sábado, 8 de outubro de 2016

“Dentes Encavalitados Em Olhos Postos Na Neblina Do Silencio Panorâmico”

Como com os dentes todos de fora como um tubarão Engulo o mundo quase todo enviusado com os olhos de viés Regurgito uma quantidade enorme de ideias mal digeridas Ressuscito atitudes circenses num acto meio automático Convenço-me que estou no centro de um circo romano Grito palavras solitárias e monocórdicas para a plateia Agarro a guitarra de um vizinho irritadiço e toco acordes de acalmia Suspeito até da própria sombra das árvores que me protegem da radiação Dou comigo a subir a montanha em bicos de pé de bailarino perdido Procuro saber onde está a razão das subidas e das descidas Vibro só de pensar que vejo um pôr-do-sol perto do fim Inicio a descendência de forma abrupta e pulando sobre uma perna Desequilibro-me sonoramente e oiço o som que vem de nenhures Balanço o corpo em pleno ar do entardecer e aguardo a névoa Eternizo a respiração tanto quanto o possuir do poder da visualização Agarro-me ao ventre da própria terra e retiro-lhe uma pedra negra Raspo a pele de encontro ao pó que nasce de cada passo mal dado Cambaleio sem grandes equimoses pelas encostas paralelas da vista Invisto na paisagem panorâmica com toda a inspiração possível Articulo palavras sem o devido tempo e sem a sonoridade certa Rasgo o pano do cenário na ausência de espirito e abraço a alma Escrito no Lugar da Harmonia, Vale de Serrões (Serrados do Rio Zêzere), Portugal, a 8 de Setembro de 2016, por Manuel (D’Angola) de Sousa, em Homenagem às belas paisagens naturais e quase pristina natureza florestal que cobre serras e vales da Região do Rio Zêzere e Albufeira da Barragem de Castelo de Bode, Província Portuguesa do Ribatejo…

Sem comentários: