segunda-feira, 19 de maio de 2014

REAL... IRREAL... SURREAL... (80)

Gadanheiro, Júlio Pomar,  1945
Óleo sobre Aglomerado 122x83cm


É a hora!

O desencanto floresceu no meu país!
O que foi sonho fundiu em pesadelo!
Calar mais tempo, era traição fazê-lo
Não sobrevive a árvore sem raiz!

O povo somos todos, nascidos em pátrio solo
Não apenas a turba, a plebe explorada,
Capacho dos senhores, que a querem conservada
E a adormecem com música de um só solo!

Neste antro de leões não pode haver cordeiro
Que faça ouvir o seu balir sereno!
Neste festim não come a vaca o feno
Enquanto houver a fava e o centeio!

O sol fica escondido e não levanta!
As palavras ficam mortas na garganta
-“O rei vai nu!”- Ninguém ousa dizer!

Contra a inércia, não nasce em ti a ira?!
Tira os teus pés da estrada da mentira!
Levanta-te e grita… e o dia há-de nascer!

Joaquim Carreira Tapadinhas - Montijo

2 comentários:

Joaquim Carreira Tapadinhas disse...

Muito grato por terem inserido este poema.

estudo geral disse...

Nós também agradecemos a sua preciosa colaboração.

Estudo Geral