáveis. 

No que pessoalmente me diz respeito, existe a dupla particularidade simpática de ter lido e registado os dois primeiros volumes aquando da execução do diário homónimo da Margarida e de esta última parte da obra me ter sido ofertada pelo senhor Mário Nunes que teve a gentileza de pedir ao Autor para me fazer uma dedicatória, gesto bonito que me sensibiliza. 



Portugal lá chegou a acordo com Espanha para que se estabeleça a nossa ligação à rede de alta velocidade europeia, o que contribuirá para diminuir a nossa condição de periféricos. 
Dado o traçado da malha espanhola, não serão de mais as extensões ao nosso país. 
Já as prioridades me parecem ser discutíveis. 
A primeira ligação entre Porto e Vigo? E só depois Lisboa e Madrid e Aveiro Salamanca que será o caminho mais curto para lá da Península? 

Os governos portugueses não podem com uma gata pelo rabo. São, de todo, incapazes de impor os interesses nacionais a quem quer que seja, muito menos ao governo de um país concorrente. 



Tudo indica que a partir desta semana serão as sextas-feiras um dia leve e de quinze em quinze dias direi mesmo, muito leve. 
Acontece que as aulas de música e de educação moral e religiosa acontecerão no espaço das manhãs em referência, pelo que a lição ficará reduzida a um terço, isto se contarmos com os intervalos que, obviamente, serão em número maior que o habitual. 
Foi ontem a apresentação para aquelas disciplinas e a Matilde já trouxe novidades no domínio das canções. 
Sobre uma e a outra escreverei em próxima oportunidade. 

Daí resultou que os alunos tiveram que fazer apenas exercícios com as palavras dadas e aquelas que a partir daí já construíram. 
Trouxeram trabalho para casa que a Matilde resolveu na tarde de ontem. 



E esta noite acontecerá um eclipse lunar total. 
Mas antes iremos assistir a uma noite de bailado, pela companhia nacional, no pavilhão municipal da Moita. 



Agora vou preparar as castanhas que farão o nosso jantar. 


Alhos Vedros 
  08/11/2003 


NOTA 

(1) Sousa Teixeira, Armando, A RUA DIREITA E OS MIÚDOS DO LADO DA PRAIA, BARREIRO UMA HISTÓRIA DE TRABALHO RESISTÊNCIA E LUTA – PARTE III, A DÉCADA DE CINQUENTA 


CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 

Sousa Teixeira, Armando, A RUA DIREITA E OS MIÚDOS DO LADO DA PRAIA, BARREIRO UMA HISTÓRIA DE TRABALHO, RESISTÊNCIA E LUTA – PARTE III, A DÉCADA DE CINQUENTA, Prefácio de Artur Carvalho, Edições Avante, Lisboa, 2001

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