quinta-feira, 4 de novembro de 2010

d´Arte - Conversas na Galeria X


Cais de Alhos Vedros Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 30x40cm
(clique sobre a imagem)

DEPOIS DE VAN GOGH II

O realismo do desenho, os seus pormenores, serve para eu me deleitar na liberdade da pincelada, no seu empaste e, mormente, na intensidade da cor que, só por mera coincidência, coincide com a realidade.
Do primeiro plano desapareceu uma estaca que lá estava inicialmente para conduzir o olhar do observador para a direita do quadro: deixei essa missão para a margem multicolorida que nos espreita…
O contraste dos amarelos e azuis é realçado pelos tons verdes (soma e complemento de ambas as cores) das margens e suavizado pelos acordes rosa, presentes no céu e na água que deve ser o seu espelho.
Olhando para este trabalho concluído, quero dizer, com a maior franqueza, que não noto nenhumas diferenças em relação aos meus mais recentes quadros.
Será que os meus amigos notam algumas?

9 comentários:

luis santos disse...

Dada a lei da impermanência (é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma) e a lei da interdependência (inteiramente tudo depende de tudo), hoje só escrevo para dizer que Sim.

Abraço.

estudo geral disse...

Luis Santos: O meu sogro, quando fazia parte do mundo dos vivos (claro!), conversou, durante umas férias que passámos no Algarve, com um alemão que não falava português, sobre todos os assuntos que o preocupavam e trazia-nos novidades sobre o amigo: a profissão, o sindicato, os seus problemas com os filhos, com os "outros" alemães, com os americanos... Quem os visse passar nos seus longos passeios à beira-mar, não conseguiria adivinhar que eles falando não se entendiam...

Eu também não entendo o que dizes, nem o teu estado de espírito...

...mas sei da tua amizade e conheço as duas palavras com terminas o teu comentário. E essas chegam-me!

Abraço,
António

aliusvetus disse...

Nunca olho para a tua pintura com olhar crítico ou comparador. A técnica que usas, concretamente a "pele" que pões nos teus trabalhos, transporta-me sempre para o imaginário da minha transição de jovem para adulto, a fase mais importante da minha vida (não será a de toda a gente?...) Era com essa "luz" que eu via tudo o que me rodeava. Não "entro" na tua pintura, é ela que "entra" em mim...

MJC disse...

Acho que o cais de Alhos Vedros fica mais bonito na poesia das tuas tintas.

Aí, lembrei-me do conto da Yourcenar "A Salvação de Wang-Fô" e acabei por re-constatar, mais uma vez, que o Mundo sem os artistas seria um lugar muito mais cinzento. Triste.

Abraço,

mj

A.Tapadinhas disse...

alliusvetus: Não consigo valorizar qual é a parte mais importante da nossa vida... Serão todas igualmente importantes. Talvez, talvez, a parte mais importante seja aquela em que a nossa presença neste mundo serviu para fazer alguém feliz...

Só falta mesmo pegares no pincel e transferires essa sensação para uma tela...

Abraço,
António

A.Tapadinhas disse...

MJC: Concordo em absoluto contigo e com Yourcenar...

Só acrescentarei que, perante as verdades cruas com que nos deparamos diariamente, continua a fazer falta o manto diáfano da fantasia...

de preferência artístico!

No meu Cais as cores foram retiradas directamente do local para a tela! Todos podemos colocar uns óculos especiais para ver o mundo que nos rodeia - os da imaginação!
:)
Abraço,
António

luis santos disse...

António: Tem sido uma semana cheinha de trabalho. Talvez que os poucos minutos de que dispus para comentar o teu texto, numa hora ainda sem muita claridade, me tenham levado a não ser muito explícito, coisa que é muito cara a qualquer Professor... Não é que neste caso seja muito importante, porque sempre só se percebe aquilo que precisamos(?) perceber. Mas, já agora, te direi que os princípios de "impermanência" e "interdependência" são dois princípios básicos budistas que caracterizam a Natureza, embora as definições que lhes dei, fruto da apropriação momentânea naquela hora da manhã, seja um pouco abusiva da minha parte.

Também agora não dá para mais, tenho de sair porque esta semana de trabalho está mais longa que as habituais.

Abraço.

A.Tapadinhas disse...

Luis Santos: Eu, que ao contrário de ti, tenho todo o tempo do mundo (terei?), para fazer aquilo que gosto, já tinha ido ao deus do conhecimento universal, para simplificar, Google, saber o que é essa tal lei da impermanência e da interdependência. Fiquei com uma ideia do que querias dizer graças ao artigo "Budismo e identidade pessoal" de Paulo Borges - Presidente da União Budista Portuguesa...

Se o trabalho redime, é teu o reino dos céus...
:)
Abraço,
António

luis santos disse...

...ou não fosses tu o fiel depositário do Pássaro Azul.