terça-feira, 12 de junho de 2012

FRESCOS

UMA TARDE DE CHUVA

O chilrear de pardais, chove, a sebe de arbustos pincelada a verde, cheio, ópera ascendente, cada vez mais alto, na direcção de explosões lacrimais de pingos destilados, no parapeito refractado da janela. Os outros pássaros voltam sempre a cantar quando as nuvens se abstêm de chorar pelos deuses e as primeiras andorinhas acabam por aparecer, nos rodopios de um sorriso.

Alhos Vedros, Fevereiro de 1983

2 comentários:

A.Tapadinhas disse...

Uma tarde de chuva...

...o sol que está na forma de pingos em todas as palavras...

...trazem-nos as cores do arco-íris...

Abraço,
António

Luís F. de A. Gomes disse...

Era a Léninha que me desafiava para apreciarmos os arco-íris que, na Primavera, por vezes se formavam nos repuxos que regavam a relva do parque, mesmo em frente da Estufa Fria e muitas foram as vezes que ali ficámos contemplando e fenómeno anunciado.

Muitos destes poemas surgiram em tardes como essas.

Aquele abraço. companheiro
Luís