É preciso que nos fundemos na paz.
Pouco há de mais vil do que a ideia de guerra, onde a principal consequência é a do sofrimento e da morte. Onde se sacrificam generalizadamente aqueles que nos são mais queridos, todos.
Devemos eleger como motivo maior o amor.
O que nos permite olhar o outro como a nós próprios, sinal da aceitação plena do milagre da vida, compreensão de que enquanto houver alguém que se perca por desvelo é igualmente uma parte de nós que se vai.
A compaixão pelos pobres, a misericórdia pelos enfermos, a solidariedade nas desavenças, a fraternidade nos infortúnios são atitudes maiores que nos libertam das amarras da vida. Enquanto existir alguém que esteja preso nós estaremos presos também.
Ocuparemos parte das nossas reflexões e acções na necessidade de dignificação do trabalho e da vida. Entregar a maior parte do tempo de vida a um trabalho escravo não nos permite a liberdade necessária para aceder a níveis mais amplos de consciência e a uma melhor compreensão da verdade.
Não há dinheiro que nos salve. Não há lucro que nos sirva. Não há conforto que nos liberte. Só a ideia de sermos Um, corpo total, nada e tudo, nos livrará do ciclo infinito de vidas em sofrimento. A emancipação de todos trará a consciência clara do que deverá ou não ser feito.
Substituiremos as ilusões mentais de todas as construções ideológicas (como esta!) pelo primado da escuta e da conversa em prole do bem comum. Meditaremos nos caminhos ideais que nos guiam a uma suprema calma mental, a uma fina harmonia do corpo, a uma capacidade optimizada de compreensão do (des)necessário próximo passo.
Estaremos realmente vivos.
Luís Santos
P.S.: Este texto resultou de uma con-versa com os amigos Raul Costa e João Martinho justamente no Café Ensaio.
6 comentários:
Meus cumprimentos pela excelência do texto!
Hidemberg
Não sei se será inveja ou admiração, o sentimento que acorre dentro de mim, ao ler este texto. Atingiste um estrato onde podes viver quase como um Deus do Olimpo. Os problemas dos mortais não são mais do que uma simples curiosidade de índole sociológica ou antropológica. Quem me dera não transportar o indelével estigma da exploração, dos maus tratos, da perseguição, e... de todos os medos... que o Homem inventa contra o Homem...
Caro Hidemberg, obrigado. De vez em quando, sabe bem ouvir um elogio da parte de quem se estima. Mas creia que a excelência mora noutro lado, infelizmente para nós outros.
Caro aliusvetus, o sentimento de inveja ou de admiração são recíprocos. Por aqui não se atingiu estrato nenhum especal. Continua tudo igual como sempre, menos a barriga e o envelhecimento do corpo. Em criança, até aos dez anos de idade, éramos "comunistas", entenda-se, assim um comunista mais do tipo Jesus Cristo. Hoje, ainda somos da mesma forma. Mas, mau grado para todos, estamos mais aburguesados. Tal como por aí, carregamos com todas as perseguições, crucificações e explorações que o homem inventa contra si próprio. Mas a perspectiva com que agora olhamos para o problema alterou-se. Quer dizer, cremos que a nossa forma de acção de forma a diminuir as injustiças (sociais) e os sacrifícios tornou-se muito mais eficaz. Simplesmente, valemos o que valemos e aí não há nada a fazer. Só lamento que a tua participação no Estudo Geral não seja mais efectiva. Crê que as tuas fotografias e os teus textos fazem muita falta.
Luis Santos
Caro Luís, por indicação de sua amiga Margarida Castro, hoje tirei o dia para conhecer o "Estudo Geral", e estou aqui lendo texto por texto. De grande qualidade reflexiva ou sintética, muitos merecem ser relidos sempre. É um esforço admirável de vossa parte, e os seus (de sua pessoa) escritos são particularmente agradáveis. Sempre que for possível, espero vir aqui para fazer uma visita.
Cumprimentos,
Daniel Cunha
Caro Daniel
Obrigado pelas suas palavras. Também nós temos apreciado os seus textos que nos vão chegando através dos "Diálogos Lusófonos". Reconhecemos admirável qualidade nos seus blogues "Brasílicos", "Lusofonia Horizontal" e "Música das Nações".
Pelo nosso lado, o "Estudo Geral" abre-lhe as portas à sua participação. Pode enviar-nos os seus "estudos" que nós, de acordo com a vontade do Conselho Editorial, não deixaremos de publicar. Posso garantir-lhe que temos no "Estudo Geral" uma voz muito tida em conta.
Abraço.
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