Pigmaleão, Paul Delvaux, 1939 Óleo sobre Tela, 135x165cm |
Tontura
Que voz é essa, triste, que sussurra
aos meus ouvidos dor e tal loucura,
rouba a vontade, minha vida empurra
para outro norte, para a noite escura?
Que escuro é esse, se ainda trago
olhos abertos, braços estendidos,
se brilha em mim ainda como um facho
o fogo teu, voraz e desabrido?
Que dentes são que ao trincar me mordem,
e essas unhas que a rasgar-me a alma
tiram pedaços dos meus sonhos vãos?
Quanta loucura cabe em minha boca,
quanta tortura cabe em minha palma,
antes que eu caiba enfim, nas tuas mãos?
Ernesto Dias Jr.
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