quinta-feira, 3 de março de 2016

Estudos Orientais


Do Buda ao Budismo

“Tudo o que percepcionamos é a nossa própria mente;
A natureza da mente é desde sempre livre dos extremos conceptuais.
Reconhecê-lo, e não conceber dualidade sujeito-objecto,
é a prática do bodhisattva.”

            ( Dalai Lama, O Ensinamento do Dalai. Corroios: Ed. Zéfiro, 2007, p.123)


O Budismo nasceu e desenvolveu-se na Índia, dois séculos depois da morte de Buda e, sobretudo, sob o reinado de Ashoka (273-232 a.c.), em reacção contra o bramanismo, a religião tradicional.

No século VII da nossa era o Budismo quase que desaparece na Índia, terminando a sua caminhada paralela com o Bramanismo ou Hinduísmo, ao mesmo tempo que se vai expandindo por toda a Ásia.

Depois de atingir o despertar Siddartha Gautama, o Buda, foi exortado pelos deuses a transmitir aos outros a sua sabedoria. Os seus primeiros interlocutores foram 5 ascetas errantes, samanas da floresta, seus companheiros de vida nos primeiros tempos que se seguiram ao abandono do palácio real e da companhia dos seus familiares e súbditos. Esse célebre primeiro discurso ficou conhecido pelo “Sermão de Benares” e iniciou um dos três grandes ciclos de ensinamentos budistas que se resumem em:

- Hinayana, também designado por Theravada, ou pequeno veículo, conservou os traços do Budismo primitivo, sem grande refinamento especulativo, e chegou sobretudo ao Ceilão, à Birmânia e ao Camboja.

- Mahayana, ou grande veículo, que se estabeleceu no Centro e Norte da Ásia, na China, no Tibete, no Japão, na Coreia. Mais especulativo, mais diversificado em múltiplas escolas, inventor de entidades novas, este segundo ciclo de ensinamentos constitui uma ruptura com o Budismo primitivo e tem o seu auge no séc. II da era comum, com Nagarjuna.

- Vajrayana, ou veículo do diamante, integrou o tantrismo e pratica fielmente os rituais que o caracterizam.

Atente-se que quando falamos em Buda, a palavra mais que uma pessoa designa um estado de consciência. Etimologicamente, a palavra Buda significa:
Bu (realizado) - purificação de todos os obscurecimentos, conceptuais e emocionais;
Da (liberto), - libertação ao nível cognitivo e afectivo, depois de ultrapassados os obscurecimentos. Omnisciência absoluta e relativa, quer dizer, vê a realidade como ela é, a verdadeira natureza das coisas, tal como as limitações das mentes não libertas.


Luís Santos


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