Retrato de Madame Bénard, Vuillard, 1930 Óleo sobre Tela, 114,5x102,5 |
O QUARTO DE PENSAR
Os seus dias compunham-se de poucas
coisas e mesmo essas ficavam nada quando a irmã chegava da escola, ao fim da
tarde.
O quarto não o era nem nunca o tinha sido sem ser apenas de nome. Nunca ninguém lá dormira e os miúdos chamavam-no assim por nada.
Era um espaço grande, em tamanho e em palavras escondidas e era quase todo da mesma idade, não fosse aquela cadeira nova.
Ignorado, o quarto de pensar esperava, também ele, a menina que havia de chegar da escola. Era ela, a menina mais velha que lhe dava uma vida… uma vida contada numa pergunta onde haveriam de caber todas as vidas, de todas as pessoas. Passadas as coisas normais, eram assim os seus dias. Num quarto, a pensar.
Hoje, as memórias são gastas e as palavras calaram-se. Numa cadeira, uma senhora de cabelos muito brancos e lisos senta-se, já sem forças.
Os olhos, apenas os seus olhos, sustêm uma pergunta eterna.
Vamos para o quarto pensar?
Passadas as coisas outrora normais, volto novamente a ser menina e a minha irmã mais velha regressa da escola. A cantar.
O quarto não o era nem nunca o tinha sido sem ser apenas de nome. Nunca ninguém lá dormira e os miúdos chamavam-no assim por nada.
Era um espaço grande, em tamanho e em palavras escondidas e era quase todo da mesma idade, não fosse aquela cadeira nova.
Ignorado, o quarto de pensar esperava, também ele, a menina que havia de chegar da escola. Era ela, a menina mais velha que lhe dava uma vida… uma vida contada numa pergunta onde haveriam de caber todas as vidas, de todas as pessoas. Passadas as coisas normais, eram assim os seus dias. Num quarto, a pensar.
Hoje, as memórias são gastas e as palavras calaram-se. Numa cadeira, uma senhora de cabelos muito brancos e lisos senta-se, já sem forças.
Os olhos, apenas os seus olhos, sustêm uma pergunta eterna.
Vamos para o quarto pensar?
Passadas as coisas outrora normais, volto novamente a ser menina e a minha irmã mais velha regressa da escola. A cantar.
2 comentários:
Uma moldura muito bem encontrada para esta pequena história que me chegou da minha mãe e da minha tia, que, enquanto meninas, aguardavam histórias num "quarto de pensar". Grata, António, pelo cuidado.
Teresa Bondoso: Não tem que agradecer! É um prazer sempre renovado esta minha rubrica de Segunda-feira...
Beijo,
António
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