sábado, 5 de fevereiro de 2011

A escravidão no Brasil

Desenho de Johann M. Rugendas : Nègres à fond de cale d’un bateau d’desclaves. Fonte: wikipedia livre

Pela humanidade execrada, existente desde os primórdios das civilizações, com características inerentes à cultura e motivação dos povos que a exerceram, a escravidão foi um sistema socioeconômico coercivo que utilizava a competência física ou intelectual do homem cativo em guerras e assaltos, pelo seu dono ou senhor, para adquirir algum tipo de bem, seja financeiro ou de prestação de serviços.

Com a descoberta do Novo Mundo e a tentativa de fazê-lo economicamente viável, para os povos que tinham terras conquistadas e pouca gente para ocupá-las (portugueses, espanhóis, holandeses, franceses, ingleses) o emprego da escravidão foi a solução primitivamente encontrada.

Assim começou a escravidão na América. O tráfico de escravos inicialmente com o monopólio português, logo foi superado pelos concorrentes. Até que os ingleses não o julgaram mais necessário, quando a economia inglesa tomou outros rumos mais eficientes e supostamente humanitários. Era a maquina tomando a vez do trabalho escravo, mas sempre precisando de gente para manipulá-la ou gerenciá-la. Com ela veio outro tipo de escravidão, a que a sociedade industrial desenvolveu.

Era basicamente através das Feitorias instaladas nas costas da África (Arguim e São Jorge da Mina), no escambo com os sobas, que os portugueses adquiriam escravos. Pervertidamente estimulados pelas ofertas portuguesas (proteção armada, panos, armas, açúcar, cachaça, enfeites,...), os reis africanos trocavam prisioneiros de guerras tribais ou das caçadas (às vezes ajudados pelos portugueses), pelos bens que aumentavam seu prestigio, vaidade e poder.

No Brasil, como a escravidão ameríndia não deu resultados (dificuldades na captura dos índios, alto índice de mortalidade, dificuldade de aculturação de uma sociedade indígena estruturada, proteção da Igreja) a solução portuguesa foi buscar na África material humano para o trabalho. Fisicamente mais resistentes, os africanos suportaram, apesar das muitas perdas de vida, as longas e insalubres travessias, os bárbaros castigos, as duríssimas condições de vida. Socialmente desterrados e desestruturados, pelo Vaticano ignorados como seres sem alma, e sem direito à liberdade, foi mais fácil para os colonos luso-brasileiros utilizá-los. A escravidão africana, no Brasil, propiciou a produtividade (mineração, plantação de cana de açúcar, algodão, tabaco, café, manuseio de gado) e desenvolvimento (mão de obra rural e urbana, serviços gerais), e foi elemento fundamental na formação genética e cultural do povo brasileiro.

Maria Eduarda Fagundes
Uberaba, 24 de janeiro de 2011

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