Nem mais!
Depois do pai fundador ter lançado o mote, começa a crescer a ideia de um apoio a Guterres para a presidência da república.
Para mim está bem assim. Seria o ex-primeiro ministro um bom sucessor para Jorge Sampaio. Depois do democraticídio que os socialistas levaram a cabo em Portugal, nada melhor que o seu símbolo mais emblemático para representar o mais alto cargo do país.
A bem da nação!
Pois vejam só a seguinte notícia:
“Os políticos que se deslocaram a Sevilha para assistir à final da Taça da UEFA entre o FC Porto e o Celtic visitaram ontem o novo estádio do Dragão. Os deputados Elisa Ferreira (PS), Almeida Santos (PS), Fernando Gomes (PS), Jorge Neto (PSD), Leonor Beleza (PSD), bem como os presidentes de câmara Luís Fílipe Menezes (Gaia), Mário Almeida (Vila do Conde), Valentim Loureiro (Gondomar), Narciso Miranda (Matosinhos), Bragança Fernandes (Maia) e Paulo Teixeira (Castelo de Paiva), entre outros, ficaram a conhecer a nova casa portista depois de há alguns meses terem estado em Sevilha a assistir à vitória na Taça UEFA.” (1)
Isto não foi um fait-divers inocente.
Dois dias antes, o Presidente da Câmara do Porto inaugurou os acessos àquele complexo desportivo sem que algum dirigente do clube beneficiado tenha estado presente, o que pode ser apresentado como exemplo de educação esmerada, só igualada pelos palavrões com que o edil foi ali recebido por uns quantos adeptos mais animados.
Agora, o Vice-Rei do Porto quis deixar claro que nem todos têm lugar na sua corte.
Estão a ver a quem obedecem os representantes da nação?
O país assiste meio distante, meio tocado pelo problema, aos protestos dos alunos contra as propinas nas universidades públicas.
Não tenho dúvida que deve haver muito oportunismo nas reivindicações dos estudantes; afinal, são os filhos das famílias mais apetrechadas cultural e financeiramente quem tem mais e melhores condições para chegarem àqueles patamares de ensino.
Além disso não é difícil compreender que sendo os recursos limitados e estando a nossa economia longe dos desempenhos de países mais desenvolvidos, provavelmente, neste momento, não há alternativa que o esforço do financiamento seja em parte assegurado pelos seus utentes.
Mas tudo isto é resultado de um estado de corrupção moral em que o país mergulhou que justifica a opção de fazer da organização de um europeu de futebol o grande desígnio nacional do presente.
Num país como o nosso, o investimento na educação e na formação da população seria o primeiro dos caminhos que nos possibilitariam diminuir o fosso que nos separa do mundo rico. Nesse sentido e, atendendo à situação de alguma dificuldade que vivemos, apesar de pensar que algum contributo pode ser pago na forma das propinas, sequer seria insensato que tivéssemos uma universidade pública gratuita.
Temos de correr com esta gente que nos agrilhoa o futuro.
Por sua vez, a Matilde continuou os exercícios em torno do número um que envolveram recortes, colagens e desenhos, sempre em torno da expressão gráfica do algarismo, como da sua representação quantitativa .
Do mesmo se fez o trabalho para casa.
E eu tive um dia de cortar a respiração.
Ao fim da tarde, depois de ter levado os anjinhos à aula de ginástica, deixei-me dormir no sofá da sala.
E agora que as noites arrefecem, é tão bom ajeitar o edredão a dar um beijinho naqueles cabelinhos dos meus amores mais novos.
É o que farei de seguida.
Alhos Vedros
05/11/2003
NOTA
(1) Costa, Luís Octávio, POLÍTICOS VISITAM O DRAGÃO, p. 38
CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
Costa, Luís Octávio, POLÍTICOS VISITAM O DRAGÃO, In “Público”, nº. 4975, de 04/11/2003
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