sábado, 21 de março de 2020

Quadragésima (4º domingo)




IV. Os sons do Oriente – música das esferas

1º andamento – da Meditação

Erguido que foi o cruzeiro ao alto
depois que se relembrou o caminho
que vai até à Páscoa e do temporal
da ventania, do escurecer do céu
afinal do retorno indo-europeu
de cruz às costas no Teu sacrifício
e do sofrimento pela ressurreição
almas penadas adiadas na angústia
dos dias que se encolhem e demoram
a revelar mais do que a própria luz
do sol que nos aquece e nos anima
e nos vira para cima, que é todo o lado
nos tempos em que recordamos o Veda
do entorno do sangue pelo dom da graça
dos deuses que nos visitam e ignoram
bebem dos nossos cansaços e só dão
os braços imensos ás preces, aos rogos
aos caídos entre vivos e mortos fomos
e pusemos Cristo e Buda no cataclismo
da Índia, do Tibete ao Japão, em união.


 2º andamento – dos Mantras

Silêncio.
Aquele jesuíta António de Andrade
passou para lá da verdade, das neves
perpétuas são as horas das pedras frias
das prisões de meditações sem fim
a ideia do vazio de que a mente mente
no fim do dia da tecnologia das velas
à bolina triangular a sina do paraíso
onde afinal, não há bem nem mal
a separação foi uma invenção da queda
de anjos trôpegos de golfadas universais
a expansão contínua infinita das almas
sofrimento que é alegria, na natureza
do dia claro que se segue ao nevoeiro
o quinto império e o espírito santo
en-canto nosso, almejado momento
nirvana e iluminação fraterna do tempo
na misericórdia da guerra e nos desejos
da paz, em que tudo é Um, tudo é assim
sem dualidades no grito dos corpos.


3º andamento – do Êxtase

O dia nasceu em paz na tona das águas
o mar que nem bulia feito um espelho
um calmo chão por onde se pode andar
uma oração feita meditação e o ioga
das pernas esticadas, das costas direitas
o fluxo dos fluidos orgânicos nos círculos
dos olhos parados etérea contemplação
quase nada quase tudo vida parada
calmas vão as mentes e pacíficas são
as ações de não agir que evitam malefícios
proclamação da eliminação do sofrimento.
E então, em que ficamos trindade nossa,
penamos para não penar? Deixamos o mar?
O balanceado enjoo, a fome, o escorbuto
deixamos a canela, as belas sedas, os véus
as curvas das pernas e os seios, a cama
sutra do diamante de meditações tântricas
de divinas mulheres do amor e do amar,
qual a suprema razão de um ser de dor
pelo que deste a vida para nos salvar!?


quarta-feira, 18 de março de 2020

A favor da amizade sincera e honesta mundial



“Revisando Paradigmas E Tabus E Substituindo-os Por Sinergias Vibratórias”

A olhos vistos aumenta a minha fé
Acredito na victória da consciência
Sinto o juízo a crescer-me na cabeça
Fervilha-se-me o cérebro com bom senso
Há boas ideias a borbulharem numa roda-viva
Inovo e renovo o pensamento e a ainda mais a imaginação

Concorro para observador-mor do Universo e arredores
Fico quieto num dos cantos superiores da bancada
Admiro a paisagem em frenesim de braços no ar
O mar agita-se numa vibração incontrolável
Sinergias movimentam tudo em volta
Desligo da tomada o fio preso a mim

Descarrego as frustrações ao largo
Deito pela borda fora as maluquices
Agarro em contentores que esvazio à toa
Fixo a atenção num crucifixo feito de arame
Sangra por si a baixo como eu sangro do cérebro
Choro com um misto de molho de tomate e soro nos olhos…

Arrebento com tabus e anteriores paradigmas enquanto quebro rotinas…

Escrito em Luanda, Angola, a 17 de Março de 2020, por Manuel (D’Angola) de Sousa, a favor da Amizade Sincera e Honesta Mundial e pela Reconstrução Conjunta e Solidaria da Economia Global, mais justa e equilibrada e harmonizada, entre Países mais pobres e mais ricos…

“Viva o Espirito Global da Harmonia do Equilíbrio e da Paz Fraternal entre todos os Povos da Terra…”

