sexta-feira, 15 de abril de 2016

Estudos Orientais




Do Budismo: as 4 nobres verdades e os 5 agregados

Na base dos ensinamentos feitos pelo Buda, diz-se que o desejo, apego, cobiça, ódio, aversão, ilusão, são causas do sofrimento humano. É preciso fazê-los cessar e extinguir. Assim, eliminar esses sentimentos, ou seja, numa palavra, eliminar a ignorância, constituem o verdadeiro caminho.

As 4 nobres verdades podem resumir-se nos seguintes passos:
- Constatação do sofrimento
- A origem donde provém o sofrimento
- A possibilidade de cessar o sofrimento
- O caminho a fazer para cessar o sofrimento

O sofrimento é a revelação do budismo. Para o Buda, “é nascer, envelhecer, adoecer, estar-se ligado áquilo de que se não gosta, estar-se separado daquilo que se gosta…”, o que resulta da ignorância. (1)

Se o despertar não pode ser ensinado, antes tem de se auto revelar, o caminho deve ser mostrado. O “eu” é uma ilusão e a verdadeira fonte do sofrimento. “De um modo ou de outro, todas as emoções nascem do egoísmo, no sentido em que elas implicam apego ao eu. (…) Se desejamos eliminar verdadeiramente o sofrimento, devemos desenvolver a consciência, vigiar as nossas emoções e aprender como evitar entrar em efervescência.” (2)

O Buda admite que somos constituídos por 5 agregados que existem em interdependência e geram em nós a crença de haver um “eu”, uma identidade própria que tem uma existência em si e por si.

Os 5 agregados dividem-se num corpo que se define numa forma física e em quatro agregados imaterias: sensações, perceções, formações volitivas e consciência (dualista). As formações volitivas designam todos os automatismos fundamentais: pensamento, linguagem, comportamento… agir e reagir. Ou seja, o nosso carácter, que vem de experiências anteriores…

            Esta identidade é ilusória, causa de insatisfação e de sofrimento. Há que descobrir uma alternativa ao funcionamento destes 5 agregados que, como se disse, se caracterizam por uma contínua impermanência.

Assim, a causa de todo o tipo de sofrimento é a ignorância de não ver as coisas como elas verdadeiramente são. Esta “sede” (desejo, avidez compulsiva) leva-nos constantemente a um desejo de saciamento, do que por natureza é insaciável, e que está em relação com a nossa herança “kármica”. É esta inquietação fundamental que mesmo em silêncio nos pressiona. É o desejo de continuar a ser, de preservar uma identidade, que nos guinda a sucessivas existências, à “roda da vida”.

A cura é não só possível, como desejável. As causas são internas e é possível removê-las. Há um caminho. Alguma coisa que está livre de tudo isto e que nos permite a libertação.

Luís Santos

Notas:

(1)   LAMA, Dalai e CARRIÉRE, Jean-Claude, A Força do Budismo. Lisboa: Difusão Cultural, 1995: 27

(2)   (Khientse,  Dzongsar J., O que não faz de ti um Budista. Alfragide: Ed. Lua de Papel, 2009: 55)

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