por Miguel Boieiro
Creio
bem que toda a gente, mesmo os citadinos, conhece a Malva silvestris L., planta abundante em todas as estações do ano,
com grandes folhas palmatilobadas e flores com cinco pétalas separadas, que vão
da cor branca à violácea. Por isso, dispenso-me de fazer aturadas descrições
botânicas.
Pois
a malva é toda boa, desde as raízes, passando pelos caules, as folhas, as
flores e os frutos (que os miúdos chamam “queijinhos”). O seu uso não possui
quaisquer contraindicações.
A
verdade é que, hoje em dia, a facilidade com que se chega à farmácia para o
fornecimento de qualquer medicamento de síntese química, enubla completamente o
papel, outrora precioso, das plantas nossas amigas, em que a malva estava em
primeiríssimo plano. Ficaram, é certo, ditos e provérbios, mas eles parece
servirem apenas para brincar: – “Vê lá se também queres que te lave o …com água
de malvas!”
Este
dito jocoso, ilustra, às mil maravilhas, um dos usos comuns da malva, como anti
inflamatória, desinfetante e calmante.
Já
na antiga Grécia, a malva, considerada planta sagrada, utilizada de inúmeras
formas, servia para combater todas as doenças conhecidas: abcessos, acne,
furúnculos, picadas de insetos, hemorróidas, obstipações, inflamações oculares,
bronquites, faringites, etc., etc. Aliás, Hipócrates, o chamado pai de
medicina, recomendava-a como componente, em praticamente todos os preparados.
A
malva pertence à família das Malváceas
(outra espécie valiosa desta família é a alteia que, a seu tempo, analisaremos)
e é uma herbácea bienal, ou mesmo perene que medra em caminhos, baldios e
lixeiras onde existem solos porosos, ricos em azoto. Se as condições
forem as ideais, ultrapassa facilmente o meio metro de altura.
Na
sua constituição química sobressaem as mucilagens que possuem virtudes
curativas como elementos calmantes, emolientes, desinfetantes e laxativos, para
além de taninos, pró vitamina A e vitaminas B1, B2 e C.
Usa-se,
quer internamente (infusões e decocções), quer externamente (lavagens,
gargarejos, cataplasmas e preparados com substâncias oleosas).
Dizem
que uma cataplasma feita à base de malvas produz efeitos quase milagrosos no
tratamento de furúnculos.
Com
as folhas tenras da malva, a que se juntam hortaliças, confeciona-se (ou confecionava-se)
uma sopa muito apreciada, descrita desde remotas eras.
Para
terminar, transcrevo, com a devida vénia, as mezinhas que o Dr. Oliveira Feijão
prescreve na sua conhecida obra “Medicina pelas Plantas”:
“O
infuso das flores (30/1000), adoçado com mel, é usado contra bronquites, tosse,
sarampo, escarlatina, varicela, etc. O cozimento da raiz (60/1000) é um bom
expectorante, tomado na dose de várias chávenas por dia. O cozimento das folhas
(50/1000) emprega-se em clisteres, irrigações vaginais, gargarejos, pensos para
feridas, doenças da pele, hemorroidal, etc.”.
Sem comentários:
Enviar um comentário