segunda-feira, 19 de julho de 2010

AVIEIROS


Bateiras de Avieiros Acrílico sobre Tela 50x50cm
Autor António Tapadinhas
(clique sobre a imagem para ver pormenores)

Avieiros são os pescadores oriundos da região centro do país, principalmente de Vieira de Leiria, que procuraram o seu sustento na pesca no Vale do Tejo e no Estuário do Sado. O movimento migratório foi tão forte que ficaram conhecidos como os ciganos do rio. Inicialmente rejeitados pelos habitantes locais, viram-se obrigados a viver nos seus barcos, o que justificou assim a frase que considerava a sua embarcação como o berço, a câmara nupcial e a tumba.
As características mais evidentes da bateira do avieiro, são os dois bicos com a proa e a popa igualmente arredondadas para romper as ondas com facilidade e, também, as suas cores berrantes.
Com o decorrer do tempo, fixaram-se nestas zonas, onde construíram pequenas casas de madeira, que foram pintadas com as mesmas cores dos seus barcos. As casas destas aldeias foram edificadas sobre vigas para evitar as cheias do Tejo. A aldeia de Palhota é das poucas que mantém a originalidade da sua construção palafita e que alguns bem-intencionados procuram preservar, como um traço de união com o passado.
Mais uma vez, é a tentativa de sobrevivência de um tipo de vida em vias de extinção.
Voltarei ao assunto, pois estou a preparar uma série de quadros com as palafitas que existem na reserva natural dos estuários do Tejo e Sado e na ria de Aveiro.

5 comentários:

Luís F. de A. Gomes disse...

Os Avieiros, andarilhos das correntes que, em romance homónimo, belamente cantou Mestre Redol, o Alves, figura maior da nossa literatura que tão injustamente tem sido esquecido e sempre mal tratado pelo literária e o policamente correctos da nossa massa de escrevinhadores para quem ele foi um autor menor. Tristezas de tristes, digo eu que na pena dele reconheço o vigor dos maiores que sem pieguices se limitaram a retratar as contingências em que a o carácter dos homens melhor se revela. E como se isso fosse pouco, foi ele prenhe de uma densidade poética que em mais que um exemplo conseguiu verdadeiras pinturas com palavras. É pois um bom motivo para um ciclo pictórico que o Mestre certamente se deliciará de ver, pensando naquela história que nesse romance nos conta, a do amor entre o mar e a Lua em que simplesmente conseguiu fazer elevar a lenda da tradição popular ao plano da poesia, pura e bela, para enleio e elevação da alma.
Páginas raras que nos enchem de de gosto e felicidade pela oportunidade de sermos leitores. Assim como a luz desta tua tela nos inunda com a alegria de a apreciarmos. Ficamos pois à espera dos próximos capítulos.

Até lá, aquele abraço

Luís

A.Tapadinhas disse...

Luís F. de A. Gomes: Alguns escritores portugueses que fizeram parte das minhas leituras da infância e adolescência, estão completamente banidos, dos projectos de leitura desta geração...

Espero não estar a ser demasiado optimista e fosse mais correcto dizer, qualquer espécie de leitura! Para passar nos testes, basta ler os resumos que estão publicados de todas as obras que fazem parte dos programas...

Com esta me vou! Tenho umas pinturas para fazer!
rsrsrs

Aquele abraço,
António

luis santos disse...

Acho a tua pintura muito bonita. Encanta-me as formas dos barcos, quase fotográficas; o vermelho, azul e verde fortes, cheios de luz; as dobras dos panos e as nuances dos lodos e dos limos na água, se é que assim se pode dizer. E também me dá que pensar o que está oculto: a actividade avieira e, sobretudo, a forma de subsistência que lhes coube para viver.

De repente, sinto-me transportado para um mail que a Margarida Castro enviou sobre os habitantes de um pequeno lugarejo, na Ilha do Fogo, Cabo Verde, no sopé do vulcão, que vivem em regime de auto-subsistência cuidando das suas cabras e das suas culturas, dos seus famosos queijo e vinho, e penso no que isso terá a ver com a crise do capitalismo financeiro, o PEC, o défice público que nos assalta e diariamente nos entra pela casa dentro... curiosa comparação tão cheia de mundo(s). Perdoa-me o desabafo.

Fica-me a Carrasqueira, lugar da Reserva Natural do Sado, encostado ao estuário, entre a Comporta e Alcácer do sal, cujo porto lacustre (espero que a palavra sirva) sempre me deixou deveras impressionado.

com a presença atenta da Ria Formosa,

Abraço.

A.Tapadinhas disse...

Luis Santos: Tudo o que dizes sobre a minha pintura, apenas uma palavra: Obrigado!

Sei que és sincero! A prova? Tens em tua casa uma obra minha, que compraste!

Ontem fui a casa de um desses amigos especiais. Revi, com a emoção que podes imaginar, um dos meus quadros, "Pássaros de Fogo, sobre o Rosário", que acho que viste em exposição na Galeria da Moita...

Não sei quem disse, mas digo com ele: A beleza não é um atributo das coisas em si. Só existe na mente que as contempla.

Esta série deve incluir a Carrasqueira e a Ria de Aveiro...

Abraço,
António

Anónimo disse...

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