sábado, 28 de junho de 2014

Poema Construído




Prato à Pequim


Chegou à vida um pato que saiu do forno 

pensando-se a Fénix por causa disso,


assado e cozido, em repasto familiar renascido


as laranjas descascaram-se em espiral para acompanhar

Um pato saudável nunca está só: tem sempre duas patas



Os talheres foram postos em mesa aprumada

"-Para mim", pensou a fénix, olhando a cabeceira,

degolada e decepada, com laranja decorada

mesa posta a rigor já com pato e tudo quem será que vem jantar

Um Coelho que traz Aguiar Branco, Poiares Maduro e Mateus Rosé.



À roda, a mesa coloria de frutas, e cantava-se Alegrias

e o pato que se julgava a fénix lá se ergueu, olhou o coelho e disse:

"-Quem diria Coelho, renascidos os dois na mesma mesa."

O Coelho sorriu, pensando: pois, mas eu venho para comer e tu para ser comido

E, se bem pensou, melhor o fez: comeu a Fénix, com cinzas e tudo!



Diogo Correia
Luís Gomes
Luís Santos
Manuel João Croca
António Tapadinhas


3 comentários:

Unknown disse...


«Poetas em construção»?
Não senhor! Poetas completos!
O Poema sim, esse vai sendo construído, verso a verso, e a argamassa são as emoções!!!

Parabéns e abraços.

MJC disse...

Sem desprimor para ninguém, muito antes pelo contrário, confesso que o último verso me arrebatou completamente.

Aquele "com cinzas e tudo" até me deixou a tremer.
Sim, porque isto é caso para dizer que com malta desta nem a Fénix resiste.

Abraços.

Manuel João Croca

luis santos disse...


Francisco, Abraço.