terça-feira, 10 de novembro de 2015

O DIÁRIO DA MATILDE - O MEU PRIMEIRO ANO DE ESCOLA

A IDA AO DENTISTA 


Ui! Não há cão nem gato que não se atire ao Procurador. 
Porque será? 



E os homens do PS, num espectáculo que seria vergonhoso se não viesse da parte de pessoas que gostam de ver-se ao lado de alguém como Pinto da Costa, insistem em querer ver o texto de um acórdão que deu provimento a um recurso substituir-se a uma sentença de tribunal. 
É o entendimento que esta gente tem do estado de direito. 

E ao melhor estilo da táctica do agarra que é ladrão, depois de fazerem de um deferimento uma absolvição, querem fazer acreditar que não estão a politizar a justiça, ao mesmo tempo que lançam anátemas sobre a acusação. 
Acontece é que os factos são cruéis para quem tem estas palavras. 
Mesmo dando de barato que até ao momento não tenha havido, por nenhuma das partes, qualquer tentativa para o fazer, não será politizar o problema a atitude de uma pessoa que, ao ser posta em liberdade após meses de prisão preventiva, em vez de se dirigir para o lar, como faria qualquer cidadão normal, tenha escolhido precisamente o parlamento para primeiro local de visita e o espaço próprio aos desabafos da alma e a apresentação das suas impressões e pontos de vista e onde foi recebido em apoteose pelos correligionários? Quase só faltou apontarem o herói liberto das grades de uma qualquer prisão política. Chegou-se ao cúmulo de vermos o advogado de defesa – que não consta ter algum vínculo orgânico com aquela câmara – dar uma conferência de imprensa no interior do edifício da Assembleia da República, na qual, ironicamente, voltou a sublinhar tão cândida postura; pois não é isso uma politização da questão? E depois o que se seguiu, com o Lacão e todos os lacões desta nossa opinião publicada, não é isso a materialização daquilo que, pela negação, se pretende esconder? 

O drama está em que a frieza da análise nos diz que eles têm razão. É que esta opereta de mau gosto está para lá da intenção em causa. Vinda de quem vem, nada mais é que a defesa, dada a situação, aguerrida e ostensiva da partidocracia, deste regime partidocrático que eles criaram para se manterem no poder e perpetuarem e avolumarem os privilégios que usufruem. A representação popular é um álibi e um disfarce. Eles não estão a representar o povo; eles estão lá para que interesses poderosos não se vejam beliscados nos seus cabedais e propósitos e sabem bem que devem os lugares e prebendas a essas fidelidades esconsas e, para que tudo permaneça a contento, também não ignoram que em última instância recorrerão às medidas drásticas, mesmo que estas consistam em impor uma verdade ao poder judicial. 
Provavelmente, este pessoal não está a politizar coisa alguma mas tão só agindo segundo os seus princípios políticos e valores morais que, embora não revelados estão lá, bem no âmago, sempre que a loja fecha e eles deixam de atender ao público. 


Ai Portugal que és um país 
mesmo do outro mundo, 
tão pertíssimo do triz 
de te estatelares lá no fundo. 



E a vida que tem tantas e tantas maravilhas, tantas coisas misteriosas com que nos podemos deleitar e assim alimentar o espírito e preencher as horas do dia a dia. 

Ver o crescimento de um ser humano é tão empolgante. 
Ainda mais quando é uma parte de nós. 

“-Uau, Margarida! Já consegues fazer palavras cruzadas? Parabéns, filha!” –E o pai vergou ligeiramente o tronco para beijar aquela cabecinha, debruçada sobre a revista de passatempos em que ia escrevendo as letras dos sinónimos. 



A Matilde apreciou a manhã de folga. 
Brincou, viu um programa infantil na televisão e até teve tempo para fazer desenhos que ofereceu aos pais. 


É uma alegria almoçar em conversa com esta pardalada. 


À tarde foi ao dentista, melhor será dizer à dentista, com a mãe. 
Fez um primeiro exame oral que nos deixa tranquilos. Os dentes estão em bom estado, não têm cáries e a substituição processa-se com toda a normalidade. 



Após o jantar os pais decidiram tomar o café na esplanada e as irmãs convidaram a Beatriz para brincarem no largo. 



Devo dizer que estou de acordo com Pacheco Pereira sobre a importância e a necessidade de se efectuar um referendo sobre a constituição europeia e ainda sobre a preferência em separar o escrutínio do mesmo dia daquele em que ocorrerá o próximo acto eleitoral para a Assembleia da República. 
As implicações que um tal documento pode ter merecem uma discussão separada. Caso contrário, em vez de termos alguma probabilidade de escutarmos e apresentarmos ideias, estaremos remetidos para os slogans e a gritaria. 

E os portugueses que precisam tanto de cultura e educação cívica. 



Tanto quanto para os iranianos a quem, em primeiro lugar, deve servir de exemplo a laureada com o Nobel da Paz deste ano, Shirina Ebádi, de quem nada mais sei do que aquilo que a seu respeito li na imprensa, mas o suficiente para dizer que também é uma referência para o mundo. 
Trata-se de alguém que se distinguiu pela defesa dos direitos humanos naquele país e que foi a primeira mulher a exercer o cargo de Juiz num Tribunal, em Teerão. Sucedeu isso no tempo do regime anterior, posição de que foi destituída após a revolução islâmica. 
Significa isto que aquele país regrediu. 
   

   Alhos Vedros 
     10/10/2003

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