MIRADOURO 01 / 2015
SOB O SIGNO DO BALÃO
Que em 2015 encontremos música, poesia e inspiração para
acrescentar mais um verso ao poema colectivo eternamente em construção porque a
vida é sem paragem e, no perpétuo discorrer, vamos desenhando os caminhos.
Calcamos terra e deparamo-nos com rios. Uns mansos e tépidos onde não resistimos a banhar-nos, outros bravios e caudalosos agitados por intrépidas torrentes que aconselham a procura de pontes para os atravessarmos.
Escalamos montanhas agarrando-nos firmemente à rocha nua para não nos despenharmos e, por vezes, aí nos acoitamos buscando a protecção que as escarpas proporcionam.
São esses tempos mais solitários já que a geografia das encostas não permite a roda comunitária em torno da fogueira.
Mas logo se acende em urgência o retorno à partilha e à comunidade e, então, descemos novamente pelos vales até à planície ao encontro de quem nos possa esperar ou queira receber.
Impõe-se a necessidade de um novo período de sementeiras que possam permitir colheita, o pão e a abundância.
São assim como que, mais do que as estações, os ciclos da vida.
Este
novo ano apresentou-se de uma forma curiosa e original.
Mal
tinha começado – estava a lua na sua fase quase cheia em plena exibição – e
ofereciam-me um balão.
Fiquei,
ao princípio, surpreendido com a oferta.
Mais
surpreendido fiquei quando fui recebendo outros, de várias cores, de diferentes
pessoas.
Perante
o meu olhar espantado e inquisitivo, teve um Amigo a amabilidade de me esclarecer
serem aquelas oferendas contributos para a Felicidade.
Ainda
surpreso mas confortado, vi que também do meu corpo (peito, braços, olhos,
boca,…) nasciam balões de várias cores e com vários nomes diferentes escritos.
Aqueles eram balões que, ainda que gerados em mim, eu deveria entregar e
distribuir por não serem meus.
E
dizia o meu Amigo que a nossa felicidade só se torna possível na troca com o
Outro já que, é o Outro, que alberga a parte de nós próprios que, sendo nossa,
não nos pertence.
E
depois foi registando que, visto assim, o Amor é um balão, a Amizade é um
balão, a Família é um balão. A Felicidade também é um balão. Que a Lua/noite é um balão, o Sol/dia outro balão
e que a própria Terra, nossa casa comum, é um balão e que, portanto, devemos
ter cuidado para não deixarmos os balões rebentar.
Fotos: Edgar Cantante;
Texto: Manuel João Croca
(este texto não respeita as regras do acordo ortográfico)
4 comentários:
Manuel João, Bom dia, Bom Domingo e Bom Ano!
Que bem arquitectado texto, cuja leitura me acalentou a meditação nesta fria manhã!
É urgente que cada um de nós - enquanto ser humano - se preocupe em espalhar e permutar um balão com cada um dos nossos 'irmãos'! Apenas assim iremos espalhar a Compreensão e a Paz, quer no nosso Meio, quer no Universo!
Que tenhamos coragem de abraçar o Outro, independentemente das 'diferenças' que com ele possamos ter! Oxalá assim seja!
E o Universo, que é de todos nós, ornamentar-se-á de balões de mil cores!
Saudações amigas.
Francisco
Edgar, Bom dia, Bom Domingo e Bom Ano!
Bela foto, qual 'balão' aquático orientador do 'rumo' seguro a seguir! Também a cada um de nós «navegar é preciso»!
Saudações amigas.
Francisco
Amigo Francisco viva!!!
Boa tarde, bom domingo, bom ano (o corrente e os seguintes, sempre!)
Muito obrigado pela tua leitura e comentários. Não posso estar mais de acordo.
Daqui se pode concluir serem as coisas aparentemente mais simples que, por vezes, nos transmitem os maiores ensinamentos.
Um balão, quem diria... e, depois, o reafirmar da certeza de que os Amigos são insubstituíveis porque,
a dimensão da ternura é inolvidável.
Agraço grande.
Manuel João
E pronto...
o balão lá vai fazendo o seu caminho, passado de mão em mão, ou melhor, passado de coração para coração, sem olhar a cores...
Abraço,
António Tapadinhas
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