A INAUGURAÇÃO DO QUARTO NOVO
Uf! Depois das férias as arrumações finais.
Mas há quantos meses não víamos a casa limpa e sem pó.
E agora que os móveis e os bibelôs regressaram ao lugar e que os tapetes foram recolocados e o quarto das miúdas está pronto a usar, damos conta que voltamos a habitar uma casa normal e, pelas alterações que lhe fizemos, com a particularidade simpática de termos a sensação de estarmos a viver num apartamento novo.
Falta redistribuir as pinturas mas temos uma série de obras para emoldurar.
Mas recuperámos o sossego de uma casa confortável.
Acontece é que todos estes afazeres e o reajustamento dos sonos ao nosso fuso horário pouco ou nenhum espaço deixou para aqui registar o que quer que fosse e depois desta ausência também não tive oportunidade de me pôr em dia com as notícias.
Vejo que o país continua na ressaca dos fogos ainda mais intensos que os do ano passado e mais um vez com os contornos do resultado de acções criminosas.
Entre nós, o estado de direito vai a pique.
Em Najaf, a polícia iraquiana e forças do exército norte-americano cercaram uma mesquita em que se refugiou Al-Sadr e o bando de foras da lei que constituem a sua milícia armada. Há conversações para que se entregue e desarme os seus homens, sabendo que lhe oferecem a possibilidade de transformar o seu movimento em partido político, podendo assim candidatar-se ao exercício do poder.
Cá para mim, só em troca de poder absoluto aquela gente aceitaria sair do lugar em que se encurralaram.
Dentro de dias haverá o assalto àquele lugar de culto, com o que o líder radical pensa ter condições de originar uma onda de protestos e solidariedades entre as populações árabes e muçulmanas, capaz de traduzir em mais fortes apoios para a sua luta de impor à sociedade iraquiana uma visão totalitária e integrista do Islão, naturalmente sem a presença das tropas aliadas naquele território.
Seria o pior cenário que poderia resultar da queda do regime de Saddam Hussein e parece-me incompreensível como no Ocidente continua a tibieza de não se apoiar clara e firmemente a consolidação de uma sociedade aberta e um estado de direito no Iraque.
Em tempos de cinismo relativista, curvamos a espinha perante as trevas que uma visão medieval do mundo aspira por fazer cair sobre grande parte do planeta.
A Matilde e a Margarida estão encantadas com o novo quarto.
Ali dormiram esta noite pela primeira vez.
E pela caixa do correio fiquei a saber que no passado dia sete, por ocasião da festa do octogésimo nono aniversário do CRI, perdi a cerimónia de entrega das medalhas de vinte e cinco anos de sócio a que já tenho direito.
Alhos Vedros
11/08/2004
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