Dias sem história, repouso e praia, livros conversas e uma tarde de passeio pela floresta da Tijuca com a primeira mulher do Luís e mãe dos seus filhos.
Foi bom revê-la e ficámos contentes por saber que está bem, a pensar em juntar trapinhos com Robson e em fase de abraçar um novo trabalho no sector das tipografias.
De resto continua com o mesmo espírito alegre e positivo de sempre, apesar de continuar eternamente atenta à educação dos filhos e aos perigos potenciais que correm numa cidade como esta.
Também ela gostou de nos rever e de conhecer o Quim, o Daniel e a Matilde e de rever a Margarida que está quase do tamanho da mãe.
“-Então, pardalito, estás a gostar das férias?”
“-Sim! Mas agora sai daqui que a mãe está a ler uma história.” –E, em acto contínuo, lá a Matoldas continuou a leitura para o primo Daniel, ambos refastelados no sofá da sala do tio onde se refugiaram das conversas dos adultos.
Parece que afinal houve água com abundância no planeta Marte.
E eu gozando estas semanas de férias esquecido de tudo, apenas mantendo os olhos abertos para o mundo que vou vendo neste dia a dia sem compromissos.
Naturalmente continuamos a desempenhar as funções da paternidade que é permanente e intransmissível, mas agora já não temos que nos preocupar com o desempenho dos cuidados corporais da Margarida que trata de si, sequer dando ensejo a que tenhamos de transmitir qualquer indicação que seja e mesmo a Matilde começa a dar conta da maior parte do recado.
Permanecem a atenção e os carinhos o que até nos faz bem à alma e completa enquanto seres que dão Graças pela alegria de estarem vivos.
E é tão bom ter a companhia dos pardalitos e com eles partilhar o prazer das conversas.
Eu tenho para mim que esta relação presencial e espontânea é a base do papel educativo dos pais, é ela que nos abre as vias para a autoridade natural de ensinarmos os aspectos e as condutas, de expormos os nossos valores e padrões de comportamento e, paralelamente, transmitirmos conhecimentos de todos os géneros e âmbitos.
É este relacionamento diário, calmo e respeitoso, o fundamento de todas as restantes vertentes do que um pai e uma mãe devem ser, os adultos a quem compete prestar o auxílio e as condições para que os rebentos se façam gente de bem, com bom carácter.
“-Quem é que é capaz de dizer onde está o Pão de Açúcar?” –Perguntei, na Vista Chinesa.
“-Está ali.” –Respondeu a Matilde de imediato, apontando na direcção certa.
“-Muito bem, pardalito!” –Aplaudiu a mãe, sorrindo orgulhosa.
Jantar de despedida em casa do Zé Luís que fez questão de retribuir o convite para o aniversário do Luís e de estender a oferta aos familiares portugueses.
Encontro de parentes, elegante mas sem cerimónias e aos pratos brasileiros de carne e camarão, a Newma acrescentou um bacalhau com natas que ela própria preparou. Vinho verde do meu sogro que todos aprovaram e, ou não estivéssemos entre filhos e netos de portugueses, o vinho do Porto para acompanhar o café que se seguiu aos doces de coco e chocolate.
Troca de impressões com Edmond a respeito de uma viagem pelo Rio Grande do Sul.
O Brasil pode ter influências do que quer que se possa entender por portugalidade, mas é americano no seu modo de vida, melhor será dizer, nos seus modos de vida.
E agora eu já sinto saudade, enquanto do aeroporto vejo ao longe os contornos dos montes que pontuam o cenário de uma cidade maravilhosa.
Rio de Janeiro
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