SEMÁFORO
Ao caminho
De passagem avenida acima.
Espera, o semáforo para peões não está verde.
Ainda para mais acabou de passar um carro vermelho,
Não, não posso atravessar ainda,
Não sei que ideia tenho em mim para querer atravessa-la agora.
Agora respiro, coço a cabeça, mexo o braço
E faço uma vénia ao carro que acabou de passar.
Os carros pensam como um homem e sentem como uma máquina
E basta ligar a ignição para começarem a sentir,
A roncar, a rir ou a chorar
Ou não, ou talvez seja ao contrário
Talvez o homem pense como um homem e sinta como uma máquina.
Não sei... se o soubesse faria do mundo uma máquina,
O meu cavalo possante feito de aço e ferro
Com todas as leis da engenharia astral que um homem necessita
Para poder sonhar, e fazer vibrar as cordas das contelações.
Tenho o chapéu de chuva numa das mãos
Esta sol e aguardo que o semáforo se ponha verde
Sou peão na minha consciência ao querer passar a rua,
Do lado de lá o mistério da vida encontra-se,
O cão que urina no passeio
A mulher que vende cautelas
O velha que passa bengalando
O menino que avança sorrindo,
Com a mãe pedindo colo.
Ou não, espera...
Um só segundo é necessário
Para alterar o sentido mundano das coisas,
Se assim não o fosse não estaria agora
Querendo eu passar a rua,
Pode- se passar uma rua em apenas um segundo
que o mistério do mundo continua intacto,
E mesmo que demorássemos milénios
Uma só ideia de um homem santo faria
Com que o tempo de passar a rua se reduzisse ao mais ínfimo milésimo.
Aguardo... aguardo com todas as emoções dignas de um homem.
De um homem sim, eu o homem, com outro ao lado fumando cachimbo,
Com uma mulher do outro manipulando o hiphone aguardando,
Na a paciência constante com que todos seres aguardam
Entretanto o semáforo muda de cor, mas ainda não está verde...
Málaga 2017
Notinha: O poema tem jazz. Para ouvir clique no nome do autor.
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