terça-feira, 31 de dezembro de 2019

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A INAUGURAÇÃO DO QUARTO NOVO

Uf! Depois das férias as arrumações finais. 

Mas há quantos meses não víamos a casa limpa e sem pó. 

E agora que os móveis e os bibelôs regressaram ao lugar e que os tapetes foram recolocados e o quarto das miúdas está pronto a usar, damos conta que voltamos a habitar uma casa normal e, pelas alterações que lhe fizemos, com a particularidade simpática de termos a sensação de estarmos a viver num apartamento novo. 

Falta redistribuir as pinturas mas temos uma série de obras para emoldurar. 


Mas recuperámos o sossego de uma casa confortável. 



Acontece é que todos estes afazeres e o reajustamento dos sonos ao nosso fuso horário pouco ou nenhum espaço deixou para aqui registar o que quer que fosse e depois desta ausência também não tive oportunidade de me pôr em dia com as notícias. 

Vejo que o país continua na ressaca dos fogos ainda mais intensos que os do ano passado e mais um vez com os contornos do resultado de acções criminosas. 


Entre nós, o estado de direito vai a pique. 


Em Najaf, a polícia iraquiana e forças do exército norte-americano cercaram uma mesquita em que se refugiou Al-Sadr e o bando de foras da lei que constituem a sua milícia armada. Há conversações para que se entregue e desarme os seus homens, sabendo que lhe oferecem a possibilidade de transformar o seu movimento em partido político, podendo assim candidatar-se ao exercício do poder.

Cá para mim, só em troca de poder absoluto aquela gente aceitaria sair do lugar em que se encurralaram. 

Dentro de dias haverá o assalto àquele lugar de culto, com o que o líder radical pensa ter condições de originar uma onda de protestos e solidariedades entre as populações árabes e muçulmanas, capaz de traduzir em mais fortes apoios para a sua luta de impor à sociedade iraquiana uma visão totalitária e integrista do Islão, naturalmente sem a presença das tropas aliadas naquele território. 

Seria o pior cenário que poderia resultar da queda do regime de Saddam Hussein e parece-me incompreensível como no Ocidente continua a tibieza de não se apoiar clara e firmemente a consolidação de uma sociedade aberta e um estado de direito no Iraque. 


Em tempos de cinismo relativista, curvamos a espinha perante as trevas que uma visão medieval do mundo aspira por fazer cair sobre grande parte do planeta. 



A Matilde e a Margarida estão encantadas com o novo quarto. 
Ali dormiram esta noite pela primeira vez. 



E pela caixa do correio fiquei a saber que no passado dia sete, por ocasião da festa do octogésimo nono aniversário do CRI, perdi a cerimónia de entrega das medalhas de vinte e cinco anos de sócio a que já tenho direito. 


Alhos Vedros 
  11/08/2004

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