terça-feira, 17 de março de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

HISTÓRIAS DA TERRA ENCANTADA
23

Terá sido no contexto da sedentarização que os homens inventaram ou descobriram a agricultura. Como tal sucedeu não se sabe ao certo, pois o que as provas arqueológicas permitem conhecer pouco mais é que os locais onde isso terá ocorrido pelas vezes primeiras e o abrir as janelas para que, em face dos dados recolhidos, se estabeleçam hipóteses de como os humanos terão chegado a esse estado de domínio das técnicas e saberes que lhes permitiram a fulcral transformação em seres produtores de alimentos. De qualquer forma, verificamos que foi essa a primeira grande e verdadeira revolução (1) produtiva que alterou por completo o modo de vida que a Humanidade teve até então, provocando a estratificação social e fenómenos como o aparecimento das cidades e a guerra pela posse de territórios, bens e pessoas. Se relações como as de propriedade são presumíveis em sociedades caçadoras relativamente a objectos pessoais, com a agricultura elas passaram a aplicar-se à própria terra, bem como às matérias delas extraídas e até às pessoas envolvidas nessa sustentação do quotidiano. Se o aparecimento de chefaturas são observáveis nos grupos de caçadores, ainda que em situações de contactos mais ou menos próximos com outras formações sociais sedentarizadas, foi com as comunidades agrícolas que aquelas autoridades se consolidaram e desenvolveram no sentido das organizações políticas que formaram os primeiros estados. 
O mundo em que hoje vivemos mais não é que a continuação das consequências dessa conquista da nossa espécie que dificilmente seria concebível fora de populações sedentárias. 
Se queres que te diga, sempre tive para mim que o episódio de Adão e Eva e a sua expulsão do Paraíso – e já nessa história estava contido o mito de Prometeu que ousou tirar o fogo da sabedoria aos deuses – é um eco distante da memória dessa passagem de uma vida de caçadores para a de agricultores – ganharás o pão com o suor do teu rosto – e não deixa de ser curioso como a moderna genética vem corroborar a ideia de uma mãe única para a espécie humana que há volta de oitenta mil anos abandonou África, (2) pelo Mar Vermelho, para a península que lhe é fronteira. Mas isto, por si, é assunto que daria uma abordagem particular que aqui não vem ao caso. 
Ao que parece, a agricultura terá sido inventada em diferentes locais em épocas não muito distantes entre si. De acordo com os achados arqueológicos que por enquanto se conhecem, os homens fizeram-se agricultores nas planícies sedimentares do sudeste asiático, tal como no crescente fértil ou ao longo do Nilo, factos que aconteceram entre quinze a doze mil anos atrás e também pode ter sucedido nas zonas costeiras do actual Perú em torno de uma planta, a totora, aplicada na manufacção de pequenas jangadas pirogas individuais e utilizadas na pesca em águas de beira-mar. 
Dada a abundância, em determinados locais, de plantas cerealíferas que os nossos antepassados se habituaram a colher e a incorporar nas suas dietas alimentares, se por um lado isso possibilitou a fixação de populações, por outro lado, por via justamente da continuidade da recolha de grãos que transformavam em comida, provocou a selecção de espécies mais robustas e alimentícias. 
Pois foi com esses cereais já selecionados que, provavelmente, alguém terá tido a intuição de perceber que, se lançadas à terra, as sementes originariam novas plantas. E se comparada com o tempo anterior, de modo algum poderemos dizer que tenha sido lento o processo de domesticação de outras espécies vegetais e animais. 
A verdade é que as civilizações em que hoje vivemos jamais teriam sido realizadas sem que o Homem se tivesse tornado produtor. 


NOTAS 

(1) A caça foi a primeira grande aquisição humana e seguramente terá sido antecedida pela simples predação. Se bem que tenha sido uma modificação importante, pelas suas consequências, pois viabilizou a colonização humana do planeta, não constituiu um corte radical com o modo de vida anterior, uma vez que manteve os princípios da itinerância e da captura do existente num dado lugar. Em tal condição, os nossos ancestrais terão com certeza modificado aspectos da superfície terrestre, mas só com a agricultura começaram a construir paisagens. A caça terá sido um grande salto no sentido da complexidade cultural, mas foi a agricultura a primeira revolução pois implicou a completa modificação das antigas formas de vida. 
(2) Mais uma vez chamamos a atenção para o facto de estarmos a considerar dados de dois mil e quatro que, de então para cá, em muito foram acrescentados e que implicaram grandes alterações nas datações até então obtidas.

terça-feira, 10 de março de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

MEDITAÇÃO

Maratona masculina feita com sangue suor e lágrimas. 

O atleta brasileiro depois de um esticão que o isolou por uma boa dúzia de quilómetros e chegou a colocá-lo a mais de trinta segundos de vantagem sobre os mais directos perseguidores, já quebrado, é verdade e em nítida perda do avanço conseguido, sofreu um abalroamento por um lunático irlandês em protesto creio que pela presença estrangeira no Iraque, causa que manifestamente o impediu de manter as distâncias e o deixou à mercê da ponta final de grande classe e pujança atlética do maratonista italiano que, após uma recuperação fantástica, veio a arrebatar a medalha de ouro. Ainda assim, o azarado cortou a meta em terceiro lugar fazendo asas que bem mostravam a alegria pelo feito. 


O português conseguiu um honroso sexto lugar. 


E eu tive umas boas duas horas e meia de repouso. 



A paternidade tem a particularidade fascinante de estar permanentemente em face da possibilidade de vir a confrontar-se com novas questões e problemas no que diz respeito à relação educativa que se estabelece com os filhos. Compreende-se, as pessoas crescem e à medida que a sua autonomia se vai formando surgem, naturalmente, situações novas para as quais os pais devem encontrar uma resposta. E é bom que assim seja, mas essa é uma das nossas angústias. 

Por vezes converso com amigos que referem os receios de tomarem decisões erradas ou de falharem nos aconselhamentos. 
Devo confessar que também eu sinto isso e muitas vezes o tenho conversado com a Luísa e chegámos à conclusão que apesar de todos os constrangimentos que possam existir, não há alternativa ao método da experiência e do erro, isto é, só nos resta optar por um caminho e estar sempre atento para o avaliar e simultaneamente preparado para o corrigir se for caso para tanto. 

Há princípios gerais que advêm dos valores que tomamos por bons e que podemos utilizar como grelha de referência para a nossa conduta. Ora se isto é verdadeiro para a nossa vida de adultos, em geral, também o é para a responsabilidade que assumimos de proporcionar a alguém a aventura de se fazer gente de bem. 
Pois é com base nesse critério que procuramos resolver a nossa angústia. 
É claro que por vezes erramos e emendamos rumos e processos; mas sabemos que as acções foram ponderadas e nunca fruto de leviandades e por isso encaramos as correcções de consciência tranquila e sem recriminações pelo que possa ter corrido mal ou menos bem. 

E tenho para mim que é a partir do acompanhamento constante e do muito carinho que nós conseguimos ir construindo uma relação de confiança que, da parte dos amorzinhos, nos deixam o espaço livre para podermos reconhecer as necessidades de emenda sem com isso perdermos o carisma que devem ter aqueles que educam. 

