sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Largo da Graça


O MUNDO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO


As tecnologias da informação estão a mudar o mundo - a conjunção da informática com as telecomunicações prenunciam uma nova época.
A fusão das tecnologias do telefone, computador, televisão por cabo e disco vídeo trarão novas formas de comunicação entre as pessoas.

A expansão da democracia é muito influenciada pelo progresso das comunicações a nível global.
O paradoxo da democracia atual é que enquanto se está a expandir por todas as partes do mundo, nas democracias mais maduras os níveis de confiança nos políticos tem vindo a diminuir.
Mas um certo desencanto nos políticos não desencantou os processos democráticos. Hoje, as pessoas que pertencem a organizações voluntárias, ou a grupos de ajuda mútua são vinte vezes superior às que estão filiadas em partidos políticos.
A revolução das comunicações produziu cidadanias mais activas, o que exige uma maior clareza e responsabilização dos líderes políticos.
É necessário democratizar a democracia.

A globalização neoliberal reproduz condições económicas e sociais que tende a aumentar as desigualdades entre ricos e pobres, quer em termos globais, quer nacionais.
O aumento das desigualdades acentua a exclusão social efectiva de grandes sectores da população mundial.
O aumento do trabalho precário nas grandes cidades e nas periferias provoca o aumento do número de pessoas que vive no limiar da miséria. 
Em Bogotá isso verifica-se, por exemplo, no crescente número de pessoas que sobrevive rebuscando contentores e lixeiras à procura de materiais recicláveis para venda.

Os países ocidentais exigiram a liberalização mundial do comércio para os produtos que exportavam, mas ao mesmo tempo continuaram a proteger os sectores em que a concorrência dos países em desenvolvimento podia ameaçar as suas economias.
Os EUA e o FMI insistiram sempre em acelerar este tipo de liberalização do comércio, fazendo mesmo depender os seus apoios ao desenvolvimento da aceitação dessa perspectiva.


Nos próximos anos, novas e mais sofisticadas tecnologias na área da informática aproximarão cada vez mais as sociedades mundiais de um "mundo sem trabalhadores". Redefinir a falta de trabalho deverá ser a questão social mais premente deste século.

Enquanto para alguns um mundo sem trabalho se traduzirá, sobretudo, em liberdade e tempo livre, para outros evoca a ideia de um futuro sombrio com desemprego e pobreza generalizada.

Novas instituições estão a ser criadas pelas pessoas para suprir necessidades que não estão a ser atendidas pelo mercado, ou pelo sector público. E isto se verifica por todo o mundo.


"No Séc. XVIII, a máquina a vapor, provocando a revolução industrial, mudou a face do mundo (...). No entanto, essa máquina apenas substituía o músculo.Com a vocação de substituir o cérebro, o computador está a provocar, sob os nossos olhos, mutações ainda mais formidáveis e inéditas." (Ramonet, Ignacio, 2002, p.91)


Luís Santos

Bibliografia
. LYON, David - A Sociedade da Informação. Oeiras: Celta Editora, 1992.
. GIDDENS, Anthony - O Mundo na Era da Globalização. Lisboa: Ed. Presença, 2000.
. RODRIGUEZ, César - O Caso das Cooperativas de Recicladores de Lixo na Colômbia,in, SANTOS, Boaventura Sousa - Produzir para Viver. Porto: Ed. Afrontamento, 2002.
. STIGLITZ, Joseph - Golobalização: A Grande Desilusão. Lisboa: Terramar, 2002.
. RIFKIN, Jeremy - O Fim dos Empregos. São Paulo: Ed. Milton Mira de Assumpção Filho, 1995.
. RAMONET, Ignacio - A Guerra dos Mundos. Porto: Campo das Letras, 2002.

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