Cristãos e Judeus – o enterramento de Fernão do Casal
(inédito)
SINOPSE
Desde
épocas imemoriais, nas terras da Ibéria,
coabitam judeus e cristãos. Para Celso Lafer, «os judeus se instalaram na Península desde
os tempos salomônicos, passaram pelo domínio romano, suportaram as invasões bárbaras,
sofreram os primeiros reinados visigóticos, sustentaram os árabes,
integraram-se nos reinados cristãos da Reconquista...»
Para Ângelo Adriano Faria de Assis (*) «O nascimento político do reino português (…) [no] século XII, sob a espada abençoada por
visões divinas e comandada por Afonso Henriques (…), dá-se num momento em que
os filhos de Abraão já se encontram (…) sedimentados em algumas localidades de
grande povoamento e importância, como Santarém, Coimbra e Lisboa. (…) O relacionamento
entre cristãos e judeus no mundo português encontrava particularidades que o diferenciava
dos outros países da Europa cristã. De acordo com Anita Novinsky, as diferenças
começam na própria origem: durante a Idade Média, Portugal foi "o país que
antes de qualquer outro da Europa reconheceu os direitos dos judeus"; consequência
desta política de "aceitação" social, é que "foi nessa parte ocidental
da Península que a propaganda oficiosa antijudaica penetrou mais tarde".»
Também
em Alhos Vedros, povoação na margem esquerda do Tejo, dada a vizinhança de
Lisboa, havia judeus integrados na comunidade local.
Citando
de novo Ângelo Assis, «Apesar da forte
influência do direito canónico, (…) "a religião não impediu nem prejudicou
seriamente os contatos mútuos, as inter-relações grupais, sendo mesmo considerável
o número de casamentos mistos". A situação, na prática cotidiana, mostrava-se
em Portugal - como em nenhuma outra parte – favorável ao bom convívio entre os
grupos. (…) O povo não levava muito a
sério as proibições dos representantes da Igreja e os monarcas portugueses foram
muitas vezes recriminados de Roma por favorecerem aos judeus"».
No
funeral do Fidalgo alhosvedrense Fernão do Casal, cooperaram cristãos e judeus, irmanados no mesmo sentimento
de pesar.
Desgraçadamente,
«o aumento das perseguições na Europa e (…)
os acontecimentos em Espanha, (…) mormente na segunda metade do século XV, mudariam
este quadro e trariam um triste fim ao período em que os hebreus conviviam abertamente
com os cristãos no reino fundado séculos antes por Afonso Henriques.» (*)
Qual
mito da cripta, sub-repticiamente,
foi sem-do gerado o monstro.
(*) Ângelo Adriano
Faria de Assis Coordenador do Curso de História/Docente - Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras Nair Fortes Abu-Merhy (Além Paraíba - MG), in “O Medievo Português em tempos de
livre crença: relações entre judeus e cristãos em Portugal antes do monopólio
católico iniciado em 1497.”
Francisco
José Noronha dos Santos
2 comentários:
Amigo Francisco, viva!
Venha de lá a refeição que o aperitivo está saboroso.
Abraço.
Manuel João Croca
Olá, amigo Manuel João!!!
Será que a "refeição" valerá a pena?!
Aquele abraço.
Francisco
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