por Lara Nayr
Sempre
ouvi dizer que para vingarmos na vida precisamos de ter um espírito ambicioso e
competitivo. Somos educados no sentido de olhar para a sociedade e a crer que o
mundo à nossa volta é egoísta e que, para que possamos sobreviver neste meio, a
necessidade é sê-lo também. Lutamos pela sobrevivência, por
gerar resultados positivos para nós mesmos, porque, na verdade, acreditamos que
terceiros não o irão fazer.
Segundo
Marshall Rosenberg, o Pai da Comunicação Não Violenta (CNV em diante), o ser
humano é dotado de dois aspetos completamente opostos, um lado compassivo e
outro competitivo. Mas, na prática, como é que é possível desligar-nos da
compaixão e empatia para nos entregarmos à violência, como tantas vezes
acontece, aumentando o tensão entre os intervenientes? E como é que é possível
que haja pessoas que mesmo em situação de constrangimento e dor consigam manter
o seu lado compassivo, criando um momento de conexão entre si e os outros?
É
com o objetivo de responder a estas questões que Marshall Rosenberg desenvolveu
o seu trabalho, salientando a importância do desenvolvimento da comunicação
empática e consciente entre as pessoas.
“O
que almejo na minha vida é compaixão, um fluxo entre mim e o outro com base
numa entrega mútua, do fundo do coração” - Marshall Rosenberg
Somos
empáticos quando conseguimos concentrar-nos na mensagem que o interlocutor nos
quer transmitir, entendendo a carga emocional nela implícita, mas sem que haja
tentativa da nossa parte de encorajar ou dar conselhos. Quando somos empáticos,
abrimos espaço para a conexão com o outro, dando oportunidade para que este se
possa expressar, sentindo-se ouvido e compreendido. O nosso trabalho neste
âmbito passa por escutar os seus sentimentos e necessidades em relação àquilo
que lhe traz constrangimento, sem que haja lugar para julgamento da nossa parte
e sem tentarmos moldar a pessoa que está diante de nós. Desta forma, criamos
espaço para que, segundo Rosenberg, haja um fluxo entre duas pessoas, uma
conexão, onde dois seres humanos partilham as suas alma e as suas
vulnerabilidades.
É
a partir da escuta empática e da comunicação consciente, atenta aos sentimentos
e necessidades do outro, que é possível responder às questões iniciais. A CNV
aplica-se a todos os tipos de comunicação e é capaz de mudar consciências e
atitudes. Quem sabe, um dia, não vejamos uma mudança ao nível global.
Lara Nayr
http://facebook.com/euquilibriobylara