O Nerium oleander L.
é arbusto que cresce nas ravinas,
margens dos rios e leitos secos dos cursos de água. Trata-se de uma espécie da
família das Apocináceae, muito
resistente à seca, poluição atmosférica e salinidade, mas necessitando de muita
luz. Nativa da Europa Meridional, Norte de África e Ásia Menor, espalhou-se por
toda as regiões temperadas e subtropicais do planeta.
De aparência robusta e copa arredondada, pode atingir cinco
metros de altura. As folhas são persistentes, coriáceas, opostas e lanceoladas,
de cor verde escura, tendo de 10 a 20 cm de comprimento. As flores, singelas ou
dobradas, ficam abertas todo o verão, formando grandes ramalhetes nas pontas
dos ramos. Os frutos são cilíndricos e compridos (de 5 a 23 cm) e as sementes
estão providas de pêlos em penacho. Toda a planta exsuda uma seiva leitosa.
É decididamente um dos
arbustos ornamentais mais utilizados, quer pela formosura e durabilidade das
suas flores, quer por não exigir grandes cuidados de manutenção.
O loendro, ou cevadilha, como também se denomina, é todo ele
venenoso, devido principalmente a duas substâncias tóxicas que contém: a oleandrina e a neriantina. A oleandrina é um potente cardiotónico e constitui,
como os glicósidos da dedaleira, matéria-prima para extrair princípios ativos que
integram os medicamentos destinados a cardíacos. Naturalmente que isto só se
processa em doses mínimas e de forma laboratorial.
No “Herbal Food and Medicines in Sri Lanka”, do Dr. Seela
Fernando, curiosa obra que adquiri quando visitei aquele país da “Taprobana”,
há uma página inteira referente ao “oleander”. Apontam-se as suas virtudes
curativas, em uso externo, principalmente para reduzir inchaços e inflamações e
eliminar parasitas. Contudo, o maior relevo é dado à toxicidade, a qual permanece,
mesmo quando a planta está seca. Em sânscrito, o loendro denomina-se
“ashvamaraka” que, significativamente, quer dizer: “mata cavalos”.
Alertando para as precauções que devem ser tomadas quando se
manuseiam plantas venenosas, transmito, com a devida vénia, duas receitas de
uso externo incluídas na “Enciclopédia de Educação e Saúde - A Saúde pelas
Plantas Medicinais” de Jorge Pamplona Roger:
Pomada contra a sarna: Prepara-se uma
pomada com 250 g de manteiga sem sal, ou outro veículo gordo, e 150 g das flores
de loendro, que se devem deixar macerar durante 6 horas.
Cataplasmas de flores aplicadas sobre a zona da
pele afetada.
Por sua vez, o Dr. Oliveira Feijão recomenda o infuso das folhas (30 g num litro
de água) para lavagens nos casos de herpes, acne, pruridos e outras doenças
dérmicas.
Miguel Boieiro
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