É do amor que nós somos capazes de dar que, em primeiro lugar, se faz a aprendizagem que pretendemos obter da parte daqueles que tão docemente nos preocupam. 


Ora neste sentido, devo admitir que, pelo menos até ao momento, os resultados são positivos. 


É uma alegria ver as minhas filhas crescerem com vontade própria e sentido crítico, atingindo com facilidade os objectivos que as suas vidinhas lhes colocam pela frente. 



A Matilde dormiu sozinha no novo quarto sem qualquer hesitação. 


Deus seja Louvado. 



Mesmo com o cansaço eu sou um homem feliz. 


 Alhos Vedros
  30/08/2004

segunda-feira, 9 de março de 2020

REAL... IRREAL... SURREAL... (388)


As piteiras, João Vaz
Pintura Óleo sobre Madeira, 34,5 x 57,72

João Vaz nasceu em Setúbal, a 9 de Março de 1859 e faleceu em Lisboa a 17 de Fevereiro de 1931.

«Nascido em Setúbal, João Vaz (1859-1931) foi um pintor da geração do naturalismo. Entrou para a Academia de Belas-Artes de Lisboa em 1872, completando o curso em 1878. Diz-se que foi na «escola» do Grupo do Leão e com o pintor Silva Porto, que realmente se formou. Não tendo alcançado bolsa para completar os estudos no estrangeiro, viajou por Madrid e Paris, na companhia de António Ramalho. João Vaz distinguiu-se como marinhista, pintando o Tejo e o Sado, rio que banhava a sua cidade natal. O rio Tejo inspirou-o num grande quadro, que apresentou como proposta para Académico de Mérito em 1897. A crítica portuguesa apreciava a sua pintura, notando uma evolução positiva ao longo dos anos. Fez decorações (colaborando várias vezes com António Ramalho), para o Museu de Artilharia, para a Escola de Medicina, para a Cervejaria Leão de Ouro, para o Palácio das Cortes, para o Hotel do Buçaco, etc. Desde 1884 foi professor de desenho das Escolas Industriais e director da Escola de Afonso Domingues em Xabregas (1889), tendo-se aposentado em 1925.»
( http://memoriasimagens.blogspot.pt)

Selecção de António Tapadinhas

quarta-feira, 4 de março de 2020

Apontamentos sobre a Índia Antiga


Baghavad-Gita ou "A Canção de Deus"
(Imagem do Google)

Luís Santos

A Índia conheceu várias civilizações e nela encontramos várias cosmogonias.

A Civilização do vale do Indo, a primeira grande civilização que surge na Índia, há 6 mil anos atrás, situou-se na zona do NW da Índia e Paquistão. Atingiu o seu apogeu 2.500 anos antes de Cristo. Utilizavam uma escrita de muito difícil tradução que limita o seu conhecimento. São contemporâneos do Antigo Egipto e dos Sumérios.

Em 1500 a.C., desenvolve-se a civilização Ariana no Vale do Ganges. Esta civilização floresce enquanto a do Vale do Indo desvanece. Não se sabe se constitui um prolongamento da primeira. Os povos de raiz indo-europeia descendem desta civilização. Vários autores desenvolvem o tema das culturas indo-europeias, como são os casos de Georges Dumézil, Émile Benveniste e Max Müller.

A Filosofia Clássica Indiana, em última instância, procura responder a duas questões: a natureza última da realidade e respetivas consequências no nosso destino pessoal. Para a sua compreensão é importante perceber-se que a cisão entre fé e razão ocorrida no Ocidente, não se encontra na Filosofia no Oriente.

Os Hinos Védicos, são os textos sagrados mais antigos da Índia. A palavra "veda" significa conhecimento, saber, passível de audição (que pode ser escutado). Em síntese, textos sagrados a serem escutados para serem apreendidos. As Upanishad, é o nome dos textos que, posteriormente, refletem sobre a cultura védica, mas que, simultaneamente, assinalam uma rutura com o período anterior. Estes textos dão-nos uma explicação sobre a origem das coisas, mas também sobre o que podemos realizar no interior de nós próprios. Atingem o seu momento pleno no século VI a.C.. Upanishad etimologicamente significa “estar sentado junto de” (do Mestre que explica os Vedas).

O Budismo, quando aparece pode considerar-se uma interpretação radical das doze Upanishad. Buda viveu no século VI ou V a.C. As primeiras cinco são prévias ao seu nascimento e as últimas sete são posteriores.

ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES DO HINDUÍSMO

Sâncrito, Língua Sagrada da Índia, uma sociedade divida em castas distintas, Brãhmana, ksatriya, Vaisya.

Hinduísmo é o desenvolvimento até aos nossos dias de um sistema magnífico de crenças e tradições que advém da interpretação dos textos sagrados da Índia.

Brâman, é a suprema divindade, o Absoluto, é incognoscível pelo homem. Princípio incondicional de criação de toda a realidade. A própria realidade. Um princípio supremo que está para lá dos próprios deuses.

Trimúrti, é a tripla parte manifesta da divindade suprema. Como um ser limitado, o ser humano somente percebe três aspectos de Brâman. A trimurti é composta pelos três principais deuses do hinduismo: Brama, Vixnu e Xiva, que simbolizam respectivamente a criação, a conservação e a destruição.

Atman, o sujeito interior de tudo o que um indivíduo faz. Um unificador interior de todos os nossos comportamentos. Agente interno que coincide com o próprio Absoluto e que se tiver “despojado” lhe pode aceder.

Chama-se de Brahmanismo às práticas rituais religiosas mais antigas feitas na Índia por sacerdotes brahmanes. Há que cumprir os ritos para atingir a dimensãos dos deuses.

