FRANCISCO
NÓBREGA
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Ali aprendeu a respeitar os
homens, os bichos e a natureza, sob a orientação sábia do avô, “figura
inesquecível. De estatura física invulgar, adaptado à vida ao ar livre, com os
seus 120 quilos, de aspecto maciço, sem ser muito alto, inspirava respeito pela
simples presença”, e da avó “que nasceu para ser mãe, iluminada pelas
supremas qualidades de quem existe para transmitir amor e compreensão a quem a
rodeia”. E com uma liberdade sadia e solta ali também aprendeu a amar
os infinitos horizontes e os grandes espaços da terra angolana.
Muito jovem (14 anos) iniciou a
vida profissional, e nada melhor lhe conviria para manter esse espírito de
aventura e sede de descoberta do que a profissão que escolheu e que lhe assenta
como uma luva: a topografia.
Da sua vasta experiência e
vivência, familiar e profissional, nasceu um livro em 2001: “A NOSSA ÁFRICA – MANTA DE RETALHOS”,
numa Edição de Autor.
Nele são descritos os valores da
amizade e do companheirismo, tão necessários no meio dos sertões inóspitos, os
episódios de caça, uma necessidade crucial para quem passa longas temporadas no
mato, as dificuldades de cruzar desertos e de atravessar rios com os meios de
que dispunha e dependendo apenas de si. Também se aborda a História e os
caminhos que daí surgiriam para o futuro de Angola. E sempre, recorrente e
presente em todo o livro, o elogio e o agradecimento à mulher, companheira e
mãe dos seus filhos, que sempre o acompanhou para todo o lado.
Mas não ficou reconhecido o seu
trabalho apenas em Angola, que foi forçado a abandonar em 1975, mais um entre
os milhares que o foram: percorreu a Namíbia, trabalhou na Venezuela e na
Arábia Saudita (sempre os infinitos horizontes) terminando a sua labuta
profissional em Portugal, onde vive.
Mas, indelével no seu pensamento,
ficarão para sempre os valores aprendidos nos vastos horizontes angolanos, tão
bem transmitidos nesta obra e que descreve assim: “A nobreza da humildade, a beleza
da modéstia e o profundo reconhecimento da nossa pequenez, essa Felicidade que
alguns homens conhecem, toca-nos o mais profundo da alma quando defrontados com
a Grandeza dos verdadeiros ambientes naturais… e nunca mais de nós se apaga!”
Tomás Lima Coelho
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