quinta-feira, 11 de novembro de 2010

d´Arte – Conversas na Galeria XI



Moinhos de Alburrica Autor António Tapadinhas
Acrílico sobre Tela 50x50cm
(clique sobre a imagem)

Éolo
Já devem ter notado que os deuses gregos têm relações de tal maneira conflituosas, que será melhor não nos metermos nas suas querelas familiares.
Éolo interessa-me porque, segundo a Odisseia, tratou com deferência Ulisses, ofertando-lhe um odre em que estavam encerrados todos os ventos com excepção dos Zéfiros que o levariam a sua casa, em Ítaca.
Ulisses, fundador da cidade de Lisboa segundo a lenda, daí também os seus habitantes serem chamados de ulissiponenses, tem no Castelo de S. Jorge uma torre com o seu nome. Nesse local, está instalado um mecanismo óptico inventado por Leonardo Da Vinci no século XVI, um Periscópio, único existente em Portugal, que permite observar a cidade a 360º em tempo real, incluindo a margem esquerda do Tejo.
Nesta paisagem que eu, recorrentemente, fotografo e pinto, o grande destaque vai habitualmente para os moinhos de vento de Alburrica. Desta vez, queria destacar a paisagem circundante, o céu e, claro, o Rio Tejo.
Mas não consegui resistir à beleza da embarcação beijada pelas águas calmas do rio!

5 comentários:

luis santos disse...

Nem sei porquê este lindo típico batel da região e Alburrica em fundo fazem-me pensar em Álvaro Velho, o ilustre Alhosvedrense que se pensa ter sido o cronista da Viagem de Vasco da Gama à Índia. O Barreiro acabou por adoptá-lo como sabemos, mas à época, provavelmente, ainda o Barreiro integrava Alhos Vedros (é melhor deixar a legitimação da ideia à história local, por exemplo, ao José Manuel Vargas que tão bem tem estudado a região).

Por associação também me recorda que o "Roteiro", título da Crónica da Viagem foi o nome dado à bola do Euro2004 que rolou nos relvados em Portugal.

E, já agora, misturados que estão Alburrica, Álvaro Velho e Futebol, lamentar a triste queda do Barreirense, um histórico do Futebol nacional que por deficiente gestão deu um trambolhão do qual dificilmente se levantará.

Em suma: há obras de arte que têm o condão de nos fazer pensar, tal e qual como as varinhas mágicas. pensar.

Abraço.

A.Tapadinhas disse...

Luis Santos: Começo pelo fim! Pelas varinhas mágicas que nos fazem pensar! E penso que o inventor de tal varinha, devia ser açoitado por ela: Que raio de ideia de registar a patente por tempo indeterminado! Agora, neste lugar à beira-mar afogado, neste meridiano, pensar faz falta!

Por influência do meu pai, joguei
futebol nos juniores do FCB, no tempo do Adolfo, Bandeira, Mira... Ficou o meu segundo clube, depois do glorioso!

Abraço,
António

luis santos disse...

Descobri que o meu comentário tem uma imprecisão: onde se lê "ainda o Barreiro integrava Alhos Vedros", deve ler-se "ainda o Barreiro estava integrado em Alhos Vedros".

MJC disse...

Nas águas correntes do rio estarão presentes todas as estações do tempo : o passado, o presente e o futuro.

Assim nos ensina Herman Hesse no seu "fundador" e estruturante SIDHARTA.

Agora, hoje, os olhos que olham são óbviamente os do presente e, talvez, daí os quixotescos moinhos / sonhos /miragens / em tamanho menor, antropofógico, diminuto.

É porventura pequena,agora, a dimensão do sonho.

Mas, as águas, correm sempre, sem parar.

As águas, como o tempo...

O que agora é presente vem do passado e vai ser, inevitavelmente, futuro.

Associo-me, na metafórica representação desproporcionada da realidade, à tua interpretação na expectativa de que o curso das águas encontre, naturalmente ou por alguma intervenção que me não atrevo a convocar, o terreno mais propício para desaguar.

Ah, até porque há o azul, os azuis, que desbundas magnificamente.

A arte não se explica.
A arte implica.

Por isso as interpretações são sempre plausíveis e legítimas sendo de rejeitar, sobretudo, o marasmo ou o ficar quieto, parado.

Parado ? será tal possível?!

Tenho, em minha casa,representação de uma cidade-luz lembrando-me, permanentemente, de que "navegar é preciso".


abraço,

croca

A.Tapadinhas disse...

MJC: Apesar das tuas palavras estarem soterradas por outras mais actualizadas, elas continuam a ser presente e, atrevo-me dizer, futuro. Porquê? Porque tu escreves como quem grava na pedra as mensagens que o futuro precisa...

Quem vive numa cidade-de-luz, rodeada de azul, nunca pode estar parado... muito menos no tempo!

Abraço,
António