Dharma, aquilo de que depende a ordem do mundo. A prática correta dos rituais é fundamental para manter a ordem no mundo, tal como é a sua forma original.

Entre as 4 grandes idades do mundo, atravessamos o período de maior decadência, o período em que, metaforicamente, a “vaca sagrada” está assente apenas numa pata.

Samsara, roda da vida que gira sem parar. Enquanto a existência estiver condicionada, o ciclo de renascimento/morte perdurará. Os seguidores do hinduísmo acreditam em vários deuses e na reencarnação, pois que os seres humanos morrem e nascem várias vezes. Cinco fatores que fazem o ser entrar no ciclo do samsara: ignorância, orgulho do eu, aversão à dor, perturbação/aflição e medo da morte/apego à vida.

Karma, designa a cada momento a ação condicionada pelas ações do passado e com consequências posteriores. É condicionado e condicionante. A sabedoria permite cessar a ignorância, ou seja, a produção kármica. Toda a experiência de dualidade, “eu sou um, tu és outro” produz o ciclo kármico.

Mumuksha, o desejo que fornece a possibilidade de libertação.

O Yoga é o contínuo exercício que permite pôr fim ao karma. A necessidade de cessação dos movimentos mentais. A procura de um êxtase, de uma consciência unificada. O Yoga deve levar-nos ao ponto zero da manifestação, a um processo de involução. Ser senhor dos próprios pensamentos, de pensar só quando é necessário.

Jivanmukta, aquele que se liberta da vida, que transcende os próprios deuses.

SOBRE O HINDUÍSMO

As escrituras sagradas hindus dividem-se em dois grupos:
- Os Sruti, (textos de revelação), onde são considerados Hinos Védicos, as Brãhmana-Upanisad e Ãranyaka. Todos estes textos do período védico pertencem à forma oral e só no período clássico passaram para a forma escrita. A recitação dos hinos sagrados sempre foi mantida, até hoje, ininterruptamente desde há milhares de anos.

- Os Smrti (textos da tradição), constituídos pelos textos épicos Mahãbãrata e Rãmãyana, pelas crónicas Purãnas e códigos de lei e ética.

Entre os textos sagrados indianos, as Upanishad têm particular relevância na transição da cultura védica para o hinduísmo. As Upanishad são o principal ponto de referência de Adi Sankara (788-820), o autor que mais marcou o desenvolvimento da filosofia clássica indiana e do hinduísmo. Tal como de Vivekãnanda (1863-1902), um dos grandes pensadores sobre a escola de Sankara. Foi um estudioso das filosofias ocidentais na Universidade de Calcutá e, igualmente, dos textos sagrados da Índia.

O princípio filosófico primordial é a equivalência entre ãtman e brahman. Atman, é um corpo vivo que respira = self = sentimento de si. Brahman é a própria realidade, o que existe em si e por si. É esta a síntese suprema de Sankara: a mesma identidade entre Atman e Brahman. Ou seja, aquilo que existe no interior de cada um é a própria realidade. Ser, Consciência, Felicidade Suprema (beatitude, bem estar), os principais objetivos.

Num texto das Upanishad - Taittirtya Upanisad – diz-se que nós não temos só um corpo, mas sim 5 corpos:
1-annamaya kosa (1ª camada) – o corpo que resulta da comida (o corpo físico)
2-prãnamaya kosa (2ª camada, cobre o primeiro corpo) – corpo de que resulta a respiração (o corpo que sente, o corpo subtil), do qual não se pode descrever a essência
3-manomaya kosa (3ª camada) – corpo que resulta da fusão dos outros dois corpos
4-vijñamaya kosa (4ª camada) –  corpo que tem a capacidade de compreender
5-ãnandamaya kosa (5ª camada) – a consciência, a camada que nos dá a felicidade.

Como trazer o corpo de felicidade suprema (ãnandanaya kosa) para o primeiro estado em vez de ser o último? Para Sankara isso consegue-se através da meditação, do Yoga. Para si, o texto de referência é sempre as “Upanishad”. Em última instância, aquilo que Sankara pretende demonstrar é que a realidade última está em nós. A experiência do Si é a mesma experiência da realidade. Nós somos Tudo e Todos.

As principais escolas da filosofia clássica indiana são as seguintes: Sãmkhya, Yoga, Vedãnta, Mimamsã, Vaisesika, Nyãya, Buda Dharma e Jainismo. As duas últimas são tradições heterodoxas que não se revêm nos textos sagrados do hinduísmo, embora tal como nele, também as Upanishad constituem uma das suas principais fontes de conhecimentos.

BHAGAVAD-GITA, ou “A CANÇÃO DE DEUS”

Bhagavad-Gita é um capítulo do “Mahabharata”, o grande épico indiano que é um dos textos sagrados do hinduísmo.

O grande protagonista do livro que fala na primeira pessoa, Krishna, o avatar de Vishnu, ou seja, a própria divindade, dialoga com Arjuna, seu discípulo guerreiro, em pleno campo de batalha. Arjuna representa o papel de uma alma confusa sobre o seu dever, e recebe iluminação diretamente do Senhor Krishna que o instrói na arte da auto-realização.

 Há quem o considere o maior das “Upanishad”. É o texto inspirador de Ghandi. Influenciou muitos escritores ocidentais como foi o caso Aldous Huxley. “Irmânia”, livro de Ângelo Ribeiro, autor português do século passado, também revela a sua influência. Einstein dizia que “quando lia o Bhagavad-Gita e pensava nas leis do universo, tudo o resto se tornava vulgar”.

Esta obra releva, sobretudo, o amor devocional, o amor divino, acima de quaisquer conhecimentos ou ação, daqueles que agem com os sentidos equilibrados, ou dos que agem não agindo, relembrando a boa maneira do taoísmo.

