20 / 2014
AINDA A PROPÓSITO DA ABSTENÇÃO
Neste fim de tarde
aqui em Vale de Touros, olho pela janela e vejo o horizonte.
É uma paisagem
campestre, natureza em estado puro.
No horizonte mais
próximo havia em tempos um extenso olival cercado por pinhais.
O olival assinalava
o esforço denodado do homem no trabalhar da terra e a sua existência dizia-nos
que nem sempre a actividade humana na natureza é agressiva.
O homem abandonou a
labuta e, em poucos anos, os pinhais invadiram o espaço.
Agora, quando
olhamos, identificamos algumas oliveiras abafadas pela hegemonia dos pinheiros.
A acção permanente
do homem era indispensável para a manutenção do olival e, ao ser interrompida,
permitiu que a expressão mais selvagem e espontânea da natureza reconquistasse
o território que lhe fora subtraído aquando da sua "domesticação".
Pessoalmente gosto muito de árvores.
Gosto de oliveiras,
também de pinheiros, e de todas as outras.
Gosto mais de umas
que de outras mas, gosto de todas.
Reconheço no
entanto que, no caso, as oliveiras - quer dizer as azeitonas, o azeite, … -
acrescentavam mais valor do que os pinheiros bravios.
Mais valor à
paisagem, ao terreno, ao proprietário, ao país até.
Não conheço as
causas para o abandono (fala-se de uma hipoteca a um banco) mas, provavelmente,
todos prefeririam o olival ao pinhal só que …
Pois, intervir e
cuidar são indispensáveis.
No social também é
assim.
A construção e
organização da sociedade dá trabalho, exige cuidados.
Quando cuidamos,
podemos semear e colher o que quisermos. Quando abandonamos, somos normalmente
invadidos pelo que calha, mesmo que o que calha não seja do nosso agrado.
Posto isto, acabei
por concluir que, se calhar, é assim que é justo e como tal estará certo.
Manuel
João Croca
Foto: Edgar Cantante
3 comentários:
Apeteceu-me acrescentar uma negação e mudar uma palavra ao teu penúltimo parágrafo, para falar de outra coisa e ficar a fazer todo sentido (espero que não te importes):
Quando não votamos, "somos normalmente invadidos pelo que calha, mesmo que o que calha não seja do nosso agrado."
Abraço,
António
E não é que fica muito bem?!
Pois claro.
Abraço.
Manuel João
E não é que fica muito bem?!
Pois claro.
Abraço.
Manuel João
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