FRANCISCO
NÓBREGA
Nasceu em Moçâmedes (Namibe), em
1935, fruto de terceira geração de naturais de Angola dos colonos madeirenses
que povoaram as terras da Huíla desde finais do século XIX. Muito cedo perdeu o
pai e por esse motivo viveu a infância e parte da adolescência na Humpata, nas
férteis terras altas da Huíla, sob os cuidados dos avós paternos que ali geriam
uma fazenda agrícola e onde também criavam gado.
Ali aprendeu a respeitar os
homens, os bichos e a natureza, sob a orientação sábia do avô, “figura
inesquecível. De estatura física invulgar, adaptado à vida ao ar livre, com os
seus 120 quilos, de aspecto maciço, sem ser muito alto, inspirava respeito pela
simples presença”, e da avó “que nasceu para ser mãe, iluminada pelas
supremas qualidades de quem existe para transmitir amor e compreensão a quem a
rodeia”. E com uma liberdade sadia e solta ali também aprendeu a amar
os infinitos horizontes e os grandes espaços da terra angolana.
Muito jovem (14 anos) iniciou a
vida profissional, e nada melhor lhe conviria para manter esse espírito de
aventura e sede de descoberta do que a profissão que escolheu e que lhe assenta
como uma luva: a topografia.
Da sua vasta experiência e
vivência, familiar e profissional, nasceu um livro em 2001: “A NOSSA ÁFRICA – MANTA DE RETALHOS”,
numa Edição de Autor.
Nele são descritos os valores da
amizade e do companheirismo, tão necessários no meio dos sertões inóspitos, os
episódios de caça, uma necessidade crucial para quem passa longas temporadas no
mato, as dificuldades de cruzar desertos e de atravessar rios com os meios de
que dispunha e dependendo apenas de si. Também se aborda a História e os
caminhos que daí surgiriam para o futuro de Angola. E sempre, recorrente e
presente em todo o livro, o elogio e o agradecimento à mulher, companheira e
mãe dos seus filhos, que sempre o acompanhou para todo o lado.
Mas não ficou reconhecido o seu
trabalho apenas em Angola, que foi forçado a abandonar em 1975, mais um entre
os milhares que o foram: percorreu a Namíbia, trabalhou na Venezuela e na
Arábia Saudita (sempre os infinitos horizontes) terminando a sua labuta
profissional em Portugal, onde vive.
Mas, indelével no seu pensamento,
ficarão para sempre os valores aprendidos nos vastos horizontes angolanos, tão
bem transmitidos nesta obra e que descreve assim: “A nobreza da humildade, a beleza
da modéstia e o profundo reconhecimento da nossa pequenez, essa Felicidade que
alguns homens conhecem, toca-nos o mais profundo da alma quando defrontados com
a Grandeza dos verdadeiros ambientes naturais… e nunca mais de nós se apaga!”
Tomás Lima Coelho
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