A essência de Krishna é o universo inteiro. Tudo é sagrado. Tudo é uno. O uno e o múltiplo são inseparáveis. Deus é a totalidade, transcende o bem e o mal, ou seja, pode ser bom, mas também pode ser mau!

Krishna diz a Arjuna: “Tu e eu existimos desde sempre”; “os corpos perecem, mas a alma não”; “o Uno não tem início, nem fim – não nasceu, nem morrerá”; “o apego ao prazer, a aversão à dor, a valorização da dualidade são limitações humanas”; “Deus é tudo em todas as coisas” (igual ao que diz São Paulo,  nos “Coríntios”). Continua Krishna: “Só aquele a quem conceder uma particular graça é que me pode ver, mais ninguém” (…) Mas enquanto homem, Arjuna, não aguenta muito tempo a perceção e a visão de Deus, e só quer que a experiência acabe…

terça-feira, 3 de março de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A magia olímpica está no fim. Amanhã será a cerimónia do encerramento e o mundo que anda tão cheio da falta de sonho, continuará chorando a impotência em Darfur, manietado pelo terrorismo apocalíptico e a hipocrisia que serve de máscara à ganância dos poderes que tudo fazem em benefício próprio e impedem uma moratória global sobre a guerra que deixaria de fora apenas os seus executantes que facilmente poderiam ser neutralizados se para tanto houvesse vontade. 



E as minhas filhas que me dão tantas alegrias, crescendo numa loucura destas que simultaneamente se desenvolve na maravilha que é a Terra e a própria vida que em ela criámos. 



Há guerrilha maoista às portas da capital do Nepal? 

Nada há de bom que possa vir de tais grupos. 



Amanhã será a vez da Margarida rumar ao Porto, para aí passar os quinze dias da praxe. 


Alhos Vedros 
 28/08/2004

segunda-feira, 2 de março de 2020

REAL... IRREAL... SURREAL... (387)


Os Amigos, Kokoschka, 1917
Óleo sobre Tela, 90 x 120 cm

Nascimento: 1 de março de 1886, Pöchlarn, Áustria
Falecimento: 22 de fevereiro de 1980, Montreux, Suíça
A obra de Kokoschka caracterizou-se pelo confronto entre tendências realistas e diversas correntes artísticas que o influenciaram. Iniciou sua carreira como expressionista com a peça O Assassino, Esperança das Mulheres (1910) e o quadro A Noiva do Vento (1914), fascinado por paixões humanas. Depois do sucesso escandaloso, as experiências da Primeira Guerra Mundial e o fracassado relacionamento com Alma Mahler, em 1919 começou a dar aulas na Academia de Arte de Dresden. Nesse período, pintou diversas vistas da cidade, afastando-se do estilo anterior. Com obras como Porto de Marselha (1925) e Chamonix e o Monte Branco (1927), evidenciou uma técnica cromática ainda mais impressionista.

in uol educação

Selecção de António Tapadinhas

domingo, 1 de março de 2020

EG #121


ESTUDO GERAL
fev/mar     2020           Nº121


Podes e deves ter ideias políticas, mas, por favor, as “tuas” ideias políticas, não as ideias do teu partido; o “teu” comportamento, não o comportamento dos teus líderes; os interesses de “toda” a Humanidade, não os interesses de uma “parte” dela. E lembra-te de que “parte” é a etimologia de “partido”. (Agostinho da Silva)


Sumário
Um poema
Quadras
Ensaio
Real…Irreal…Surreal
Diarística


---------------------------------Fim de Sumário----------------------------------

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A crise no Darfur permanece com os seus contornos de catástrofe anunciada. Milhares de mulheres, crianças e velhos, indefesos, estão à mercê de bandos armados sob as ordens e os interesses de chefes tribais islamizados que actuam com o beneplácito do governo de Cartum que teima em conduzir uma guerra civil sobre as minorias cristãs e animistas do sul daquele país, onde a organização do estado já não existe e o território está disponível para ser controlado pelos grupos mais indizíveis. 

Eu só temo que as crueldades que esperam aquelas multidões dos sem esperança que vivem cativas nos campos de refugiados, sejam o prenúncio de outras muito mais horríveis que, a partir daquelas terras de ninguém, podem cair sobre as sociedades em que vivemos. 


Paira o espectro do totalitarismo sobre o mundo e tem a forma de uma combinação entre o crime organizado e o terrorismo apocalíptico. 


Das lutas sociais dos tempos que se avizinham decidir-se-á se o mundo do trabalho virá a conhecer de novo a servidão ou não. 
A verdade é que há grupos económicos e financeiros com mais poder de reunião e mobilização de recursos que muitos estados independentes e nada há no presente que nos permita dizer que aqueles jamais se poderão constituir em novos modos de senhorios sobre as coisas e os homens. 

Por toda a parte, o estado de direito está sob fogo cerrado, quer por iniciativa de lóbis financeiros e económicos, quer sob o mando de sindicatos mafiosos ou do integrismo violento de certas facções que se reivindicam do Islão, como a Al-Qaeda. 

No século vinte e um, voltaremos a morrer pela defesa das sociedades livres. 



E o PS lá vai dando o constrangedor espectáculo de um partido deixado à conquista de uma clientela que para além de zelar pelos seus próprios bolsos e barrigas, estão sujeitas às esconsas obediências que provocaram o pior legado do guterrismo. 

Sócrates fala como se fosse o novo secretário-geral do Partido e é assim que a comunicação social o trata. 
E João Soares e Manuel Alegre, os outros dois candidatos ao cargo, são tratados como se mais não fossem que os animadores de umas eleições que, para serem levadas a sério, têm que ter sempre alguma concorrência. 

