quarta-feira, 1 de agosto de 2012


“Paralizado De Pensamento À Ilharga”


De tanta preguiça quase paralizo o pensar
Cuspo nos calos inexistentes da palma da mão
Levito carregado de leveza quase esterelizada
Passo pelas brasas a qualquer momento
Durmo uma sesta imaginária até de pé
Equilibro-me como uma bailarina de ballet
Ando aos saltinhos ao longo da linha divisória

Meto-me dentro de uma lamparina de génio
Oiço musica sair-me pelo ouvidos sem alarido
Mexo a mixórdia mais uma vez e mais outra
Fabrico um perfume que cheira a todos os odôres
Fixo o olhar num determinado ponto de vista
Lembro-me de fórmulas que nunca antes soube
Recorda-me quando remava contra qualquer maré

Submeto o cérebro semidecadente à cirurgia da perfeição
Matriculo-me num instituto para cegos que não querem vêr
Roço paredes com as esquinas mais pontiagudas da cabeça
Limo arestas ainda cheias das mais ignóbeis teimosias
Alargo-me expansivamente numa tentativa de abarcar tudo
Abro os neurónios ao máximo à cultura actual da globalização
Aspiro tornar-me livre de tanta ignorância que ainda me veste!...

Escrito em Luanda, Angola, a 30 de Julho de 2012, por manuel de sousa, em Homenagem a uma das Máquinas mais Perfeitas da Criação e da Natureza dos Sêres, o Cérebro!


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