Uma Revista que se pretende livre, tendo até a liberdade de o não ser. Livre na divisa, imprevisível na senha. Este "Estudo Geral", também virado à participação local, lembra a fundação do "Estudo Geral" em Portugal, lá longe no ido século XIII, por D. Dinis, "o plantador das naus a haver", como lhe chama Fernando Pessoa em "Mensagem". Coordenação de Edição: Luís Santos.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Quem sou eu?
Fernanda Leite Bião
Outro dia me perguntaram: — Quem sou eu?
Busquei, em meio à minha razão e reflexão, precisar. Uma imagem invadiu a minha mente. Deixei-a entrar.
Era uma estrela cadente luminosa. Cores variadas percorriam seu corpo celeste e traduziam a beleza do seu ser. Acompanhei-a. Busquei seguir seus passos. Ou seria o seu rastro?
Percebi que ela transitava entre mundos e percorria o universo. Parecia sem rumo preciso, de curso incerto.
Senti-me um pouco apreensiva em seguir um ser sem direção exata. Entretanto, uma coragem frente ao desconhecido e às possibilidades de conhecer se espargiram em minha alma. Fui tomada de uma força poderosa que me movimentou.
Por onde passávamos, via um baile de corpos celestes. Tantos movimentos, tanta diversidade.
Estranho, parecia já conhecer algo semelhante àquilo.
Enquanto viajava, busquei contemplar todos os detalhes à minha volta.
À medida que me permitia sentir, vivenciar, o medo se esvaía.
Comecei a reparar que o medo tem energia vital em nossas experiências passadas. Elas modelam experiências e respondem aos comportamentos presentes.
Em face do perigo, nós tendemos a nos conservar exatamente no lugar que conhecemos. Acontece isso comigo. Será que acontece com outras pessoas? Acontece com vocês?
Bem, a viagem foi uma viagem! Engraçado como a mente da gente se perde na imensidão do cosmo. Parece, de fato, uma estrela sem rumo, vagando por aí.
Quando me assustei, estava de volta a mim.
Fiquei curiosa para saber onde a estrela foi parar. Ao mesmo tempo, voltava a quem sou eu.
Eu sou...
Peraí!
A estrela caiu. Lembrei agora. Lugar estranho aquele...
Mas, voltando à nossa pergunta inicial: vou olhar ali no espelho. Espera um pouco, tá?
Olhei-me. Observei cada detalhe.
Sabe o que descobri? Acho que minha mente baila demais.
Vi as cores da estrela em mim. Será que ela caiu aqui em casa?
Não sei. O que vocês acham?
Quem sou eu? Acho que sou a estrela cadente.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Fernanda,
Parabéns. Conseguir responder à pergunta de partida que coloca não é fácil. Mas você não só conseguiu como me parece que acertou em cheio. Estrela cadente me parece muitíssimo bem. Como é que eu sei? É que eu também tenho uma estrela cá dent(ro)!, já fui a um baile de estrelas e houve uma que mesmo agora me entrou em casa pelo monitor do computador. Uma outra vez, numa experiência passada, outras vidas, vi uma chuva de estrelas. E foi assim como que extraordinariamente belo. Toda aquelas luzes a multiplicarem-se por luzes. Depois disso, sempre que me sinto só, ou fico às escuras, relembro esse brilho imenso e já está, ilumina-se a consciência.
Muito Obrigado.
Enviar um comentário