E depois todos vendem peixe; com a honrosa excepção de Manuel Alegre que disse ser necessário criarem-se mecanismos que descriminem positivamente as empresas que tenham comportamentos socialmente úteis, ideias sensatas e exequíveis é coisa que não há. 


Pois se é com esta gente que se pretende defender e fortificar o estado de direito entre nós, melhor será começar a pensarmos no exílio. 



A pardaloca lá regressou, sempre bem disposta e luminosa, um bocadinho cansada, como é natural, mas cheia de coisas para contar. 


Está tão bonita esta minha filha. 


“-Ó mãe, eu já fiz todos os exercícios que estavam por fazer no livro de Matemática.” –Comunicou ela, sem que alguém lhe tivesse perguntado o que quer que fosse a essa respeito. 


Belos dias em casa dos avós maternos, onde teve todo um casarão à disposição das suas brincadeiras e imaginação. 

Para além dos passeios a Valpedre e as tardes com o primo Daniel e as primas mais velhas. 

Mas também ela tinha saudades e deu para ver isso no sorriso com que entrou em casa e o brilho dos olhinhos com que nos disse a satisfação que lhe ia na alma. 


Eu amo tanto este pardalito. 



Também os meus cunhados e o filho estão bem. 
A Fátima está grávida mas, graças a Deus, está tudo a correr bem. 


E hoje, na companhia da Margarida, foram passear para o jardim zoológico. 



E agora já temos um quarto de visitas para os receber, ainda que desta vez tenham sido os miúdos que ali dormiram por cedência do quarto das miúdas aos tios. 



Francis Obikwelo, um imigrante nigeriano que aqui conseguiu a carreira de atleta e que, na sequência disso, optou pela nacionalidade portuguesa, conseguiu a proeza de bater o recorde europeu dos cem metros livres e de obter a medalha de prata olímpica para o nosso atletismo que assim, pela primeira vez e sem qualquer trabalho nesse sentido, se viu relegado para os lugares de destaque numa prova em que jamais um português passara das eliminatórias ao nível das grandes competições internacionais. 

E ontem foi a vez de um compatriota conseguir o terceiro lugar no pódio dos mil e quinhentos metros. 



Está na hora de ir para a cama. 


 Alhos Vedros 
  26/08/2004

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

REAL... IRREAL... SURREAL... (386)


Museu Coleção Berardo
Tom Wesselmann, Great American Nude, 1963
Acrílico, tecido e papel impresso sobre contraplacado
152.3 x 121.9 x 4 cm


Nascimento a 23 de Fevereiro de 1931, Cincinnati
Morte a 17 de Dezembro de 2004, Nova Iorque

Nesta pintura de Tom Wesselmann, o lençol branco em baixo, sobre o qual se estende o nu, é um tecido colado (diz o pintor que prefere utilizar estes materiais, pois sente-se incapaz de os pintar). As duas personagens segurando cocktails resultam da ampliação de uma fotografia colada na tela. Não são identificadas, mas refletem a imagem transmitida pela sociedade americana. A homenagem a Henri Matisse expressa-se não só na odalisca, o grande nu, mas também na reprodução do quadro no canto superior esquerdo. Trata-se da pintura intitulada Deux jeunes filles, robe écossaise robe jaune [Duas jovens, vestido escocês vestido amarelo] de 1941 (Musée Matisse, Le Cateau-Cambrésis) no qual figuram também os dois retratos de cada lado do grupo central. À direita, um cortinado vermelho bordado de branco deixa entrever a paisagem de um parque emprestada de um quadro antigo. Percebe-se aí o detalhe de um Claude Monet no início de carreira, de um Frédéric Bazille ou de um impressionista americano como William Merritt Chase, mas não foi possível identificar a obra. A mesinha ao fundo, a mesa negra atrás do nu, a poltrona, o vaso de flores ou os frutos tratados de um modo liso, impessoal, participam na ambiguidade da cena. O pintor explica, a propósito da sua série Great American Nudes, ter «renunciado desde o início a dar-lhes um rosto […]. Quis, de facto, que uma espécie de movimento fluísse através do quadro e certas coisas, por exemplo, excesso de detalhes poderiam refrear esse movimento». Cada quadro comporta uma referência aos Estados Unidos da América, como retratos de George Washington, de Abraham Lincoln ou fragmentos da bandeira nacional, neste caso as estrelas à direita.
AC

Selecção de António Tapadinhas

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Dar Voz ao Silêncio



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Dar Voz ao Silêncio 
(Música de Palavras / Libreto) 

Uma viagem através da criação poética, feita entre um Carnaval e um Domingo de Páscoa, com Quaresma e Semana Santa pelo meio, ano de 2018. Entre a farra e a alegria da festividade humana, pagã, e o dia da ressurreição, cristã.

Antes de mais dizer que um libreto, segundo a Wikipedia, do italiano libretto, é o texto usado numa peça musical do tipo ópera, opereta, musical, oratório e cantata e, cujo plural, libretti significa literalmente livrinho. Ele inclui tanto as palavras das partes cantadas quanto das faladas.

Este livrinho é dedicado ao nosso planeta Terra, o planeta azul, que nos dias que correm anda demasiado cheio de lixos e fumos vários, embora seja grande a sua autocapacidade de regeneração para lá das manias antropocêntricas de alguns.

Fazendo minhas as palavras do meu amigo José Batista, "Gaia", a Terra mãe, de onde nós humanidade "saímos" de um parto recente, após um desenvolvimento de 3.800 milhões de anos. A biosfera é uma finíssima "película" superficial. Cuidemos dela em vez de a delapidar e contaminar. Em grande parte a preservação da Natureza depende da nossa ação quotidiana. Boa Viagem. Bons ventos de navegar. É esta a hora.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

AMANHÃ REGRESSA A MATILDE

Livros Escolares da Matilde, IV O livro do Estudo do Meio da autoria de (1) 



E a Matoldas chega amanhã com a tia Fátima, o Quim e o Daniel que estão de férias e vêm passar estes dias connosco. 



