domingo, 4 de janeiro de 2015



MIRADOURO 01 / 2015


SOB O SIGNO DO BALÃO




Que em 2015 encontremos música, poesia e inspiração para acrescentar mais um verso ao poema colectivo eternamente em construção porque a vida é sem paragem e, no perpétuo discorrer, vamos desenhando os caminhos.
Calcamos terra e deparamo-nos com rios.
Uns mansos e tépidos onde não resistimos a banhar-nos, outros bravios e caudalosos agitados por intrépidas torrentes que aconselham a procura de pontes para os atravessarmos.
Escalamos montanhas agarrando-nos firmemente à rocha nua para não nos despenharmos e, por vezes, aí nos acoitamos buscando a protecção que as escarpas proporcionam.
São esses tempos mais solitários já que a geografia das encostas não permite a roda comunitária em torno da fogueira.
Mas logo se acende em urgência o retorno à partilha e à comunidade e, então, descemos novamente pelos vales até à planície ao encontro de quem nos possa esperar ou queira receber.
Impõe-se a necessidade de um novo período de sementeiras que possam permitir colheita, o pão e a abundância.
São assim como que, mais do que as estações, os ciclos da vida.

Este novo ano apresentou-se de uma forma curiosa e original.
Mal tinha começado – estava a lua na sua fase quase cheia em plena exibição – e ofereciam-me um balão.
Fiquei, ao princípio, surpreendido com a oferta.
Mais surpreendido fiquei quando fui recebendo outros, de várias cores, de diferentes pessoas.
Perante o meu olhar espantado e inquisitivo, teve um Amigo a amabilidade de me esclarecer serem aquelas oferendas contributos para a Felicidade.
Ainda surpreso mas confortado, vi que também do meu corpo (peito, braços, olhos, boca,…) nasciam balões de várias cores e com vários nomes diferentes escritos. Aqueles eram balões que, ainda que gerados em mim, eu deveria entregar e distribuir por não serem meus.
E dizia o meu Amigo que a nossa felicidade só se torna possível na troca com o Outro já que, é o Outro, que alberga a parte de nós próprios que, sendo nossa, não nos pertence.
E depois foi registando que, visto assim, o Amor é um balão, a Amizade é um balão, a Família é um balão. A Felicidade também é um balão. Que a Lua/noite é um balão, o Sol/dia outro balão e que a própria Terra, nossa casa comum, é um balão e que, portanto, devemos ter cuidado para não deixarmos os balões rebentar.  
 AV, 04. Janeiro, domingo.

Fotos: Edgar Cantante;

Texto: Manuel João Croca
(este texto não respeita as regras do acordo ortográfico)

4 comentários:

Unknown disse...

Manuel João, Bom dia, Bom Domingo e Bom Ano!

Que bem arquitectado texto, cuja leitura me acalentou a meditação nesta fria manhã!

É urgente que cada um de nós - enquanto ser humano - se preocupe em espalhar e permutar um balão com cada um dos nossos 'irmãos'! Apenas assim iremos espalhar a Compreensão e a Paz, quer no nosso Meio, quer no Universo!

Que tenhamos coragem de abraçar o Outro, independentemente das 'diferenças' que com ele possamos ter! Oxalá assim seja!

E o Universo, que é de todos nós, ornamentar-se-á de balões de mil cores!

Saudações amigas.

Francisco

Unknown disse...


Edgar, Bom dia, Bom Domingo e Bom Ano!

Bela foto, qual 'balão' aquático orientador do 'rumo' seguro a seguir! Também a cada um de nós «navegar é preciso»!

Saudações amigas.

Francisco

estudo geral disse...

Amigo Francisco viva!!!

Boa tarde, bom domingo, bom ano (o corrente e os seguintes, sempre!)

Muito obrigado pela tua leitura e comentários. Não posso estar mais de acordo.
Daqui se pode concluir serem as coisas aparentemente mais simples que, por vezes, nos transmitem os maiores ensinamentos.
Um balão, quem diria... e, depois, o reafirmar da certeza de que os Amigos são insubstituíveis porque,
a dimensão da ternura é inolvidável.

Agraço grande.

Manuel João

A.Tapadinhas disse...

E pronto...

o balão lá vai fazendo o seu caminho, passado de mão em mão, ou melhor, passado de coração para coração, sem olhar a cores...

Abraço,
António Tapadinhas