domingo, 15 de março de 2015




MIRADOURO 11 /2015


SIM, É DE AMOR QUE FALO, 

ou uma antecipada comemoração do Dia Mundial da Árvore e da Floresta


(Foto de Joaquim Raminhos)


Sempre jovem e rainha
índia-mulher de cabelos ao vento,
animal que se agita
no ritmo dos dias e das marés.
Maquilhada pelos desvelos das estações
que te moldam forma e ser
ensinas-nos sem verbalizar,
a ética de quem germina
sem intenções de colher.
Dizes-nos
- na tua fala diferente -
na fala animada das folhas
tamborilando nos ramos,
artérias do tronco-raiz
que em terra se afunda e funda
em missão de servir.
Arquitectura viva em transformação,
beleza, seiva, flor e fruto,
sombra, lenha, madeira, pão.
Pousada de quem se abriga
poema em construção
que uns soletram e outros não.
Companheira de mil sóis, luas,
brisas paridas da folhagem,
frios que temperam,  calores de rachar,
anéis que marcam o tempo
em memórias de ti e de nós
que não precisas contar.


Manuel João Croca

2 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Precisas de nos contar, para ficar guardado nos anéis da nossa memória, os teus pensamentos em forma de poema... Este tem a força telúrica do tronco-raiz

O Dia Mundial da Árvore, ou outro dia qualquer, é um bom pretexto.

Abraço,
António

MJC disse...

Amigo António,
a gente vai contando o que a vida nos trás ou o que dela vamos reparando.
Abraço.

Manuel João Croca