A Luísa sugere que visitemos as festas de Campo Maior, no fim-de-semana. 



Mas eu estou cheio de saudades do pardalito. 


 Alhos Vedros 
  24/08/2004


NOTA

(1) O manuscrito ficou assim mesmo; por qualquer motivo esta ficha do livro de Estudo do Meio ficou por fazer.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

REAL... IRREAL... SURREAL ... (385)



 Ilustrador Curt Swan

Nascimento: 17 de fevereiro de 1920, Minneapolis, Minnesota, EUA
Falecimento: 17 de junho de 1996, Wilton, Connecticut, EUA

Curt Swan foi um desenhista de história em quadrinhos norte-americano, mais conhecido por seu trabalho nas revistas do Superman. Convocado pelo Exército dos Estados Unidos em 1940, ele passou a Segunda Guerra Mundial trabalhando na publicação Stars and Stripes.

Prêmios: Will Eisner Award Hall of Fame, Inkpot Award

in Wikipédia

Selecção de António Tapadinhas

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Relembrando os 114 anos do nascimento do Professor Agostinho da Silva




QUADRAS SELECIONADAS DE AGOSTINHO DA SILVA

Do que vos dou bem duvido
de que seja a conta certa
se faltar é só dizer
se sobrar é mesmo oferta

De sermos tudo o que somos
quanta gente aí se acanha
mas se fizemos Brasil
foi por ciência e por manha

Mais que tudo quero ter
pé bem firme em leve dança
com todo o saber de adulto
todo o brincar de criança

Nunca voltemos atrás
tudo passou se passou
livres amemos o tempo
que ainda não começou

Dará Portugal ao mundo
em céu de amor e de espanto
seu Império do Divino
divino Espírito Santo

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

A BATALHA #287 - jan-fev. 2020

  • Capa de Gonçalo Duarte
     
  • A rasgar: A política identitária portuguesa afinal não gosta assim tanto dela própria (ou: em defesa dos empata-fodas)
    [António da Cruz]
     
  • Mixing & Jana [episódio 69]
     
  • Em Peruíbe cultiva-se a resistência
    [Mário Rui]
     
  • Populismo
    [Zé Povinho + Matilde Feitor]
     
  • Este mundo é uma distopia
    [P.]
     
  • Melhor os mortos do que uma mudança
    [Centro Studi Libertari / Archivio G. Pinelli + Gianluca Costantini]
     
  • Retratos à la minuta. Eugène Delacroix, La Barque de Dante
    [Emanuel Cameira]
     
  • "A partir de agora, é uma questão de facto. O mundo está prestes a transformar-se num único e enorme supermercado"
    [Russo]
     
  • Aos olhos da amnésia
    [Nuno Martins]
     
  • Vienet
    [Manuel Figueiredo]
     
  • Entrevista inédita a Emídio Santana
    [Manuel Henrique Figueira e Maria Teresa Figueiredo]
     
  • O movimento revolucionário de 18 de Janeiro de 1934 em Leiria
    [Hermínio de Freitas Nunes]
     
  • O Estandarte e A Batalha
    [Téofilo Braga]
     
  • O Partido Comunista do Brasil de 1919: uma iniciativa libertária
    [Alexandre Samis]
     
  • O fim do capitalismo
    [Estrela Decadente]
     
  • Mulheres anarquistas na "transição espanhola"
    [Laura Vicente + João Carola]
     
  • À lupa
    [recensões a 4-track solo demos (1995-1999); ABC d'une Bête; BTTM FDRS; Cat in a Bag; Em Açúcar de Melancia; Fogueteiro Azeitão; Mundo Real Poético; O Hábito faz o Monstro #18; Passe Social; Pull; QorosQorus; Selva!!!; They just sit about; Trente Ans de Cavale, ma vie de punk; Ventos Borrascosos]
     
  • Lobsang Rampa
    [Walt Thisney + 40 Ladrões]
     
  • Centro Anarquista Português de Artes Modestas
    [Marcos Farrajota]
A Batalha está à venda na Tortuga, Letra Livre, A Banca 31, Barata, Frenesi Livros (Anchieta ao sábado de manhã), Distopia, Leituria, Linha de Sombra, Papelaria Sampaio, Papelaria da Estação do Rossio, RDA69, Sirigaita, Snob, Tigre de Papel, Zaratan - Arte Contemporânea, ZDB, nos quiosques junto ao Largo do Rato, na Rua Alexandre Herculano, na Calçada do Combro, na Rua Camilo Castelo Branco e no Largo do Chiado (Lisboa), no Centro de Cultura Libertária (Almada), no Gato Vadio, na Utopia e na UNICEPE (Porto), na Uni Verso (Setúbal), na Fonte de Letras (Évora), na Centésima Página (Braga), na Traga-Mundos (Vila Real) e no quiosque da Estação de Camionagem (Bragança).


As condições de assinatura de A Batalha são as seguintes: 
Portugal: 6 nºs: 9,00€ / 12 nºs: 17,00€
Europa: 6 nºs: 16,00€ / 12 nºs: 31,00€
Extra-Europa: 6 nºs: 17,00€ / 12 nºs: 33,00€
O pagamento poderá ser efectuado para o NIB do CEL:
0033 0000 0001 0595 5845 9.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

Fim-de-semana de repouso, com jornais e Llosa, tal e qual estava a precisar para me recompor do esforço laboral que ainda tenho por necessário nos próximos dias. 
Não terei dormido tanto quanto desejava, uma vez que cedo nos erguemos da cama para gozarmos a praia de Sesimbra. Mas é o que eu chamo o mistério do mar, para o qual basta-me olhar e deixar que o espírito aí se perca, para sentir um renovar de energias no corpo e na alma que nesta ocasião me serão úteis para as refregas que aí vêm. 


