OUVE-SE E NÃO SE ACREDITA
É uma vergonha que uma parte do aeroporto de Faro esteja sem energia durante algumas horas, com turistas sem qualquer informação sobre o sucedido e os inerentes atrasos nos voos, ainda por cima forçados a fazerem o check-in às escuras. Nem luzes de presença havendo.
Um inglês comparou a situação ao que se vive em qualquer país do terceiro mundo, não sem antes ter chamado a atenção para o facto de estarem ali encurralados, sem qualquer iluminação, numa época de terrorismo.
Já nem uma avaria somos capazes de arranjar a tempo e horas?
Ontem de manhã, uma tromba de água inundou Alverca, Alhandra e Loures.
Só há danos materiais e nada que os seguros não possam repor.
Mas ainda assim assistimos ao velho rosário do ping-pong das responsabilidades. Uma Presidente de Junta de Freguesia de uma das localidades mais mal tratadas, queixou-se, a esse respeito, por ser a última da cadeia.
E o povo voltou a falar da limpeza das ribeiras que não aconteceram e de obras mal feitas e, no caso de Loures, da destruição de um dique que produzira bons resultados.
Nada de anormal para um território cujo controle está repartido pelas mais variadas competências de organismos e secretarias que, normalmente, não têm dinheiros para darem conta do recado.
Enquanto isto, em Tibilissi, capital da Geórgia, há manifestações em que se pede a demissão de Eduardo Chevarnadze da presidência da república, acusado pela oposição de manipular os resultados das eleições da última semana.
Rota de vários destinos e palco de concorrências geo-estratégicas, aquela ex-república soviética exemplifica a falta de apoio com que os ocidentais têm abandonado estes povos que sete décadas de comunismo deixaram sem meios próprios para se afirmarem nos mercados e conveniências mundiais.
A consequência foi o regresso a uma idade média em que as máfias fazem o papel dos senhores da guerra sendo que o povo, todo ele, encarnou a condição dos servos da gleba.
Aquelas são um dos cavaleiros do apocalipse da nossa civilização.
E por cá continua a palhaçada, com uma manchete no “Correio da Manhã” em que Ferro Rodrigues era dado como acusado, pelo testemunho de três jovens, de também ele estar envolvido em casos de abuso sexual de menores.
A quem interessa a circulação deste género de notícias?
Às vítimas e à justiça é que não é com toda a certeza.
Sobre isto, comentei, esta manhã, no jornal electrónico “Portugal Mais”, o papel de um certo jornalismo que ajuda a criar uma barreira informativa que só pode obstruir o apuramento da verdade.
Ali lancei a ideia de poluição mental.
Conto vir a desenvolvê-la no espaço deste diário.
Yes!
Tropas americanas prenderam Hassan Sallem, coronel do exército de Saddam Hussein e alegadamente o cérebro de muitos dos ataques que as forças aliadas têm sofrido no Iraque.
Ouve-se e não se acredita.
Um tal de Rui Santos, comentador da SIC Notícias, com o ar mais natural deste mundo, disse que a aliança entre João Loureiro e Pinto da Costa visa isolar o Presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, pois assim poderá imitar o clube concorrente que tirou grandes dividendos – só o clube? – do plano de pormenor das Antas, sendo um facto que ao Boavista falta um centro de estágio.
Não contente e de alma desfraldada, o jornalistazinho acrescentou que o primeiro já percebeu que a sua equipa poderá “respirar melhor” (sic) se não estiver de costas voltadas para o segundo.
E ainda teve o descaramento de defender que a ausência de convite ao Presidente da Assembleia da República para assistir à inauguração do Estádio do Dragão é um grave acontecimento que muito desprestigia a classe política uma vez que o presidente do Futebol Clube do Porto é uma espécie de contra poder.
A perplexidade é tanta que somos atacados por uma afonia repentina.
Se a sabujice tivesse um nobel…
Hoje, a aula foi inteiramente dedicada à aprendizagem do número dois e não houve trabalho para casa.
Amanhã é dia de magusto que decorrerá entre as nove e as doze horas.
Rica escola, a das minhas filhas.
A Matilde é uma criança engraçada.
A mãe disse-lhe para arrumar uma quinta da Playmobil com a qual estivera a brincar no chão da sala.
E não é que a miúda organizou uma brincadeira em que os proprietários desmontaram a exploração e lá foram os tractores, os camiões e as máquinas agrícolas, em fila indiana, carregados de materiais, na direcção da caixa de arrumações? Depois fez da base da camilha uma garagem e ali estacionou os veículos.
Como é que eu posso deixar de gozar a felicidade?
Alhos Vedros
10/11/2003