domingo, 27 de abril de 2014



14 / 2014
 
 
ABRIL, agora
 
Sentado na sua cadeira junto à janela do Lar de 3ª Idade onde agora habita, olha.
Olha e pensa.
A cal e a telha compõem a arquitectura do edifício.
O céu, carregado de nuvens negras, emoldura esta parte visível de mundo.
É Abril.
É Abril, e chove.
A chuva cai e escorre pelos beirais.
O olhar vê os pequenos rios que dos vãos das telhas se precipitam mas não é nisso que a alma se detém.
A alma sente que a água que dos céus cai vem irrigar o chão, encharcar a terra em que os pés se enterram como charruas arando o futuro.
Novas sementeiras se preparam e consumam.
São indispensáveis para que se possa colher no futuro.
Não, ao contrário de outros, não se sentia deprimido ou triste com a chuva que caía.
Enfim, diferentes maneiras de olhar reflectindo formas várias de sentir.

 
Foto de João Ramos

1 comentário:

Gil disse...

Gostei muito quando vi / li pela primeira vez, continuo a gostar muito... e gosto que esteja aqui, no Estudo Geral!

Abraço