E hoje à tarde deixei-me ficar na companhia da maratona feminina com os King Crimson como som de fundo. 

Impressionante foi a prova da maratonista japonesa que chegou em primeiro lugar que, por volta do vigésimo quinto quilómetro, impôs um andamento a que ninguém resistiu e que depois soube dosear sozinha a consagração da entrada no antigo estádio olímpico – em que já dei uma volta completa à pista, em passeio, é bom de ver – e vencer a corrida com todo o brilhantismo da alegria sobrepondo-se à máscara do esforço no momento de cortar a meta de braços abertos. 

Igualmente a queniana que ficou em segundo lugar protagonizou uma prova espectacular, com uma recuperação empolgante que deixou a concorrência para trás e lhe permitiu assegurar a medalha de prata. 

Lamento não ter fixado o nome destas atletas mas ambas as prestações me entusiasmaram. O recorde olímpico da maratona masculina pertence a Carlos Lopes, com duas horas, nove minutos e vinte e um segundos, desde as olimpíadas de Los Angeles em oitenta e quatro do século passado. 

Se resistir a estes jogos, ultrapassará assim as duas décadas. 

Até ao momento, este é ainda o maior feito do desporto nacional. 


E é o que põe a nu a ditadura que o mundo da bola exerce sobre a sociedade portuguesa. 


Quando os defensores do euro dois mil e quatro apresentaram todas as suas razões que nada tinham a ver com os aspectos desportivos, propriamente ditos e chegaram à demagogia extrema que, para mim, se confundiu com a vigarice, de alegarem que o evento teria potencialidades para polarizar a retoma económica – isto não é uma anedota – estavam precisamente a esconder o facto de o universo que orbita em torno do futebol sugar ao erário público muito mais do que devia e até do que é moralmente aceitável. 

Com efeito, se pretendíamos projectar a imagem do país no estrangeiro, como não tenho dúvida alguma em aceitar que se conseguiu com o europeu de futebol, mas se o desiderato era esse teríamos tido muito mais retorno se tivéssemos concentrado os recursos para uma organização olímpica que poderia ter sido planeada de maneira a dotar o país com infra-estruturas desportivas – e não só de um tipo de desporto, em particular – que posteriormente poderiam ser aproveitadas para funcionarem como polos de desenvolvimento neste âmbito específico das actividades humanas, nomeadamente e em primeiríssimo lugar no referente ao desporto escolar que não existe entre nós. Como facilmente é entendível, um tal evento tem uma audiência televisiva e uma cobertura mediática muito maior que o euro dois mil e quatro jamais poderia aspirar a conseguir. 
E depois um estádio olímpico seria muito mais fácil de manter e animar de modo lucrativo do que os dez que o estado pagou, o mesmo é dizer que os nossos dinheirinhos de cidadãos contribuintes pagaram para, a permanecerem as coisas como estão, ficarem às moscas e a reclamarem mais apoios públicos para que não se degradem com uma rapidez que, de todo, seria desaconselhável. 

Mas a verdade é que no meio de todo o generoso pacote que o país pagou, ninguém repara que ao Futebol Clube do Porto foi oferecido um centro de estágio pela Câmara de Gaia e todo um complexo desportivo nas Antas, onde fizeram o estádio do dragão e todas as acessibilidades, para além das negociatas dos terrenos e construção em que até o amigo Pôncios Monteiro aparece como empresário promotor. 


Enfim, é isto o mais triste exemplo do planeamento estratégico para o desenvolvimento desta triste sociedade. 



A Margarida começa a acusar o nervosismo pelo aproximar do começo do novo ano lectivo e a mudança de escola. 
Ultimamente tem feito perguntas sobre os horários e a turma e as indicações quanto ao primeiro dia de aulas que revelam uma agitação própria de quem se sente inquieta com o recomeço do ano escolar e o início de um novo ciclo. 


Vamos estar atentos nos próximos dias. 



E agora o sono, mas ainda antes lerei uma página de Llosa dos primeiros tempos cheios de exuberância. 


 Alhos Vedros 
 22/08/2004

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

REAL... IRREAL... SURREAL... (384)


The Kiss, Francesco Hayez, 1859
Óleo sobre Tela, 112 x 88 cm

Nasceu em Veneza a 10 de Fevereiro de 1791 e faleceu em Milão a 12 de fevereiro de 1882. Foi um pintor italiano, considerado o máximo expoente do romanticismo histórico.  Originário de uma família humilde, o pai, Giovanni, era de origem francesa, enquanto a sua mãe, Chiara Torcella, era natural de Murano.

Já de pequeno mostrou predisposição pelo desenho, por isso seu tio confiou a um restaurador para que lhe ensinasse o ofício. Posteriormente foi discípulo do pintor Francisco Magiotto, com quem permaneceu durante três anos. Fez o seu primeiro curso de nu artístico em 1803 e em 1806 foi admitido nos cursos de pintura da Nova Academia de Belas Artes, onde foi discípulo de Theodore Matteini.

Em 1809 ganhou um concurso da Academia de Veneza para ser aluno da Academia de San Luca próxima de Roma. Por isso, mudou-se para a capital italiana onde passou a ser discípulo de Canova que foi seu guia e protector durante os anos que passou em Roma.

Em 1850 foi designado para director da Academia di Brera.


in Wikipedia

Selecção de António Tapadinhas